Hélder Tavares: “O programa da manhã estava a correr lindamente, mas sentia que já estava demasiado confortável”

A teoria é sempre a mesma: ano novo, vida nova. Mas a verdade é que poucas são as pessoas que a seguem à risca. 2025 foi o ano de Hélder Tavares mostrar como é que isto se faz e o resultado está a ser o mais positivo possível. O Under 30 da Forbes anunciou a…
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Hélder Tavares, locutor de rádio e criador de conteúdo, começa 2025 com uma mudança na carreira. A Forbes falou com o Under 30 para perceber o que o levou a mudar e quais são os seus novos objetivos.
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A teoria é sempre a mesma: ano novo, vida nova. Mas a verdade é que poucas são as pessoas que a seguem à risca. 2025 foi o ano de Hélder Tavares mostrar como é que isto se faz e o resultado está a ser o mais positivo possível.

O Under 30 da Forbes anunciou a sua saída da Cidade FM, onde era líder de audiências nas manhãs, e a chegada à segunda rádio mais ouvida a nível nacional: a RFM. Fomos perceber o que mudou no percurso de Hélder e o que o levou a tomar a decisão que só lhe trouxe motivação para o presente e futuro.

Fala-me sobre esta grande mudança.
Saí da Cidade FM, estou agora na RFM. É um grande salto. Saio de uma rádio jovem para a segunda rádio mais forte em Portugal, que está ali taco a taco com a rádio líder e que eu acho que de facto tem condições para chegar à liderança. Esta mudança vem apanhar uma altura em que a própria rádio queria rejuvenescer, e eu próprio acho que a RFM já precisava de mudar. Há muito tempo que eles não tinham uma mudança destas, de cima a baixo, desde o painel da manhã até o painel da noite. Poder ser cara da mudança é bom, porque eles não contratavam ninguém há muito tempo.

Já querias fazer uma mudança na carreira ou a oportunidade surgiu e tu não quiseste deixar escapar?
Surgiu. Lembro-me que estava a falar com amigos próximos, acho que foi no início de dezembro, e enviei uma mensagem a dizer: estou com a sensação de que estou a precisar de um desafio maior. Estava a começar a sentir-me estagnado. O programa da manhã estava a correr lindamente, mas sentia já a necessidade de novos estímulos, sentia que já estava demasiado confortável. O convite da RFM surgiu quando menos pensava. A minha vontade de dar o salto para uma rádio maior já era alguma, mas não esperava que fosse ainda no final de 2024. Fui ali um bocadinho apanhado na curva. Eu antes de arriscar no que quer que seja, penso muito – penso até demais, acho que devia parar um bocadinho com isso. Comecei a pensar muito se deveria ou não aceitar e mesmo que na minha cabeça quisesse muito aceitar, comecei a meter entraves. Até ao ponto em que, graças a pessoas próximas que acabaram por ser importantes nesse sentido de abrir os horizontes, percebi: Aceita o desafio, tens uma oportunidade que te caiu do nada, quando menos esperavas, que vem numa altura em que tu próprio já querias um desafio maior. E há comboios que não passam duas vezes. 

Foi mais difícil tomares a decisão porque ias deixar para trás um programa que era líder de audiências?
Acho que foi mais por aí. Um programa da manhã que as pessoas gostavam muito, que corria bem, tínhamos liberdade para fazermos o que quiséssemos, tínhamos criado rubricas que resultavam muito bem. Pensava: Ok, vou para uma rádio maior, que tem uma audiência quatro vezes maior, mas vou deixar coisas que eu sei que resultaram muito bem. Isso foi na verdade o que mais me custou. E depois também custou muito pensar que os ouvintes, aqueles que me ouviam de manhã, provavelmente não iam querer ouvir-me à tarde, não iam migrar, iriam ver-me como um traidor. Tive muito esse medo, mas, entretanto, já percebi que não.

Antes de aceitar a proposta, pensava muito na situação da Cristina Ferreira, que saiu da TV, onde foi líder nas manhãs durante muitos anos, para a SIC. Mas a verdade é que as pessoas migraram também para a SIC, de tal forma que se tornou a estação líder de audiências. Obviamente que não sou uma Cristina Ferreira, mas se a própria Cristina Ferreira, que está num programa líder de audiências há anos, sai dali, vai para uma estação que já não liderava as audiências há muito tempo e consegue liderar aquilo, é uma prova de que eu também consigo e qualquer um também consegue.

Com que expetativas entras na RFM?
Com muitas expetativas. Estou a gostar muito de trabalhar na RFM, fui muito bem recebido, a equipa é incrível. Uma malta com sede de ganhar, com sede de trabalhar e fazer mais. Apanho uma equipa que está muito recetiva a novas ideias, porque de repente contratarem alguém de fora, é sobretudo trazer alguém que pode trazer coisas que ajudem esta nova fase da RFM. Acho que o facto de estar no digital, o facto de usar muito o TikTok, faz com que consiga trazer este meu lado de criador de conteúdo para uma RFM que quer estar ainda mais nas redes. Este meu lado mais jovem faz com que consiga captar os mesmos jovens a ouvirem a própria RFM, que eu acho que a RFM também quer jogar muito por aí, atrair um público jovem adulto.

O primeiro dia foi intenso, porque é tudo muito diferente. O sistema é novo, as vias são diferentes. Assim que entro no ar, estava-me a ouvir em eco. Em termos técnicos aquilo foi um caos. Quando me comecei a ambientar, estava o programa já a terminar. Ontem [no segundo dia] já correu muito melhor. Estou com muitas ideias para meter em prática, e é bom porque estou ali numa rádio em que eles estão muito recetivos a ideias e querem pôr em prática.

