A luta em torno dos desportos femininos – e de quem pode competir neles – ressurgiu na Internet na passada quinta-feira, depois de a pugilista italiana Angela Carini ter desistido do seu combate olímpico contra a argelina Imane Khelif, que já tinha sido desqualificada do Campeonato Mundial de Boxe do ano passado, depois de a Associação Internacional de Boxe ter considerado que ela não tinha passado num teste de elegibilidade em função do género.
Carini retirou-se do combate depois de ter levado um murro no nariz, dizendo aos jornalistas que nunca tinha sentido um murro como um dos golpes que recebeu de Khelif, que foi autorizada a participar nos Jogos Olímpicos deste ano.
Khelif foi desqualificada dos campeonatos depois de não ter cumprido os requisitos de elegibilidade para a competição feminina, disse a IBA em comunicado, observando que ela não foi submetida a um exame de testosterona e, em vez disso, foi submetida a um teste separado que descobriu que ela tinha vantagens competitivas em relação a outras atletas.
O Comité Olímpico Internacional defendeu a inclusão de Khelif, afirmando, numa declaração que não mencionava explicitamente o nome do pugilista, que “dois atletas foram vítimas de uma decisão súbita e arbitrária da IBA”, referindo-se provavelmente a Khelif e à sua colega pugilista Lin Yu-ting de Taiwan.
Carini, que chorou após a luta, disse que não iria julgar a questão da elegibilidade da sua oponente, segundo a Associated Press, acrescentando que não lhe cabe a ela decidir se Khelif deve ou não lutar.
O resultado do jogo e o passado de Khelif provocaram críticas contra a pugilista, incluindo o escrutínio da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que disse que “os atletas que têm características genéticas masculinas não devem ser admitidos em competições femininas”, de acordo com a Sky News, observando que a proibição deve ser feita não para discriminar, “mas para proteger o direito das atletas de poderem competir em igualdade de condições”.
Khelif vai defrontar na próxima ronda a húngara Anna Luca Hamori, que disse à Associated Press que não se importa com a polémica nas redes sociais sobre a presença de Khelif nos Jogos Olímpicos, acrescentando: “Se ela ou ele for um homem, será uma vitória maior para mim se eu ganhar”.
O jogador de futebol da equipa nacional argelina Ismaël Bennacer expressou o seu apoio a Khelif num tweet, dizendo que ela está “a sofrer uma onda de ódio injustificado” e que a sua “presença nos Jogos Olímpicos é simplesmente o resultado do seu talento e trabalho árduo”.
(Com Forbes Internacional/Antonio Pequeño IV)