O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não demonstrarem que consideram que o executivo “dispõe de condições para continuar a executar” o seu programa como resultou há uma semana da votação da moção de censura.
Luís Montenegro falava ao País depois do Conselho de Ministros extraordinário convocado para este sábado depois de ter sido revelado que a empresa detida pela sua mulher e filhos recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde.
Face ao clima de suspeitas o governante lançou um repto: “em termos políticos e governativos, insto daqui os partidos políticos, representados na Assembleia da República, a declarar sem tibiezas se consideram, depois de tudo o que já foi dito e conhecido, que o Governo dispõe de condições para continuar a executar o programa do Governo, como resultou há uma semana da votação da moção de censura”. Ainda durante a declaração que decorreu na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, Luís Montenegro, sublinhou que “sem essa resposta, a clarificação política exigirá a confirmação dessas condições no Parlamento”. Para tal, “por iniciativa do Governo, só pode acontecer com a apresentação de uma moção de confiança”. O primeiro-ministro realçou que “o Governo e eu próprio estamos aqui para assegurar a estabilidade e para continuarmos focados na resolução dos vossos reais problemas. Mas, como sempre, só estaremos cá com a vossa confiança e com a vossa legitimação”.
Quanto à esfera pessoal e no que se refere à empresa familiar Spinumviva garantiu que deixará de ter qualquer participação no processo de decisão. “Relativamente à empresa familiar, ela será, totalmente detida e gerida pelos meus filhos. Mudará a sua sede e seguirá o seu caminho exclusivamente na esfera da vida deles”.
E reiterou que “não pratiquei nenhum crime, nem tive nenhuma falha étnica. Quando regressei à política ativa, abandonei a advocacia e saí da sociedade de advogados que fundei, o valor da cota com que lá entrei. Deixei para trás a clientela, a estrutura e o meu investimento de muitos anos”.
O líder do Governo sublinhou ainda que “nunca cedi a nenhum interesse particular face ao interesse público e ao interesse geral. E assim vai continuar a ser. Sempre que houver qualquer conflito de interesses, por razões pessoais ou profissionais, não participarei dos respetivos processos decisórios”.
Durante a declaração, Luís Montenegro enumerou todo o trabalho do Governo e considerou que “este Portugal que está forte e se recomenda”.