@heldertavaares

O primeiro está feito ✅ Obrigado por todas vossas mensagens ❤️ Amanhã há mais. A partir das 16h, na @RFM 🚀

♬ original sound – Helder Tavares

Achas que esse teu lado de criador de conteúdo digital é uma vantagem na tua carreira?
Sim, foi e é uma vantagem. Houve ali uma altura no meu TikTok que senti que os números estagnaram um bocado, eu próprio também deixei de produzir mais conteúdo do que produzia antes. Entretanto é engraçado porque desde que sou anunciado e começo a utilizar as redes, sobretudo o TikTok, para lançar as novidades, os números voltaram a revirar. O que acaba por me motivar novamente a fazer conteúdos lá. Há uma grande vantagem, porque acho que hoje em dia a rádio já não vive sem, o digital, sem as redes sociais, a imagem. E portanto, para uma RFM que quer rejuvenescer, torná-la mais viva também passa muito por aí, pelas redes sociais. Acho que acabo por ver aqui um ponto a meu favor nesse sentido, sem dúvida alguma. E acho que as redes sociais acabam por ser um bom modo de atrair novos ouvintes para a rádio. Nem que seja pela questão da curiosidade, as pessoas vão querer ouvir. 

Neste momento, e com esta mudança de um programa líder para uma rádio tão ouvida, a pressão que colocas em ti próprio é maior?
É maior. No final da minha estreia, recebi muitas mensagens, as pessoas a dizerem que foi muito bom, bom feedback lá dentro também, só que na minha cabeça andava constantemente a pensar ‘isto foi uma porcaria’. Andava a meter muita pressão a mim mesmo, porque sei que foi o primeiro programa, mas na minha cabeça isto tem de correr tão bem, eu tenho de estar em vez de a 100%, a 200%. Ontem [no segundo dia] já não senti tanto isto, já senti que correu melhor. Agora é um dia de cada vez. Mas acho que sou assim um bocadinho com tudo, acho que meto esta pressão em tudo o que faço, pode ter os seus prós e contras. A rádio não me meteu esta pressão em momento algum, eles próprios disseram ‘leva o teu timing para tu te ambientares, para que os ouvintes te possam conhecer’. Mas uma coisa é aquilo que eles dizem, outra coisa é aquilo que vai na minha cabeça. A pressão que acabo por impor é a pressão para comigo e não tanto, por exemplo, da própria direção da rádio.

E a pressão do público, sentiste? Com tudo o que foi falado nas redes sociais.
Não. Primeiro gostei muito do buzz todo, porque não estava à espera que houvesse todo este buzz. Talvez porque nunca tinha sentido que na rádio em Portugal houvesse figuras que de repente tivessem este tipo de buzz. Acho que nunca tinha visto TikToks de saídas de locutores de rádio que ainda não tinham sido anunciadas, mas como se fosse uma telenovela. Especulações e rumores, as pessoas criarem estas novelas e eu acompanhar. Eu nunca tinha estado neste tipo de posição. Eu gosto sempre de estar a par do que se passa na vida alheia, até mesmo no meu programa, falo muito sobre o gossip, adoro rumores da vida alheia. De repente lido com rumores a meu respeito e estava a ler aqueles comentários, sem poder falar, mas a querer falar. Foi muito estranho, mas foi bom porque de repente significa que já criaste ali uma notoriedade boa, ainda para mais estamos a falar de rádio e não de televisão. E tudo isto num programa de amanhã que nem dois anos durou, foram quase dois anos. Portanto, se em dois anos aconteceu isto e toda esta envolvência entre nós e os ouvintes, nem quero imaginar se o programa tivesse muito mais tempo.

Agora que objetivos tens traçados?
Para já o meu objetivo é crescer na RFM, começar a ganhar o meu espaço. É crescer ali, ambientar-me bem na casa, dominar o sistema todo e fazer ainda mais as brincadeiras que eu já fazia. Portanto, uma rádio dinâmica à imagem daquilo que eu acho que tem de ser e aquilo que eu gosto também. E tornar isto de tal forma dinâmico que num futuro próximo possa dar o salto para umas manhãs. Não é algo que esteja em mente para já, e ainda bem, tenho um longo caminho pela frente, mas em termos de rádio ambiciono um Café da Manhã, porque não? O mítico Café da Manhã, um programa com muita história, acho que o caminho é por aí. Acho que estar a começar na segunda rádio mais forte em Portugal num programa que é um prime time da rádio é muito bom porque dá-me estaleca. É um horário ótimo para crescer. Deram-me um horário em que sabiam que eu correspondia às expetativas, quando te dão esse programa sabendo que tu és capaz de atingir estes números e superar os números que a própria rádio já tinha é bom.

E continuas interessado em aliar a rádio a outras áreas ou agora com a chegada deste projeto vais deixar essa ideia um pouco de lado?
Nesta fase inicial estou a focar muito na rádio. Porque é uma fase inicial e é uma rádio nova, portanto eu sinto que quero pelo menos para já meter toda a minha energia aqui, para depois ser tudo muito mais fácil. Acho que a partir do momento em que já está tudo mais oleado, é mais fácil para mim conseguir desempenhar outros papéis e gerir outros projetos. A televisão continua a ser um passo futuro, é um próximo passo neste meu trajeto. Nesta fase inicial é aproveitar a rádio, e até mesmo aproveitar a rádio para me levar depois para a televisão. Agora numa RFM, estamos a falar de uma rádio nacional, uma rádio que chega a todo o país e às ilhas. Eu não sei quem é que me está a ouvir, se já na Cidade não sabia e sinto que cresci muito ali e que do programa da manhã houve muita coisa que acabei por conquistar, acho que agora numa rádio como uma RFM vou ganhar muito mais e uma dimensão muito maior do que aquilo que eu para já imagino.

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