Opinião

Inovar é preciso, também na educação

Carlos Rebelo

Não é novidade que a educação é a base para o progresso da sociedade. Como estudante universitário, reconheço que é através dela que adquirimos conhecimentos, princípios e aptidões que nos permitem contribuir para o desenvolvimento social e económico do país e da comunidade onde nos inserimos.

Por desempenhar um papel determinante na construção de uma sociedade mais capaz e resiliente, a educação deve ser, por isso, uma prioridade. Mas como podemos assegurar que, enquanto ferramenta poderosa para transformar o mundo, está a acompanhar estes tempos de grandes desafios? É precisamente sobre isso que vou procurar refletir neste artigo.

Em Portugal, o ensino superior tem dado provas do seu valor, com as universidades a conquistarem uma boa reputação, a serem colocadas nos melhores rankings internacionais e a atrairem estudantes de diversos países.

Tal não significa que não existe espaço para mudar e evoluir. Garantir a inovação e o progresso na educação é fundamental para a manter alinhada com as atuais exigências do mercado de trabalho, que atualmente procura integrar nas suas estruturas indivíduos com pensamento crítico e competências sociais, capazes de encontrar soluções inovadoras e eficazes para os problemas do dia-a-dia.

Assim sendo, como pode a educação em Portugal capacitar os jovens talentos para um mercado de trabalho que se caracteriza dessa forma? A resposta pode estar num ensino que procure ser um laboratório para o pluralismo, onde diferentes visões e identidades transformam o conhecimento, a inovação e a tecnologia para que estes continuem a moldar a sociedade. Mas, para que isso aconteça, é essencial que as instituições de ensino mantenham a aposta na modernização dos seus métodos de aprendizagem e sejam inovadoras nas abordagens dos desafios de hoje.

Uma das estratégias possíveis – e que já começa a dar os primeiros passos no ensino superior – é a promoção de programas ou iniciativas ligados ao empreendedorismo, como parte da experiência académica, através das quais os estudantes desenvolvem uma mentalidade criativa e inovadora enquanto enriquecem o seu currículo. Este tipo de iniciativas, especialmente importantes para as áreas das Ciências e Tecnologias, oferecem a oportunidade de os estudantes meterem as mãos na massa e de aplicarem os conhecimentos adquiridos nas aulas em projetos reais.

Estando relacionado com as iniciativas ligadas ao empreendedorismo, outro ponto que não posso deixar de realçar é a necessidade de aproximação das universidades ao tecido empresarial português. Ainda que a sua principal missão seja a de educar a próxima geração de profissionais, os estabelecimentos de ensino superior não devem limitar as suas funções a este papel. É preciso criar pontes com o mundo empresarial para que os estudantes possam estar preparados para, no futuro, entrarem num mercado de trabalho que está em constante evolução.

Um mundo em permanente transformação oferece grandes oportunidades, mas apenas aqueles que tenham uma mentalidade criativa, sejam orientados para a resolução de problemas e mostrem resiliência têm probabilidade de suceder.

Como estudante universitário e Presidente de uma Júnior Empresa, que estabelece a ligação entre a comunidade estudantil e o mundo empresarial, acredito que, para que a nova economia funcione para todos, a resposta está na contínua modernização das instituições de ensino e nas novas formas de as adaptar à realidade de hoje. Inovar é preciso, também na educação.

Carlos Rebelo,
Presidente da JUNITEC – Júnior Empresa do Instituto Superior Técnico

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