O que ver em Londres e Paris, em 2024: exposições imperdíveis

No cenário cosmopolita de Londres e Paris, os amantes da arte são agraciados com uma riqueza imensa (talvez até incomparável) de exposições que transcendem fronteiras e elevam as nossas experiências a novos patamares. Desde os mestres consagrados aos artistas emergentes, estas duas capitais abrigam um panorama diversificado e dinâmico de expressões criativas contemporâneas e históricas.…
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A FORBES selecionou algumas exposições a não perder, tanto em Londres como em Paris, em 2024. De Monet à Barbie e de Matisse a Yves Saint Laurent, estas são apenas algumas das exibições nas capitais.
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No cenário cosmopolita de Londres e Paris, os amantes da arte são agraciados com uma riqueza imensa (talvez até incomparável) de exposições que transcendem fronteiras e elevam as nossas experiências a novos patamares. Desde os mestres consagrados aos artistas emergentes, estas duas capitais abrigam um panorama diversificado e dinâmico de expressões criativas contemporâneas e históricas.

A FORBES selecionou algumas das exposições a não perder, em 2024, tanto em Londres como em Paris. Embarque connosco numa viagem aos corredores de algumas das galerias mais prestigiadas do mundo.

Londres: Um Portal para a Diversidade Artística

  1. Monet and London: Views of the Thames
CLAUDE MONET, HOUSES OF PARLIAMENT, SUNSET (LE PARLEMENT, COUCHER DE SOLEIL). 1900-1903. Imagem: Denise Coates Exhibition Galleries

Mundialmente reconhecido como o mais célebre entre os pintores impressionistas, o francês Claude Monet (1840-1926) esconde alguns mistérios pouco explorados. Entre eles, o facto de que algumas das suas obras impressionistas não terem sido pintadas em solo francês, mas sim nas margens do rio Tâmisa, em Londres. Foi lá que Monet imortalizou vistas extraordinárias do rio, imersas numa atmosfera misteriosa, luz enigmática e cores radiantes. As obras foram pintadas entre 1899 e 1901, durante três estadias de Monet na capital britânica.

A primeira vez que foram relevadas ao mundo foi numa exposição em Paris, em 1904. Monet sempre quis exibi-las em Londres, mas os seus planos falharam, e, até hoje, nunca tinham sido o foco de uma exposição no Reino Unido.

O que torna esta nova exposição (ainda mais) imperdível é o facto de ter sido o próprio Monet, em 1905, a escolher o conjuto de pinturas que vão agora estar em mostra. Monet já as tinha selecionado, há mais de um século, caso um dia tivesse a oportunidade de as exibir ao público londrino. O artista terá escolhido as obras que considerava as melhores representantes do seu talento artístico.

🗓️ 27 de setembro de 2024 – 19 de janeiro de 2025
📍 The Courtauld Gallery, Denise Coates Exhibition Galleries | The Courtauld, Strand, Londres, WC2R 0RN

2. NAOMI

Naomi Campbell é o tema da antecipada exposição do V&A, em Londres. Fotografia: V&A.

Para celebrar a carreira icônica de Naomi Campbell, que já conta com mais de 40 anos na indústria, vai abrir ao público uma exposição que desvenda a extraordinária trajetória da modelo. Com mais de 100 looks de alta costura em mostra, e com uma instalação de fotografias curada pelo ex-editor da British Vogue, podemos mergulhar profundamente nos desfiles internacionais, nas campanhas publicitárias, e nas sessões fotográficas editoriais de Naomi. A exposição conta, também, com vários arquivos de designers mundialmente reconhecidos, detalhes sobre o ativismo de Campbell, e exemplos do impacto cultural de alcance imensurável da modelo.

🗓️ Abre portas a 22 de junho de 2024
📍 V&A South Kensington | Cromwell Road, Londres, SW7 2RL

3. Van Gogh: Poets and Lovers

Entrance to the Public Garden in Arles (1888) de Van Gogh. Imagem: The National Gallery.

A National Gallery, em Londres, vai apresentar como exposição de outono de 2024, a sua primeira mostra “retrospectiva” dedicada ao mundialmente aclamado pintor holandês, Vincent Van Gogh. A exposição é das mais antecipadas na capital britânica, porque vão ser exibidas mais de 50 obras provenientes de diversas partes do mundo, incluindo Starry Night Over the Rhône (1888, no Musée d’Orsay) e The Yellow House (1888, Museu Van Gogh). Agregam-se a estas outras pinturas e desenhos raros que pertencem a coleções privadas.

Lembre-se que, há um século atrás, a National Gallery já tinha adquirido outros três dos mais importantes trabalhos de Van Gogh: Sunflowers (1888), Van Gogh’s Chair (1889), e Wheat Field with Cypresses (1889). Estas pinturas também vão estar em destaque nesta exposição, até por pertencerem à coleção do museu.

