A família de Luís Vicente está presente, mais uma vez, na lista dos maiores patrimónios nacionais. Segundos as contas da Forbes Portugal – calculadas apenas sobre os resultados públicos das empresas que lhe são atribuídas – no final de 2024, o empresário detinha uma parcela de 314 milhões de euros em negócios distribuídos por Portugal e por Angola. Apesar seu património ter aumentado, desceu nove posições no ranking dos 50 mais ricos, estando agora na 49ª posição, porque outras fortunas ganharam espaço no panorama nacional, tendo ascendido a esta shortlist. Recorde-se que apesar de publicar apenas o top dos 50, a Forbes Portugal avalia cerca de 100 empresários que vão subindo ou descendo ao sabor da flutuação das suas ações ou dos resultados operacionais dos seus negócios.
Bastante discreto, Luís Vicente não dá muitas entrevistas à comunicação social. Pouco se sabe sobre a sua vida pessoal ou profissional. Mas os negócios que já conquistou falam por si. É atualmente dono do Grupo Luís Vicente, construído em torno de uma atividade core, a produção e comércio de frutas, área que consolida no NuviGroup, holding que já acumula várias outras atividades, sobretudo em Angola. Este grupo está distribuído por oito unidades de negócio, com mais de 30 marcas distintas e tem mais de cinco mil colaboradores, em oito unidades de negócios, distribuídas por 15 países.
A família de Luís Vicente está presente na lista de 2024 dos 50 milionários nacionais, ocupando a 49ª posição do ranking, com uma fortuna avaliada em cerca de 314 milhões de euros.
Embora tenha feito crescer o negócio familiar, o empresário Luís Vicente não partiu do zero. Foi o seu pai, também Luís Vicente, que se lançou na produção e comércio de pera rocha, a reconhecida fruta nascida no Oeste, na década de 60, chegando a ter um posto de venda no mercado do Rego em Lisboa. Foi já na década de 70, no ano da Revolução dos Cravos, que inaugurou o primeiro armazém na Freixofeira, em Torres Vedras, expandindo-se para os Açores 10 anos mais tarde.
O negócio continuou em crescimento até que a liderança foi passada à geração seguinte, já que Luís Vicente acompanhou, desde cedo, as lides do pai. Com mais duas irmãs, acabou por ir comprando as suas participações e hoje detém a larga maioria do capital. Já pela mão do filho, foi constituída, em 1997, a Globalfrut, uma organização de produtores, que conta atualmente com mais de 60 associados e que comercializa pera rocha, maçã royal gala, nectarinas e ameixas. No ano seguinte foi constituída uma central fruteira, no Sobral da Lourinhã, ao mesmo tempo que arranca a produção em Ferreira do Alentejo, com a constituição da Sunfruit.
A década seguinte, já no novo milénio, foi de grande crescimento, com vários projetos a acelerar: nasceu, em 2006, a Nuvifruits, unidade industrial para a fruta desidratada, com a marca Frubis, e a marca Plump, para as frutas tropicais, dando-se a internacionalização da produção. Surgiu assim a Plump Brasil, a Plump Costa Rica, a Plump Espanha e a Plump Fruits BV, nos Países Baixos. Em 2010 surgiu a Plump Angola e dois anos arranca a produção e legumes em Angola, através da Nuviagro. Em 2018 foi adquirida a Abrunhoeste, na Abrunheira, Ramalhal, que permitiu aumentar a capacidade de embalamento e conservação da Globalfruit.
A força da indústria de bebidas em Angola
As ligações da família Vicente a Angola remontam aos anos 90, mas foi em 2005 que o empresário luso investiu numa parceria local para criar a Refriango, uma das maiores indústrias de bebidas daquele território. A Refriango produz sumos, águas e cervejas, num total de 15 marcas, como o refrigerante Blue, os sumos Nutry, a cerveja Tigra, a água Pura, a Coca Cola, a Sprite, a Fanta, entre muitas outras. A empresa tem uma capacidade de produção de 1,9 mil milhões de litros ao ano e detém 24 linhas de enchimento que correspondem a mais de 150 produtos. A Refriango é um dos maiores investimentos nacionais em Angola, tendo já investido mais de 600 milhões de euros naquele país e criado cerca de 7 mil postos de trabalho.
A Refriango é uma das maiores indústrias de Angola e produz sumos, águas e cervejas, num total de 15 marcas, como o refrigerante Blue, os sumos Nutry, a cerveja Tigra, a Coca Cola, a Sprite, a Fanta, entre muitas outras.
Porém, o Nuvigroup detém ainda outros investimentos naquele território, como a rede Mega Cash&Carry, que opera a partir de Luanda desde 2010, insígnia da qual saiu a rede de retalho alimentar Bem Me Quer, que já tem mais de 300 lojas franchisadas. Na área do mobiliário, o empresário investiu ainda na criação das lojas Kinda Home, em 2013, negócio que começou em Angola e que chegou a Portugal em 2018, com quatro lojas, que, entretanto, fecharam.
A revista Forbes Portugal lançou a lista dos 50 milionários nacionais na edição impressa de dezembro/janeiro. Conheça também aqui a análise feita às maiores fortunas nacionais, a metodologia aplicada nas avaliações e também o top 10 das maiores fortunas nacionais.