Portugal é dominado por grandes marcas americanas de franchising de imobiliário. Isso faz com que o mercado imobiliário americano e português sejam parecidos?
O mercado imobiliário português e americano é efetivamente bastante parecido, mas o português tem tendência a copiar o modus operandi que os americanos (master franchise) criam. A nossa questão, com a Relive, é: será que nós portugueses só importamos? Não conseguimos ser nós próprios os criadores de marcas, de tecnologia e, portanto, do futuro do ramo imobiliário? É esse o nosso sonho luso americano, terá um impacto disruptivo e positivo nos dois países.

Quais são as principais diferenças no mercado imobiliário português e norte-americano?
O mercado americano tem muito mais tecnologia integrada nas transações de imóveis, o que cria maiores eficiências e minimiza o potencial risco de fraude ou erro humano.
Para ser consultor imobiliário é preciso fazer 200 horas de formação e um exame. Em Portugal não há qualquer barreira à entrada, se alguém quiser ser consultor, no dia seguinte pode fazê-lo – mas com grande risco para quem compra ou vende, por não ter um apoio especializado e profissional.
Por fim, nos EUA, há um incentivo grande à construção de imobiliário de forma a baixar o custo da habitação. Para termos uma ideia concreta, em 2023, apenas no Texas, construíram-se quase meio milhão de novos apartamentos para arrendar – o que coloca menos pressão nos preços, alargando a oferta.
Os preços do imobiliário em Portugal estão elevados, quer do arrendamento, quer da aquisição. Vislumbra forma desta tendência se inverter?
A única forma de inverter a tendência é termos de aumentar a oferta de habitação, reduzir a burocracia, incentivar a nova construção e reabilitação de imóveis. Temos de olhar para fora e ver os bons exemplos, como por exemplo o Texas. Tem existido uma procura brutal por este Estado, com um êxodo enorme de pessoas, por exemplo, da Califórnia ou Nova Iorque para cá – só em 2023, foram mais de 600.000 pessoas a mudar-se para cá. Mas como isso é acompanhado de oferta de emprego, construção de infraestruturas, nova habitação, etc., continua a permitir muito melhor qualidade de vida (custo/benefício) por parte de quem decide vir para cá. Portugal não pode tornar-se apenas ideal para os americanos, franceses ou brasileiros. Tem de ser bom também para os portugueses.