🗓️ 14 de setembro de 2024 – 19 de janeiro de 2025
📍 National Gallery | Trafalgar Square, Londres, WC2N 5DN

4. ZANELE MUHOLI

Zanele Muholi Ntozakhe II, Parktown 2016. Imagem: TATE MODERN.

Esta primavera, o Tate Modern vai apresentar as obras de Zanele Muholi – uma das fotógrafas mais reconhecidas da atualidade. Com uma coleção que conta com 260 fotografias fascinantes que abrangem toda sua carreira até o momento, Muholi revela um panorama vívido e impactante das comunidades negras lésbicas, gays, trans, queer e intersexuais da África do Sul.

Desde do início dos anos 2000 que Muholi se tem destacado por ser uma voz poderosa que documenta e celebra as vidas muitas vezes negligenciadas e marginalizadas, através da sua arte.

Entre as suas obras é de salientar a série Only Half the Picture, onde Muholi captura imagens intensas que ecoam eventos traumáticos que refletem a persistente violência e preconceito enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ sul-africana, mesmo após a promulgação da constituição de 1996.

Já uma das suas outras séries, Faces and Phases, visa desafiar o público através de um conjuto de retratos em exibição. Os participantes são convidados a encarar diretamente uma câmera, e desafiados a manter o olhar nesta, enquanto ouvem testemunhos de pessoas que arriscam a sua segurança ao viver freely perante a discriminação.

🗓️ 6 de junho de 2024 – 26 de janeiro 2025
📍 Tate Moden | Bankside, Londres, SE1 9TG

5. Barbie®: The Exhibition

Day to Night Barbie (1985). O mistério é mantido pelo Design Museum, em Londres, que apenas publicou uma fotografia (esta) quanto à exposição que aí vem. Imagem: Design Museum

Verdade seja dita, a paixão pela Barbie continua firme! Mais não seja pelos últimos meses de Barbiemania a que temos assistido – ou pelo nosso papel na mesma. Agora, e em consonância com o 65º aniversário da Barbie, o Design Museum, em Londres, mapeará o legado icônico da boneca mais famosa do mundo.

A história e a evolução da Barbie vai-nos ser narrada: não apenas através da moda ou das roupas que as bonecas usam, mas também através da arquitetura, mobiliário e até mesmo do design de veículos.

Os visitantes vão poder contemplar dezenas de itens raros e únicos, nunca antes expostos, visto que o museu, em parceria com a Mattel Inc, foi autorizado a ter acesso especial aos extensos arquivos da Barbie na Califórnia.

🗓️ 5 de julho de 2024 – 23 de fevereiro de 2025
📍 Design Museum | 224-238 Kensington High St, Londres, W8 6AG

6. Frameless London: Uma Experiência Interativa Memorável

Frameless, em Londres. Uma exposição interativa em Marble Arch. Imagem: Frameless.

Frameless London é considerada das exposições interativas mais cativantes, em Londres. Situada na própria Frameless Immersive Art Experience, em Marble Arch, os visitantes são “imersos” nas mais conhecidas obras do mundo – do Surrealismo ao Abstracionismo.

Os designers do espaço colocaram sensores de movimentos em vários cantos das salas, o que permite uma interação memorável com a arte que têm em mostra à medida que as pinturas se mexem pela sala. Alguns dos pisos são espelhados e refletem partes e cores das obras, o que contribui para a sensação de movimento das peças. Parece que fazemos parte das mesmas.

Existem várias salas, todas temáticas, com interpretações únicas dos trabalhos de Kandinsky, Monet, Rembrandt, e muito mais.

🗓️ Aberto agora, sem previsão de fecho
📍 Frameless Immersive Art Experience | Marble Arch 6, Londres, W1H 7AP

Paris: O Berço da Vanguarda e da Elegância Artística

  1. Mark Rothko
Exposição de Mark Rothko, na Fundação Louis Vuitton, em Paris.

A Fundação Louis Vuitton, em Paris, está a exibir o trabalho do artista Mark Rothko (1903-1970), no que é a primeira exposição retrospectiva dedicada ao mesmo, em França, desde a célebre mostra realizada no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, em 1999.

A exposição conta com cerca de 115 obras de Rothko provenientes das mais conhecidas coleções institucionais internacionais, como a National Gallery of Art e a Phillips Collection, ambas em Washington D.C., e o Tate Museum, em Londres. Conta, também, com pinturas emprestadas de grandes coleções privadas internacionais, incluído a coleção da família do próprio artista.

