Vestuário fruto do trabalho forçado da minoria muçulmana uigur na China continua a entrar na União Europeia (UE) sem restrições, segundo um relatório encomendado pelo Grupo Socialista no Parlamento Europeu.
O trabalho forçado de uigures na China continua, incluindo em empresas chinesas que vendem parte da sua produção têxtil a grandes marcas europeias, de acordo com o mesmo documento elaborado por investigadores do Laboratório para o Estudo do Trabalho Forçado da Universidade de Sheffield Hallam, no Reino Unido, com a colaboração de organizações não-governamentais que defendem os direitos dos uigures.
“Um volume substancial de vestuário com a marca do trabalho forçado dos uigures entra na UE sem quaisquer restrições”, sublinha-se.
O relatório foi encomendado pelo eurodeputado francês de esquerda Raphael Glucksmann, em nome do Grupo Socialista no Parlamento Europeu.
No relatório estabelece-se que cerca de 39 marcas de vestuário bem conhecidas apresentam um “risco elevado” de se abastecerem de vestuário fabricado por uigures forçados a trabalhar.
Os investigadores identificaram pelo menos quatro fabricantes de têxteis chineses que utilizam trabalho forçado.
As marcas Zara, Oysho, Pull & Bear e Massimo Dutti do grupo espanhol Inditex, número um mundial em vestuário, mas também marcas premium como Burberry, Calvin Klein Europe, Prada, Ralph Lauren, Hugo Boss e Max Mara, bem como Guess, Helly Hansen, H&M, Levi’s, Mango, Marks and Spencer, Next, Primark e as marcas desportivas Adidas, Decathlon, Nike ou Puma.

Há mais de uma década que as autoridades chinesas impõem medidas restritivas em Xinjiang (noroeste da China) em nome do antiterrorismo, na sequência de uma série de atentados sangrentos atribuídos pelas autoridades a uigures.
Estas medidas, que incluem trabalhos forçados e campos de reeducação, foram intensificadas em 2017 neste vasto território que faz fronteira com a Ásia Central.
Raphael Glucksmann alertou para a repressão contra os uigures já em 2019, o que lhe valeu sanções das autoridades chinesas em 2021.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que é esperada em Pequim quinta-feira para uma cimeira UE-China, disse na terça-feira que iria discutir estas sanções com os homólogos chineses.
A responsável deverá encontrar-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, na quinta-feira de manhã.
com Lusa