Onde comer em Lisboa: 9 novos restaurantes do momento que tem de conhecer

Ann Abel é colaboradora da Forbes e especialista em viagens e turismo e desde que se mudou para Lisboa tem mantido atualizada a lista dos seus restaurantes preferidos. Acontece que essa lista está a crescer cada vez mais e cada vez de forma mais rápida. Ann Abel afirma que, quase de modo automático, quando acaba…
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A especialista em viagens da Forbes, Ann Abel, coloca Lisboa como uma das cidades "in" do momento em matéria de gastronomia. E destaca nove novos restaurantes que se tornaram já um "must go".
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Ann Abel é colaboradora da Forbes e especialista em viagens e turismo e desde que se mudou para Lisboa tem mantido atualizada a lista dos seus restaurantes preferidos. Acontece que essa lista está a crescer cada vez mais e cada vez de forma mais rápida.

Ann Abel afirma que, quase de modo automático, quando acaba de publicar uma lista dos seus novos resturantes prediletos, no dia a seguir fica logo com vontade de adicionar mais algum espaço novo: “No ano passado, no dia seguinte ao da publicação do meu artigo, fui ao Sítio de Gente Feliz – o restaurante acabou por ser um dos meus locais preferidos do ano inteiro”, aponta esta colaboradora da Forbes.

“Com pandemia ou não, há muita coisa a acontecer em Lisboa”, nota Ann Abel que explica: “Primeiro, há recomeços e reinvenções de chefs que usaram o tempo livre para repensar o que estavam a fazer”.

Ann Abel cita a título de exemplo a tão esperada reabertura da Feitoria, com estrelas Michelin, que esteve encerrado durante quase toda a pandemia. O chef João Rodrigues abraçou a culinária à base de plantas, criando dois menus de degustação puramente vegetarianos (principalmente vegan) e diminuindo a proteína animal nos menus omnívoros, substituindo-a por sabores interessantes como tutano vegetal de brócolos.

Ann Abel realça ainda o trabalho do chef Nuno Mendes que regressou de Londres em julho para lançar o novo menu do seu reaberto Restaurante Bairro Alto Hotel, mantendo clássicos como as cracas de ganso com pão torrado (“ainda as únicas de que gosto em todo o Portugal”, diz) e acrescentando novidades como tamboril e fígado com pão torrado com caldo de açafrão e erva-doce. No restaurante do bairro do Príncipe Real BouBou’s, a chef Louise Bourrat concebeu um novo cardápio que celebra os vegetais e aposta na sustentabilidade. E depois há as novas adições.

“Comer em Lisboa nunca foi melhor”, salienta Ann Abel.

Na perspetiva de Ann Abel, estes são os 9 novos espaços que merecem uma visita na capital portuguesa:

Ofício

Ofício, o novo projeto “casual” da equipa por trás da experiência maravilhosamente íntima e requintada do Art Gate (“outro dos meus favoritos do final do ano”, diz Ann Abel) apresenta-se como uma tasca ou restaurante de bairro atípico.

Prato de tomate no Oficio. LUIS FERRAZ

O chef supercriativo Hugo Candeias trabalhou com o chef executivo Micael Duarte e o chef Rodolfo Lavrador (ambos com o chef Nuno Mendes) na elaboração de um cardápio de pratos frios compartilháveis, pratos quentes e petiscos.

“Existem pratos excelentes envolvendo caranguejo-aranha, ouriço-do-mar e arraia com um molho de ervas verdes vivas, mas, honestamente, eles conquistaram-me nos tacos de vegetais do mar”, refere Ann Abel.

Cavalariça Lisboa

O chef Bruno Caseiro, da Cavalariça, e a pasteleira Filipa Gonçalves (mais duas ex-alunas do chef Nuno Mendes), nunca esperaram abrir um restaurante na elegante e sazonal localidade da Comporta, mas a oportunidade apareceu e acabaram a criar um dos lugares mais intrigantes, divertidos e simples para jantar em Portugal neste momento.

Pratos da Cavalariça de Lisboa, incluindo o famoso fígado de galinha no brioche LUIS FERRAZ

Contudo, Lisboa sempre foi o seu objetivo e, por enquanto, estão num espaço provisório encantador – vigiado por um unicórnio branco taxidermiado – enquanto aguardam para se mudarem para a sua nova casa.

Estes criativos trouxeram consigo alguns dos clássicos do seu estabelecimento da praia da Comporta, como o brioche torrado com parfait de fígado de frango e chutney de laranja, mas também adicionaram novos pratos da cidade e variações sazonais, como camarões rosa tenros com limão em “crackers” de pele de frango e peixe selvagem curado com damasco grelhado e erva-doce.

