Lewis Hamilton (piloto da Mercedes-AMG Petronas F1 Team) teve uma prestação modesta no GP de São Paulo em Fórmula 1, disputado neste último fim-de-semana (largou no 15º lugar e terminou a prova brasileira no 10º lugar), mas o circuito de Interlagos ficou marcado por um momento épico, esse sim, digno de ser eternizado, já que o piloto britânico sete vezes campeão mundial de Fórmula 1 (em 2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020) conduziu o histórico McLaren-Honda, vermelho e branco, com o número 27, de Ayrton Senna.
Goosebumps. 💛💚💙
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Lewis Hamilton in the car Senna won his 1990 World Championship – just incredible! #F1 #BrazilGP pic.twitter.com/ogpb2mVjWt
O MP4/5B de Senna foi o monolugar no qual o brasileiro conquistou o seu segundo de três títulos na Fórmula 1, em 1990, numa época marcada por uma acesa rivalidade com o francês Alain Prost, que, nesse ano, se tinha transferido da McLaren para a Ferrari.

A homenagem estava prevista para sábado, mas devido à chuva foi alterada para domingo. Ainda assim, aconteceu debaixo de chuva (e até nisso, este momento foi especial, pois Senna era um especialista a pilotar a chuva).

Hamilton, um fã assumido de Senna e cujo capacete era inspirado no de Senna, esteve ao volante do McLaren MP4/5B, fazendo algumas voltas à pista para emoção do público.
A irmã do tricampeão mundial de Fórmula 1 e presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, esteve presente em Interlagos para acompanhar a homenagem. Viviane, também ela emocionada, posou ao lado de Hamilton e levou o capacete autêntico do lendário piloto brasileiro para Hamilton ver e tocar.

Naquilo que foi uma homenagem à memória do brasileiro tricampeão (títulos em 1988, 1990 e 1991), falecido há 30 anos (num acidente em 1 de maio de 1994, em Imola, Itália), foi possível ver vários espectadores a chorar.

Hamilton foi acenando para o público e, a certa altura, conduziu com uma mão no volante e a outra a segurar uma bandeira brasileira que lhe foi entregue por um comissário de pista.
A ginasta Rebeca Andrade deu a bandeirada simbólica para o heptacampeão inglês.
No final, após sair do monolugar, mas ainda na pista, Hamilton afirmou, em entrevista, que Ayrton é o “melhor de todos” e que reviveu os tempos de criança durante a homenagem: “É muito emocionante. Estou a revisitar a minha infância a ver o Ayrton, vendo-o a pilotar, a vencer corridas. Não posso acreditar que estou a ter esta oportunidade. Ele é o maior de todos. Fazer isso em frente a estes adeptos que ficaram debaixo de chuva o dia inteiro, é um dia muito especial para mim”.

Hamilton, que em Interlagos vestiu umas calças com a bandeira do Brasil e uma t-shirt que tinha um desenho de Senna com o capacete posto e a frase “Descanse em paz, Ayrton Senna”, também se mostrou honrado com o carinho do público brasileiro e até brincou dizendo que as voltas que deu com o McLaren foram as melhores do fim de semana: “O carinho que recebo aqui tem sido uma surpresa muito grande para mim, estou muito grato por esse carinho. Amo o Brasil, amo as pessoas e sinto-me honrado por ter minha cidadania aqui [em novembro de 2022, Lewis Hamilton recebeu o título de cidadão honorário brasileiro, n.d.r.]. Espero que Senna esteja orgulhoso. Estas foram as minhas melhores voltas no fim de semana inteiro (risos). Não queria parar, até fiz mais duas voltas do que estava previsto. Isto é um carro de corrida, se eu pudesse, correria com esse carro hoje”.
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Em sinal de devoção e respeito, o piloto inglês, que na próxima temporada trocará a Mercedes pela Ferrari, ajoelhou-se, durante uns segundos, ao lado do McLaren MP4/5B que foi de Senna.
“Ganhei o meu primeiro campeonato mundial aqui [no Brasil, no último GP da época, ao terminar a corrida na 5ª posição, o que lhe permitiu ficar com 98 pontos, um ponto de diferença para Felipe Massa que até venceu a corrida de São Paulo], tive a minha melhor corrida aqui; e agora poder estar aqui, sendo cidadão honorário, guiando o carro do meu herói, é quase demasiado para compreender. Parece um sonho. É uma honra enorme e um momento que será para sempre um marco na minha vida. Obrigado, Senna. Obrigado, Brasil”, declarou Hamilton.