chic&basic Portugal: “Vamos investir 20 milhões de euros em três novas unidades em 2025”

A cadeia hoteleira catalã escolheu Portugal para iniciar a internacionalização: Lisboa e Porto são as primeiras com unidades da chic&basic. Em entrevista à Forbes Portugal, o general manager do grupo chic&basic em Portugal, Jorge Oliveira, explica que a entrada no mercado português foi uma escolha estratégica, tendo em conta tanto o potencial de crescimento no…
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A cadeia hoteleira está a apostar em Lisboa e Porto no arranque da expansão. O diretor-geral do grupo chic&basic em Portugal, Jorge Oliveira, garante que o Douro e a Comporta também já estão no radar.
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A cadeia hoteleira catalã escolheu Portugal para iniciar a internacionalização: Lisboa e Porto são as primeiras com unidades da chic&basic. Em entrevista à Forbes Portugal, o general manager do grupo chic&basic em Portugal, Jorge Oliveira, explica que a entrada no mercado português foi uma escolha estratégica, tendo em conta tanto o potencial de crescimento no setor turístico português como as vantagens logísticas e culturais trazidas pela proximidade com Espanha. Jorge Oliveira antecipa que o plano de expansão da marca no mercado português contempla três novas unidades em 2025, o que irá reforçar a presença em dois dos principais destinos turísticos do País, Porto e Lisboa.  Os mercados americano, espanhol, francês e inglês representam a maioria dos hóspedes.

Como está desenhada a estratégia da chic&basic a nível global?

O grupo chic&basic tem como principal foco o crescimento sustentado, onde tem previsto a abertura de três a quatro unidades por ano em localizações premium com conceitos disruptivos. A estratégia passa por criar espaços com uma identidade distinta, onde o design, a modernidade e a simplicidade sejam os principais atrativos, diferenciando-se das redes de hotéis tradicionais e respeitando sempre o ADN da marca. A chic&basic investe em oferecer experiências locais e autênticas que ressoem com o público-alvo, mantendo um equilíbrio entre conforto e estilo.

Quais os argumentos que justificaram a entrada em Portugal?

Portugal tem registado um crescimento significativo no turismo, com cidades como Lisboa e Porto a tornarem-se destinos populares a nível mundial. Esse aumento na procura turística criou uma oportunidade interessante para cadeias de hotéis como a chic&basic. Comparado com outros países europeus, Portugal ainda oferece uma relação custo-benefício atrativa, tanto para turistas quanto para investidores. O ambiente regulatório favorável e os incentivos ao setor turístico reforçam o interesse em estabelecer operações no nosso país. Claro, a proximidade geográfica de Portugal com Espanha é, de facto, um ponto importante para justificar a entrada do chic&basic no mercado português. Sendo uma marca espanhola, essa expansão para o país vizinho oferece diversas vantagens, tais como a proximidade geográfica e cultural, o reconhecimento da marca e, não menos importante, a economia de escala e sinergias operacionais. Assim sendo, a entrada no mercado português foi uma escolha estratégica, considerando tanto o potencial de crescimento no setor turístico como as vantagens logísticas e culturais proporcionadas pela proximidade com Espanha.

Até agora, como se materializa a expansão em Portugal?

A expansão da chic&basic em Portugal tem planos concretos de três novas unidades em 2025, reforçando a nossa presença em dois dos principais destinos turísticos do país, Porto e Lisboa. Este plano estratégico de expansão é um passo significativo para a nossa empresa, aproveitando o crescimento do turismo nestas cidades. O investimento necessário para a abertura dessas três unidades reflete o compromisso que temos em estabelecer uma presença robusta e bem estruturada em Portugal, cujo investimento ronda cerca de 20 milhões de euros, nas três unidades.

Mas a expansão não será apenas em Portugal…

Para além destas aberturas em Portugal, contamos abrir, em Junho do próximo ano, um novo Hotel em Budapeste, com 76 quartos. Existe também em pipeline para 2025 mais uma unidade em Madrid e outra em Sevilha.

Face aos planos de expansão em Portugal, em quanto poderão reforçar o número de colaboradores?

