“Abrir uma torneira e ter água limpa é um privilégio que, muitas vezes, nem nos apercebemos que temos”, escreveu Mariana Proença, presidente do Thirst Project Portugal, no relatório anual do projeto.
Foi quando passou a ter consciência deste privilegio e, consequentemente, da realidade de quem não o tem que Constança Santos Silva, Under 30 da Forbes Portugal, fundou o Thirst Project Portugal. Hoje, falamos de um projeto que conta com mais de 1000 jovens voluntários e que, desde 2019, já financiou 13 furos de água potável no continente africano, o que se traduz em 4779 vidas salvas.

Recentemente, o grupo que faz tudo isto acontecer juntou-se para a apresentação do Relatório Anual de 2024. A primeira novidade prende-se com a própria fundadora. Como a primeira citação do artigo sugere, Constança já não é a presidente do Thirst Project Portugal. A Under 30 optou por passar o cargo a Mariana Proença e assumir a posição de presidente da Board of Advisors.
Entre janeiro e março, o Thirst Project Portugal conseguiu financiar o seu 11.º furo, desta vez na comunidade de Tsambokhulu Nazarene Primary School, onde mais 425 pessoas passaram a ter acesso a água potável. O 12.º furo surgiu entre julho e setembro, na comunidade de Nain Primary School, dando acesso a água potável a mais 231 pessoas. No final de 2024, foi financiado o 13.º furo.
O que tornou tudo isto possível foi o valor que as equipas espalhadas pelas escolas e faculdades do país conseguiram angariar. No total, em 2024 o Thirst Project Portugal somou 27.966,24 euros, a partir de 42 equipas. O verdadeiro significado deste número é este: 1118 vidas salvas. A este valor juntam-se os montantes angariados em doações, eventos, área comercial e relações externas, o que leva a um total de 50.456,32 euros.
“O acesso a água potável tem um impacto transformador na educação, saúde e economia das comunidades. Com a falta de acesso a este recurso vital, crianças são privadas de uma educação digna, famílias enfrentam graves problemas de saúde devido a doenças transmitidas pela água, e a economia local é afetada, consequência das mulheres e crianças dedicarem horas do seu dia a longas caminhadas para providenciar água às suas comunidades. Com a construção de furos de água potável, é possível garantir mais educação, saúde e oportunidades económicas, criando um ciclo de desenvolvimento sustentável”, lê-se no relatório do projeto.

Ainda que os valores possam mudar de ano para ano, o que não muda é a urgência desta situação. Aliás, no mesmo relatório, a equipa do Thirst Project Portugal garante que se trata mesmo de uma situação alarmante.
“Em 2023, a Crise Mundial da Água atingiu uma dimensão alarmante, refletindo uma realidade de crescente escassez e desigualdade no acesso aos recursos hídricos. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 2,2 mil milhões de pessoas continuam sem acesso a água potável, incluindo 703 milhões sem um serviço básico de água continuam a viver sem acesso a serviços de água potável geridos de forma segura, um problema que afeta gravemente a saúde pública e as condições de vida em várias regiões do mundo. A situação revela-se mais crítica quando confrontados com os dados de que aproximadamente 44% da população mundial não possui acesso a condições de saneamento adequadas, o que contribui para a proliferação de doenças transmitidas pela água e amplia os desafios relacionados com a gestão da água em muitas regiões”, lê-se.