Governo cancela envolvimento em festas do 25 de abril

O Governo cancelou a sua agenda festiva do 25 de Abril por causa dos três dias de luto nacional pela morte do Papa, adiando as comemorações que lhe diz respeito para o 1º de Maio. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, explica que a legislação aplicável ao luto nacional prevê restrições e limitações, alegando,…
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O Governo cancelou toda a sua agenda festiva do 25 de Abril por causa dos três dias de luto nacional pela morte do Papa, adiando as comemorações que lhe dizem respeito para o 1º de Maio.
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O Governo cancelou a sua agenda festiva do 25 de Abril por causa dos três dias de luto nacional pela morte do Papa, adiando as comemorações que lhe diz respeito para o 1º de Maio.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, explica que a legislação aplicável ao luto nacional prevê restrições e limitações, alegando, por conseguinte, que o luto por Francisco implica reserva nas celebrações, além da colocação da bandeira de Portugal a meia haste.

Esta quinta-feira é o primeiro de três dias de luto nacional pelo Papa Francisco.

Este cancelamento do governo afeta apenas a atividade festiva da exclusiva responsabilidade do Governo. Um dos eventos suspensos ou adiados é a tradicional festa no jardim da residência oficial do primeiro-ministro, que costuma abrir as portas para várias atividades e concertos na tarde de dia 25. Este evento foi adiado para 1 de maio.

Já a sessão solene do 25 de abril, no Parlamento, mantém-se porque é organizada por um órgão autónomo diferente, no caso a Assembleia da República. O Governo estará também presente. Do mesmo modo, a habitual marcha na Avenida da Liberdade se mantém, porque não se trata de um evento não organizado pelo Executivo.

A decisão do governo de não se envolver nas festividades do 25 de abril suscitou estranheza e mereceu críticas (ver mais em baixo), levando a que, num momento posterior, o Executivo tenha decidido esclarecer esta polémica, numa nota à imprensa, referindo que “participará na sessão solene realizada na Assembleia da República, bem como em cerimónias oficiais organizadas por municípios”, durante as quais deverá haver “momentos de homenagem ao Papa Francisco, incluindo a observação de um minuto de silêncio”.

Em relação a isso, o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, acrescentou que “na sessão solene do 25 de abril haverá um momento de tributo ao Papa Francisco, através de um voto que eu próprio irei apresentar. Deste modo, num momento que é tão solene para Portugal e para o povo português – o dia 25 de Abril -, numa sessão tão importante para Portugal, esse voto significa também a particular gratidão e o particular apreço que o povo português tinha para por este Papa”.

Sobre o programa que estava previsto para a residência oficial do primeiro-ministro, o Governo declara que “a tradicional abertura da Residência Oficial (jardins e piso térreo), com distribuição de cravos, mantém-se no dia 25 de abril” e o que será adiado são os eventos de natureza festiva que constavam desse programa: atuações dos Pauliteiros de Miranda, de grupos de cante alentejano e um mini concerto de Tony Carreira.

Fora do âmbito da Revolução dos Cravos, os membros do Governo “não participarão em outros eventos festivos que se realizem dentro do período de luto nacional, como sejam inaugurações, celebrações ou festas organizadas por entidades nacionais ou locais”, afirma a Presidência do Conselho de Ministros na tentativa de desfazer a confusão gerada.

Críticas ao Governo

Ainda assim, foram várias as críticas por esta decisão do Governo. O secretário-geral do PS considerou que o Governo “cometeu um erro” ao cancelar toda a sua “agenda festiva” do 25 de abril na sequência do luto nacional pela morte do Papa Francisco.

“O governo optou por desvalorizar a celebração do 25 de Abril, cometeu um erro. Cometeu um erro ao não saber também avaliar os sentimentos portugueses no que diz respeito a esta data”, considerou Pedo Nuno Santos, no Porto, após uma reunião com dirigentes da Rede Europeia Antipobreza Portugal.

O líder socialista disse ver esta decisão do Governo, “como a maioria dos portugueses, mal”, consderando que celebrar o 25 de Abril não é desrespeitar o Papa, “antes pelo contrário”.

“Quem conhece o exemplo do Papa Francisco sabe que era um amante da liberdade e da igualdade, que são dois dos valores que nós celebramos no 25 de Abril”, salientou.

“Acho mesmo que a melhor resposta que podemos dar a um Governo que decidiu cancelar as celebrações do 25 de Abril é participarmos em força nas celebrações em todo o país, principalmente com uma presença massiva na Avenida de Liberdade no dia 25 de Abril à tarde, em Lisboa”, apontou Pedro Nuno Santos.

O líder do PS falava aos jornalistas no final de uma reunião com dirigentes da Rede Europeia Antipobreza Portugal que visou trazer para a agenda política da pré-campanha às eleições legislativas de 18 de maio o combate à pobreza em Portugal.

Também o porta-voz do Livre, Rui Tavares, veio considerar chocante a decisão do Executivo.

com Lusa

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