Atualmente, contamos com 40 colaboradores em Portugal, apoiando as operações existentes e garantindo o padrão de atendimento e experiência da marca. Com a abertura dos novos três boutique hotéis em 2025 (dois no Porto e um em Lisboa), o número de colaboradores deverá quase duplicar, aproximando-se dos 80 funcionários. O crescimento para 80 colaboradores permitirá reforçar equipas em áreas operacionais essenciais, como receção, limpeza, manutenção e atendimento ao cliente, e criar um departamento de desenvolvimento tecnológico e de inovação que permita ao grupo estar na vanguarda das mais avançadas soluções na área da hotelaria. Este aumento significativo na equipa permitirá que a chic&basic mantenha a sua qualidade de serviço e se adapte ao crescimento da operação em Portugal, assegurando a continuidade da experiência boutique/ irreverente que caracteriza a marca.

Depois de Lisboa e Porto, quais as regiões portuguesas que estão no radar da chic&basic?

A expansão da chic&basic em Portugal e na Europa segue um plano ambicioso de crescimento, com novas aberturas em regiões estratégicas para reforçar a presença da marca e captar o interesse de turistas em busca de experiências únicas. Após a entrada em Lisboa e Porto, temos projetos previstos para duas regiões turísticas emergentes e de grande procura: o Douro, caracterizado pelo seu cenário vinícola e paisagens deslumbrantes, que atrai um público que valoriza experiências exclusivas, ligadas à natureza e ao enoturismo. E a Comporta, conhecida pelas suas praias intactas e ambiente descontraído. O grupo chic&basic pretende inovar e instalar o seu conceito de autenticidade e irreverência, oferecendo uma opção única para um público que valoriza design e exclusividade. Esses novos projetos no Douro e na Comporta representam um movimento estratégico para captar uma clientela diversificada, que procura desde o turismo de natureza e bem-estar até ao turismo enológico e de luxo.

É possível identificar o perfil de clientes?

O perfil de clientes é diversificado e atrai pessoas de todas as idades, sobretudo devido às localizações premium das unidades e à oferta focada nos elementos que realmente importam numa experiência hoteleira. Esse foco na conveniência, qualidade e localização permite-nos atrair desde jovens a famílias que valorizam tanto o design contemporâneo como a autenticidade dos projetos. Em vez de luxo excessivo, os hóspedes apreciam um ambiente bem concebido que se centra no essencial, como conforto, uma boa localização e um ambiente acolhedor e agradável.

Quais as nacionalidades que já procuram as vossas unidades?

Graças à irreverência da marca, o mercado americano representa uma grande parte dos hóspedes, contudo, e devido à proximidade e à origem da marca espanhola, a chic&basic tem um forte apelo para turistas espanhóis que procuram explorar cidades portuguesas e outros destinos ibéricos com a confiança de escolher uma marca que já conhecem. Os mercados franceses e ingleses têm uma quota muito importante, procurando a irreverência da marca e o seu ADN, que valoriza a autenticidade e o estilo único. Esta combinação de nacionalidades reflete a imagem internacional da chic&basic e a sua capacidade de atrair clientes de diferentes culturas que partilham uma visão semelhante de hotelaria urbana e autêntica.

Face à vasta oferta existente no mercado, como se pode fazer a diferença no setor para continuar a crescer?

Para se destacar num mercado altamente competitivo como o da hotelaria, a chic&basic aposta numa estratégia focada em quatro pilares fundamentais: criação de produtos diferenciadores, compreensão profunda das necessidades dos clientes, foco na qualidade do serviço e na inovação constante. Estes elementos permitem à marca não só atrair novos hóspedes, mas também fidelizar os clientes existentes, mantendo o crescimento sustentado.

Como avalia o setor do turismo e hotelaria em Portugal?

