O que fica do legado de Joe Biden?

Trump tomará posse na segunda-feira às 17h, hora de Lisboa, como 47º presidente dos EUA. Sucede a Joe Biden, cujo legado começa agora a ser analisado. De resto, no seu discurso de despedida oficial como presidente, Biden disse que "levará tempo para se sentir o impacto total" da sua administração. Ainda assim, é possível destacar…
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O inquilino da Casa Branca desde 2021, Joe Biden, sai esta segunda-feira da residência oficial para dar lugar a Donald Trump. Olhando para os últimos quatro anos o que nos deixa a administração Biden?
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Trump tomará posse na segunda-feira às 17h, hora de Lisboa, como 47º presidente dos EUA. Sucede a Joe Biden, cujo legado começa agora a ser analisado. De resto, no seu discurso de despedida oficial como presidente, Biden disse que “levará tempo para se sentir o impacto total” da sua administração.

Ainda assim, é possível destacar alguns marcos. No discurso de despedida que fez na Sala Oval, o próprio Biden enumerou algumas das metas alcançadas durante o seu mandato, começando com o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, anunciado algumas horas antes.

Biden também apelou para a reconstrução de uma “classe média mais alargada”, ao mesmo tempo que afirmou que “foi exatamente” isso que fez durante o seu mandato, salientando a importância da criação de emprego e da proteção ambiental.

Mas que outros tópicos, positivos e negativos, marcaram estes quatro anos Biden, de forma resumida?

Numa sociedade com muitos negacionistas da COVID-19, a administração Biden abordou a pandemia através de várias iniciativas que aumentaram as vacinações. Biden implementou programas que conseguiram diminuir o desemprego e induzir um boom no setor das pequenas empresas.

Entre as vitórias da administração Biden contam-se os seus esforços para garantir um acordo multibilionário em matéria de infraestruturas, promover iniciativas no domínio da energia limpa, reduzir os custos dos medicamentos e impulsionar o fabrico de semicondutores num contexto de, simultaneamente, escassez de chips e expansão da Inteligência Artificial.

Biden também reivindicou o crédito pelo acordo de cessar-fogo em Gaza alcançado na última quarta-feira, dizendo que o plano “foi desenvolvido e negociado” pela sua equipa, mas será “amplamente implementado” pela administração Trump.

“Levará tempo para se sentir o impacto total do que fizemos juntos. Mas as sementes estão plantadas e elas crescerão e florescerão por décadas”, referiu o chefe de Estado cessante.

No seu discurso de despedida, o líder norte-americano aproveitou ainda para indicar algumas das realizações do seu Governo, como investimentos recorde para o combate às alterações climáticas, a redução dos preços de medicamentos para idosos, a aprovação de leis de segurança de armas ou a ajuda direcionada a veteranos.

Destacou ainda os feitos que alcançou ao nível de política externa, como o “fortalecimento da NATO” ou o forte apoio à Ucrânia.

Os contratempos da administração Biden

Biden retirou os EUA da sua longa e dispendiosa guerra no Afeganistão, concluindo um acordo feito entre a administração anterior de Trump e os talibãs, mas a saída foi fortemente criticada e desastrosa, com os talibãs a tomarem prontamente a capital do país numa retirada que resultou na morte de 13 militares americanos e centenas de civis afegãos. A imigração foi um dos principais pontos fracos da presidência de Biden, uma vez que o presidente não abordou em grande medida a questão do número recorde de travessias ilegais das fronteiras dos EUA até aos últimos meses da sua presidência, altura em que lançou uma repressão sobre o número de requerentes de asilo autorizados a entrar nos EUA.

Popularidade de Biden caiu

Biden assumiu a presidência em 2021, depois de derrotar o então presidente Trump com 51,3% dos voto popular e 306 votos eleitorais nas eleições de 2020. O seu discurso de despedida foi feito na noite da passada quarta-feira, cinco dias antes de Trump reassumir o cargo depois de vencer a eleição de 2024 sobre a vice-presidente Kamala Harris, que se tornou a indicada democrata em julho depois de Biden – o presidente em exercício mais velho da história – ceder a indigitação devido a preocupações sobre a sua idade, acuidade mental e a sua capacidade de vencer Trump novamente devido aos índices de aprovação historicamente baixos.

No verão passado, no calor da sua candidatura à reeleição, o índice de aprovação de Biden tinha caído para cerca de 38%, depois de ter começado com 53% quando se tornou presidente.

A batalha de Biden contra Trump antes das eleições gerais não ajudou a sua taxa de aprovação, com os observadores a registarem um fraco desempenho nos debates e aparições públicas repletas de gafes, silêncios e erros verbais.

Biden, de 82 anos, deixa a Casa Branca de forma diferente daquela que projetou, uma vez que tentou a reeleição, mas foi convencido pelo próprio partido a abandonar a corrida devido a preocupações em torno da sua idade e aptidão física e mental para mais quatro anos no cargo presidencial.

A sua saída encerra não apenas quatro anos na Casa Branca, mas mais de meio século de um Biden dedicado ao serviço público. 

com Antonio Pequeño IV/Forbes Internacional

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