O maior túnel rodoviário de autoestrada do mundo está prestes a abrir. Foi construído numa paisagem estilo “Senhor dos Anéis”

A China concluiu esta semana a construção daquele que será o terceiro túnel rodoviário mais longo do mundo e o túnel de autoestrada mais longo do mundo. Situa-se no noroeste de Xinjiang, visando melhorar a ligação entre as partes sul e norte da região.

Quando estiver operacional no próximo ano, o túnel de 22,13 quilómetros de comprimento reduzirá o tempo necessário para atravessar a secção central das Montanhas Tianshan (Tien Shan) de várias horas para cerca de 20 minutos, informou a agência de notícias oficial Xinhua.

O projeto faz parte de um plano para melhorar a autoestrada que liga Urumqi, capital de Xinjiang, ao condado de Yuli, no sul da região. Os dois pontos estão separados pelas montanhas Tianshan, que se estendem ao longo de 2.500 quilómetros e formam uma vasta barreira natural.

As montanhas Tianshan são uma das maiores cadeias montanhosas do mundo, sendo conhecidas como um “museu geológico”, pois contêm várias falhas geológicas, 16 das quais são atravessadas pelo túnel.

Estas montanhas cruzam a China, Cazaquistão, Uzbequistão e Quirguistão. Dois terços dos seus 2.500 km de comprimento ficam em território chinês, sendo que o seu ponto mais alto, conhecido como Pico Vitória, localiza-se a 7.439 metros sobre o nível do mar na fronteira com o Quirguistão.

Relativamente ao túnel, o seu poço de ventilação número 2 atinge uma profundidade de 706 metros, uma medida que é superior à do edifício mais alto da China, a Torre de Xangai.

A televisão estatal CCTV referiu que mais de 3.000 trabalhadores participaram na construção do túnel, “ultrapassando desafios e riscos geológicos extremos” num novo marco na engenharia global de túneis, aspeto em que a China se tem revelado exímia à escala global.

Dos 71 túneis rodoviários mais extensos do mundo, com mais de 10 km (em funcionamento e a serem abertos no próximo ano), encontramos 44 localizados na China. Desta lista de infraestruturas na China, 23 são túneis com datas de abertura entre 2024 e 2025.

Pequim refere-se empenhada “em melhorar o bem-estar das pessoas através do desenvolvimento dos transportes”, com os túneis a servirem de corredor turístico e a contribuírem para aumentar a competitividade dos produtos locais no mercado. No entanto, sob as autoridades chinesas continuam a pender acusações sobre trabalho forçado e violações dos Direitos Humanos na construção de autoestradas, caminhos-de-ferro, aeroportos e centros logísticos na região de Xinjiang.

Em 2021, os EUA e vários outros países denunciaram à ONU os abusos do Governo chinês contra os uigures e outras minorias étnicas em Xinjiang, aumentando a pressão sobre Pequim, que negou sistematicamente todas as acusações.

Em 2022, o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, presidido na altura pela chilena Michelle Bachelet, publicou um relatório sobre os Direitos Humanos na China, centrado em relatos documentados de violações graves e sistemáticas contra os uigures, que foi repudiado por Pequim.

com Lusa