Portugal destaca-se como um destino turístico de excelência, com um setor de turismo e hotelaria em crescimento contínuo. O país atrai milhões de turistas graças à diversidade de atrações culturais, naturais e gastronómicas, e ao reforço da sua infraestrutura. No entanto, enfrenta desafios como a sazonalidade, a necessidade de práticas mais sustentáveis e a escassez de mão-de-obra qualificada. Por outro lado, há grandes oportunidades no turismo sustentável, em mercados emergentes, no turismo de luxo e no desenvolvimento de destinos no interior. Comparando com o grupo chic&basic, que é conhecido por hotéis boutique com conceitos irreverentes e experiências personalizadas, verifica-se uma sinergia com algumas das tendências do turismo em Portugal. Este tipo de abordagem é uma oportunidade no mercado nacional, especialmente em destinos urbanos como Lisboa e Porto, onde há procura por alojamentos que ofereçam mais do que estadias convencionais. Portanto, Portugal apresenta espaço para marcas com identidades fortes e diferenciadas, como nós, que podem aproveitar a procura por experiências personalizadas, design criativo e sustentabilidade, expandindo-se em linha com as tendências e necessidades do turismo nacional.

Referiu a escassez de mão-de-obra como um dos desafios do setor. Quais as soluções que poderiam ser implementadas para ajudar o setor a minimizar esta escassez de recursos humanos?

O capital humano é um dos grandes segredos na área dos serviços. A escassez de mão-de-obra é, sem dúvida, um dos principais desafios que o setor do turismo e hotelaria enfrenta atualmente, tanto em Portugal como a nível global. No nosso grupo, apostamos fortemente nos nossos colaboradores, proporcionando formações contínuas, acompanhamento personalizado, pacotes salariais competitivos e oportunidades de progressão na carreira. Esta abordagem tem-se revelado uma estratégia eficaz para atrair, motivar e reter talentos. Transformar o turismo numa escolha atrativa passa por boas práticas como as nossas, centradas no desenvolvimento humano e na fidelização de equipas.

A aposta nas novas tecnologias também já é uma realidade…

A hotelaria tem vindo a seguir os passos da aviação, embora ainda exista um caminho a percorrer para atingir o mesmo nível de inovação. Inspiramo-nos nas práticas das companhias aéreas e estamos a implementar soluções tecnológicas que proporcionem maior autonomia e conveniência aos nossos hóspedes. Em breve, será possível para os clientes realizarem, de forma prática e autónoma, o check-in, escolherem o seu quarto de acordo com as suas preferências e realizarem pagamentos de todas as despesas, seja do hotel, bar ou restaurante, sem a necessidade de passar pela receção. Esta evolução não só simplifica operações, mas também melhora significativamente a experiência do cliente, oferecendo um serviço mais eficiente, personalizado e moderno. O futuro da hotelaria passa por estas soluções digitais, que não só otimizam os processos internos, mas também colocam os clientes no centro da experiência, permitindo-lhes maior controlo e flexibilidade durante toda a sua estadia. Esta transformação digital é essencial para acompanhar as novas expectativas dos consumidores e garantir a competitividade no setor.

Enquanto gestor, quais as máximas que aplica para gerir equipas?

A seleção e recrutamento de pessoas mudou muito de há uns anos a esta parte, principalmente no conceito de bem-estar que motiva as pessoas. Enquanto gestor, acredito numa gestão que equilibra autonomia e responsabilidade, promovendo um ambiente de confiança e compromisso. Proporciono liberdade para os colaboradores tomarem decisões, mas sempre com objetivos claros e alinhados com o ADN e as orientações da empresa. Valorizo uma comunicação transparente, através de reuniões regulares e feedback contínuo, que alinham as iniciativas individuais com os resultados coletivos. Invisto na capacitação da equipa, oferecendo formações e ferramentas que aumentam a confiança e a preparação para decisões autónomas. Além disso, reconheço os esforços e conquistas, mas também incentivo a responsabilização em casos de falhas, fomentando uma cultura de aprendizagem e crescimento. Este equilíbrio entre liberdade e responsabilidade permite à equipa prosperar, mantendo a motivação alta e os resultados consistentes. Uma boa gestão deve reconhecer todos os desafios que enfrenta, mesmo que ainda não saiba exatamente qual é a solução para os mesmos.

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