Organizada por ordem cronológica nos espaços da Fundação, a exposição traça o percurso fascinante da carreira de Mark Rothko – dos primeiros passos que deu em pintura figurativa, às impressionantes obras abstratas pelas quais é hoje é reverenciado.

🗓️ 18 de Outubro de 2023 – 2 de Abril de 2024
📍 Fundação Louis Vuitton | 8 Av. du Mahatma Gandhi, 75116, Paris

2. Frida Kahlo ¡Viva La Vida!

A exposição interativa e imersiva, Frida Kahlo ¡Viva La Vida!, em Paris. Imagem: FRIDA KAHLO¡VIVA LA VIDA!

Uma das exposições mais aguardadas de 2024 é, sem dúvida, a que é dedicada à artista Frida Kahlo, no Grand Palais Immersif, em Paris.

Depois das obras terem sido exibidas com enorme sucesso no Palais Galliera, em 2023, Frida Kahlo volta a ser uma das protagonistas da cena cultural parisiense este ano. Esta nova exposição imersiva, que já passou por quatro países, homenageia Frida tanto no seu papel de grande mulher, como no de grande artista.

O centro de arte onde será a mostra, no Grand Palais Immersif, convida os visitantes a entrarem num mundo totalmente envolvente e com um impacto sensorial poderoso, através de multimédia.

Com enormes projeções de vídeo em 360º, luzes, uma trilha sonora original, e vários efeitos sonoros, Frida Kahlo e os seus trabalhos são apresentados de forma dinâmica e única.

🗓️ 18 de setembro de 2024 – 2 de março de 2025
📍 Grand Palais Immersif | 110 Rue de Lyon, 75012, Paris

3. Matisse, L’Atelier Rouge

Henri Matisse, L’Atelier rouge (1911). Imagem: New York Museum of Modern Art.

L’Atelier Rouge é mais do que uma mera exposição de arte: é a porta de entrada para o mundo intímo do mestre do Fauvismo, Henri Matisse (1869-1954). Reverenciado, ao lado de Picasso e Marcel Duchamp, como um dos três artistas seminais do século XX, o legado de Matisse é considerado fundamental para a evolução que houve na pintura e na escultura.

Desde cedo rotulado fauvista – por usar cores puras, sem as misturar com outras -, nos anos 20 começou a ser cada vez mais aclamado como um defensor da tradição clássica na pintura francesa.

A Fundação Louis Vuitton, em Paris, prepara-se para apresentar a exposição de Matisse, L’Atelier Rouge, que mapeará a génese e a história da famosa pintura do artista, de 1911. As obras nela retratadas, como se podem ver acima desenhadas pelo Matisse dentro da própria pintura, vão, também estar em exibição. Isto inclui Le Jeune Marin (que foi redescoberta 75 anos depois de ter saído do estúdio de Matisse em Issy-les-Moulineaux, perto de Paris), La Fenêtre Bleue, e Grand Intérieur Rouge, que se fazem acompanhadas de documentos de arquivo.

Porque a inauguração vai coincidir com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, a Fundação Louis Vuitton vai, em simultâneo, apresentar uma seleção das obras que a instituição tem na sua coleção temática de desportos. Por exemplo, os Anéis Olímpicos (1985), fruto da colaboração entre Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol.

🗓️ 7 de maio de 2024 – 9 de setembro de 2024
📍 Fundação Louis Vuitton | 8 Av. du Mahatma Gandhi, 75116, Paris

4. Yves Saint Laurent: Transparences, Le Pouvoir des Matières

A nova exposição, em português “Transparência(s): A Elegância dos Materiais”, inaugurou recentemente no Museu Yves Saint-Laurent, em Paris.

Moderna, poderosa, e livre: são estes os adjetivos que mais adequadamente descrevem a imagem da mulher que Yves Saint Laurent transmitia ao mundo através dos materiais transparentes que habilmente usava nas suas peças. Com a incorporação de renda, tule e outros tecidos translúcidos nas suas criações, YSL ecoou uma narrativa contemporânea e marcante da expressão feminina que revolucionou a indústria.

Este ano, a antiga fashion house (ou, maison de couture) do designer francês é o palco da muito antecipada exposição de Saint Laurent. No espaço, que foi convertido num museu em 2017, estão a ser apresentadas mais de 40 das suas criações, incluindo a primeira blusa sheer de YSL e o seu famoso vestido preto adornado com penas de avestruz.

