No mundo do design, é fundamental garantir que o utilizador está no centro do processo de criação. Mas afinal, o que é um design centrado no utilizador, também conhecido como UX/UI? Trata-se de uma metodologia que coloca as necessidades e comportamentos dos utilizadores como prioridade no desenvolvimento de qualquer produto ou solução, do princípio ao fim do processo. Assim os utilizadores são envolvidos para garantir que a solução final é intuitiva, eficaz e, acima de tudo, resolve os problemas reais de quem a utiliza.
No setor dos transportes, a importância do design UX/UI é ainda mais evidente. Ao lidar com diferentes tipos de utilizadores, como motoristas, gestores de frota e mecânicos, é essencial que, cada ferramenta ou sistema seja, adaptado para responder de forma específica às suas necessidades particulares. Por exemplo, um motorista precisa de uma interface simples e visível, que funcione sob diferentes condições de luz e que permita interagir de forma segura enquanto conduz, com funcionalidades como botões físicos ou feedback tátil. Já os gestores de frota necessitam de soluções mais complexas, como dashboards e análises em tempo real para otimizar operações e monitorizar o estado dos veículos. Por sua vez, um mecânico precisa de interfaces visuais claras e diagramas para diagnosticar rapidamente avarias de forma precisa.
Assim, se o design não tiver em consideração estas diferentes necessidades, o risco de criar soluções complexas ou confusas para os utilizadores é maior. O design UX/UI assegura que as soluções não só resolvem problemas reais, mas também oferece uma experiência mais fluída, eficiente e intuitiva, o que melhora a produtividade, segurança e satisfação dos utilizadores.
Outro fator importante a considerar é o tamanho da frota e o nível de experiência tecnológica dos utilizadores. Pequenas frotas podem não necessitar de ferramentas avançadas de análise, mas sim de soluções simples e fáceis de usar, uma vez que a relação com cada camião é muito mais próxima e direta. Já em frotas maiores, o design precisa de integrar funcionalidades mais sofisticadas, como otimização de rotas e análises preditivas, para garantir uma gestão eficiente e escalável. Além disso, a experiência tecnológica dos utilizadores pode variar: enquanto alguns estão familiarizados com soluções digitais avançadas, outros podem precisar de uma interface mais simples. Consequentemente, o design deve ser flexível, permitindo aos utilizadores iniciantes uma interação fácil, e aos mais avançados uma experiência mais completa e abrangente.
As soluções para o setor dos transportes precisam ainda de ser adaptáveis a diferentes mercados e culturas. O que funciona bem na Europa pode não ser eficaz na Ásia ou na América Latina, onde as infraestruturas, as regulamentações e os hábitos de condução são muito diferentes. Em alguns países, os motoristas preferem instruções de navegação baseadas em pontos de referência locais (“vire à direita depois do mercado”), em vez de direções técnicas (“vire à direita em 500 metros”). No Ocidente, o vermelho é frequentemente associado a alertas e perigos, enquanto na Ásia é visto de forma mais positiva, simbolizando sorte e prosperidade. Estas diferenças culturais exigem uma adaptação das interfaces para garantir que as soluções são intuitivas e eficazes em qualquer contexto.
No fundo, o design centrado no utilizador no setor dos transportes é crucial para criar soluções que sejam tanto eficientes quanto adaptáveis às diversas necessidades dos utilizadores. A experiência de quem interage com as ferramentas e sistemas é a chave para garantir uma operação mais segura, produtiva e eficaz, seja para motoristas, gestores de frota ou mecânicos. Ao ter o utilizador no centro do processo de design, conseguimos construir soluções mais inteligentes, que funcionam não só para um grupo específico, mas para todos os envolvidos no setor dos transportes.
Mariana Barros,
Design Lead na tb.lx