Paulo Fernandes é, a par com Ana Menéres de Mendonça e João Borges Oliveira, um dos três milionários nacionais acionistas das empresas cotadas Altri, Ramada e da Cofina (agora em dissolução) presentes na lista dos mais ricos. Embora existam mais três nomes do núcleo duro destas três empresas – Pedro Borges de Oliveira, irmão de João, e Domingos Vieira de Matos -, que controlam em conjunto a maioria do seu capital, estes dois empresários ficaram fora da shortlist dos 50 mais ricos da Forbes Portugal, embora muito perto deste último protagonista.
O empresário Paulo Jorge dos Santos Fernandes está assim colocado na 50ª posição da lista nacional com uma fortuna que ascende a 310 milhões de euros, segundo a nossa análise, realizada tendo em conta o valor de mercado das empresas a 2 de dezembro de 2024.
Nascido em Águeda, em 1958, o empresário, licenciado em Engenharia Eletrotécnica e com um MBA, realizado na Universidade de Lisboa, é vice-presidente não executivo da Altri, é ainda chairman da Cofina, administrador da Ramada e CEO da Actium Capital Investimentos, a sua holding pessoal. Esteve na origem da fundação da Cofina, que partilhou com o empresário Pedro Macedo Pinto de Mendonça, falecido em 2015, aos 80 anos e pai de Ana Menéres de Mendonça, e com João Borges Oliveira.
O empresário Paulo Fernandes, dono da Altri, Ramada e Cofina, está presente na lista de 2024 dos 50 milionários nacionais, ocupando a 50ª posição do ranking, com uma fortuna de 310 milhões de euros.
A Actum Capital consolidava, no ano passado, cerca de 13,6% da Altri SGPS, 15,6% da Ramada Investimentos e Indústria e ainda 13,85% da Cofina SGPS, esta agora em processo de dissolução. Paulo Fernandes é o terceiro maior acionista da Altri, depois de Ana Menéres de Mendonça e João Borges Oliveira. Esta empresa cotada, que tem um valor de mercado de cerca de 1,24 mil milhões de euros, é o maior ativo da carteira do empresário nacional, mais conhecido publicamente por ser a cara da extinta Cofina Media.
A Altri nasceu em 2005, no seguimento de um processo de reestruturação do Grupo Cofina, em que os ativos industriais se separaram dos da comunicação social. Nesse ano a Altri comprou 95% da Celtejo, uma empresa de celulose, e em 2006 juntou-lhe a também papeleira Celbi, que comprou por cerca de 430 milhões de euros à Stora Enso.
A Ramada Investimentos e Indústria é uma empresa nacional, cotada na Euronext, que já acumula uma capitalização bolsista de cerca de 182 milhões de euros, reunindo empresas como a Ramada Aços, a Ramada Solar e a Blau Stah. A empresa anunciou receitas de 141 milhões de euros em 2023.
A Altri SGPS foi ainda a impulsionadora da criação da Greenvolt, em 2021, para as energias renováveis, especificamente para o solar e eólico, empresa que foi separada através de um processo de spin off e comprada recentemente pelo fundo norte americano KKR. A separação da Greenvolt do grupo Altri terá sido incentivada pelo empresário, uma vez que este cedo se apercebeu que este ativo estava a ser bastante valorizado pelos investidores. Esta solução revelou-se certeira.
O desinvestimento na comunicação social
Por outro lado, o núcleo duro dos cinco acionistas acima referidos optou por desinvestir no negócio da comunicação social. Embora este não fosse o ativo mais rentável, era, de certo, o mais mediático. O grupo Cofina era dono da Cofina Media, que detinha os títulos Correio da Manhã, CMTV, Jornal de Negócios, Sábado, entre outros, e vendeu os mesmos a um grupo de quadros da empresa, através de um processo de MBO, e ainda a acionistas, entre os quais o jogador português Cristiano Ronaldo, que detém 30% da nova empresa, a Expressão Livre. O gestor manteve uma participação de 10% da Expressão Livre, dona da Medialivre, a empresa que explora as marcas de media. Sabe-se que o valor da transação terá sido de 56,8 milhões de euros.
É através da holding Actum Capital que o empresário detém cerca de 13,6% da Altri SGPS, 15,6% da Ramada Investimentos e Indústria e ainda 13,85% da Cofina SGPS, esta última em processo de dissolução.
Ficou então decidido que a Cofina SGPS deixaria de negociar em bolsa, o que aconteceu no passado mês fevereiro, na sequência do processo de dissolução da companhia, uma vez que a sociedade enfrenta a inexistência de novos investimentos suficientemente atrativos para mantê-la ativa. O dinheiro em caixa, de cerca de 2 milhões de euros, será repartido pelos acionistas.
A revista Forbes Portugal lançou a sua lista na edição de dezembro/janeiro, agora em banca. Conheça também aqui a análise feita às maiores fortunas nacionais, a metodologia aplicada nas avaliações e também o top 10 das maiores fortunas nacionais.