Lembre-se que, em 1966, marcava-se o início da ‘revolução sexual’ de 1968. Muito gradualmente, o corpo da mulher começou a ser ‘desvendado’ no mundo da moda. Aliás, dois anos antes, em 1964, o estilista de moda austríaco, Rudi Gernreish, inventou o monokini – o primeiro fato de banho feminino topless, composto apenas por uma parte de baixo de cintura alta, sustentada por duas alças fininhas que intencionalmente deixavam o peito exposto. Em 1966, Yves Saint Laurent também fez história, ao criar a blusa transparente (anteriormente mencionada), feita de cigaline. Nasceu assim o visual nude. Já o vestido preto, também previamente referido, foi desenhado em 1968. É considerado dos exemplos mais emblemáticos do movimento por ser feito de chiffon completamente transparente, com um “cinto” das tais penas. Nas palavras do próprio YSL, “nada é mais bonito que um corpo nu”.

Os visitantes têm a oportunidade de decifrar a linguagem poética e inovadora do mestre da moda através de esboços, padrões de costura, fotografias, e desenhos que YSL criára inspirado nas pinturas de Goya. Além disso, está em mostra uma coleção surpreendente de chapéus, joias e sapatos, que enaltecem o legado eterno de Saint Laurent.

🗓️ 9 de fevereiro de 2024 – 25 de agosto de 2024
📍 Musée Yves Saint Laurent | 5 Av. Marceau, 75116, Paris

5. Paris 1874: Inventer L’Impressionnisme

A exposição, em português “Paris 1874: A inventar o Impressionismo”, vai inaugurar no Musée d’Orsay, em Paris, este ano. Imagem: Musée d’Orsay.

No início da década de 1870, mal recuperada da Guerra Franco-Prussiana que abalou o país, França enfrentava uma maré de conflitos e incertezas. Da crise nacional do regime de Bonaparte, e da ascensão da ideologia e do desenvolvimento político de ideais socialistas entre o proletariado europeu, à eclosão de uma das mais importantes insurreições populares do século XIX: a Comuna de Paris.

Em resposta a estes confrontos (muito sangrentos entre cidadãos), os artistas decidiram “romper” as normas do passado e criar um estilo mais adequado a um mundo em constante mudança.

É a 15 de abril de 1874, no acolhedor estúdio do fotógrafo, caricaturista e jornalista francês, Félix Nadar (o pseudônimo de um dos mais famosos fotógrafos do século XIX), que os líderes do que viria a ser dos movimentos mais influentes da Europa se reuniram: Monet, Degas, Pissarro, Renoir, Cézanne e Morisot. Foi nesse mesmo ano que este “clã de rebeldes”, que já não sentia fazer parte do academicismo da altura, criou um novo movimento artístico: o Impressionismo. Ainda em 1874, foi inaugurada a primeira exposição impressionista, em Paris.

Este ano, o Musée d’Orsay regressa a esse momento da história, e aos seus grandes mestres, para contar e explicar o então período de evolução e inovação da história. Com 130 obras em mostra, a exposição do d’Orsay coloca as pinturas impressionistas – profundamente afastadas do realismo da época – em perspectiva, restaurando o choque visual do movimento revolucionário.

🗓️ 26 de março de 2024 – 14 de julho de 2024
📍 Musée d’Orsay | Esplanade Valéry Giscard d’Estaing, 75007, Paris

6. Le monde comme il va

Pelican (Stag), 2003, de Peter Doig. Imagem: Pinault Collection na Bourse de Commerce.

Esta primavera, um conjunto de obras icónicas da Pinault Collection vão ser exibidas na Bourse de Commerce, em Paris. A exposição vai apresentar obras produzidas entre 1980 e hoje em dia, destacando a paixão e compromisso de François Pinault com a arte contemporânea.

Le monde comme il va (que pode ser traduzido para ‘o mundo como ele vai’ ou, talvez melhor, ‘o mundo conforme está’), alude ao tumulto e à turbulência dos eventos atuais, aos períodos de indecisão e movimentos da história coletiva.

O nome da exposição, inspirado num conto filosófico de Voltaire (em que um anjo envia um emissário à Terra para melhor observar o comportamento de um povo que o deuses têm dúvidas merece sobreviver, ou ser destruído para que floresça uma nova e melhorada civilização), visa fazer com que o público pense nas escolhas que tem: o da humanidade agir para transformar o futuro, ou abster-se e deixar “o mundo seguir como está”. Por outras palavras, é-nos, individualmente, atribuída a responsabilidade do nosso próprio destino. Tanto no texto de Voltaire, como nesta exposição.

Em exibição vão estar várias obras cuidadosamente selecionadas como testemunho de alguns momentos de incerteza, que, simultaneamente, servem para envolver os visitantes no movimento contínuo desta esfera sobre a qual escrevemos a nossa história coletiva.

🗓️ 20 de março de 2024 – 2 de setembro de 2024
📍 Bourse de Commerce – Pinault Collection | 2 Rue de Viarmes, 75001, Paris

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