SEM

“Nose-to-tail” tem sido uma frase da moda no mundo dos restaurantes há uma década, mas e quanto a “gill-to-fin” ou “root-to-flower”? O novo restaurante SEM surgiu para normalizar todos estes conceitos.

Alimentos frescos e inteiros, do género dos usados no SEM. COVER/GETTY IMAGES

Os proprietários chamam-lhe um exercício de mudança sistémica, porque tudo começa na relação com os agricultores e produtores em Portugal que trabalham na vanguarda da agricultura regenerativa.

“A indústria chama-os de fornecedores. Nós chamamos-lhes de parceiros”, refere o manifesto. Mas, em vez de seguirem dogmas que se tornam difíceis de engolir, os pratos sem desperdício no menu do SEM – começando com melão com lardo e tomates com erva-doce e granita de chucrute e terminando com peru, rosa dukkah e Sorvete de shiitake e maçã, kombucha e leitelho – são um prazer de comer.

Lobo Mau

O discreto Lobo Mau é obra do chef Hugo Guerra, que se destacou a trabalhar em resorts de todo o país. Agora, à sua maneira, elaborou um cardápio de pratos clássicos, lúdicos e sempre saborosos, que ficam lindos e dão prioridade aos ingredientes locais.

O chef Hugo Guerra, do Lobo Mau. BRUNO COLAÇO

Destacam-se os tacos vegetarianos com maionese de agrião, flores comestíveis e ervilhas wasabi, assim como a salada de tomate e ameixa frescas, e o repolho savoy assado com creme de couve-flor (oficialmente um acompanhamento, mas para Ann Abel tem direito a um maior protagonismo). A especialista em viagens Ann Abel dá pontos extra para o bem conseguido e e ensolarado recanto de jantar decorado com papel de parede tropical.

Ameaça Vegetal

Depois da pandemia ter forçado o encerramento do luxuoso restaurante de peixe Pesca, o chef Diogo Noronha partiu noutra direção. O seu novo restaurante virtual “flexitarista”, Ameaça Vegetal visa agradar vegetarianos, vegans e também omnívoros (a sanduíche de ostra frito é um dos favoritos de Ann Abel) com comida bem concebida e baseada em ingredientes para comer no local ou para entrega.

Sanduíche de costeleta de beringela no Ameaça Vegetal FOODRIDERS

Ao lado de Damian Irizarry e Marta Fea (ex-Pistol y Corazon), Noronha faz parte do novo coletivo Foodriders, em Lisboa, que permite que os fãs ignorem o UberEats e lhe façam pedidos diretamente. Melhor ainda, podem escolher na cozinha a couve-flor assada na focaccia, a beterraba assada com tofu e painço ou a alcachofra confitada com soja e bok choy e conversar com os cozinheiros no trabalho.

Provincia

A mais recente novidade do Grupo Non Basta, Provincia, é uma celebração da cozinha italiana rural mediterrânea. A sala de jantar é invulgarmente bonita, com candeeiros pendentes com franjas vermelhas sensuais, uma estante decorada com antiguidades portuguesas e um bar sinuoso como ponto focal.

Restaurante Provincia GRUPO NON BASTA

O cardápio aproveita bem os ingredientes locais – ostras de Setúbal, lulas dos Açores – e aposta em receitas italianas como ravióli verde-claro com aipo, alho-francês, cogumelos e limão e uma pizza saborosa com mozzarella defumada, cogumelos, queijo taleggio e trufas frescas.

Drogaria

Mesmo com os seus sabores mundanos e clima cosmopolita, Drogaria é um projeto de paixão e uma visita ao lar de seu proprietário, Paulo Aguiar, que cresceu no bairro e se recorda de quando o espaço era loja de utensílios domésticos e ponto de encontro social.

Drogaria MÁRIO CERDEIRA

Ele atualizou essa ideia para a Lisboa cada vez mais internacional de hoje, redesenhando o sítio como um lindo refúgio Art Nouveau e Art Déco, e trazendo o talentoso chef Daniel Sousa, que trabalhou num dos restaurantes de três estrelas Michelin em Macau.

Agora em Lisboa está a fazer interpretações criativas e contemporâneas da cozinha portuguesa, como a bruscheta com sardinha curada e salada de pimenta no pão de Gleba (como se fossem os Santos populares), o caldo de peixe da ilha do Pico (ao estilo açoriano com peixe do mercado), açafrão e ervas aromáticas e arroz de pato com cevada e beterraba.

Terraço Editorial

A colaboradora da Forbes aconselha o Terraço Editorial não tanto pela gastronomia (“com todo o respeito ao chef Rui Rebelo que trabalhou com Ferran Adrià, entre outros chefs estrelas internacionais” e “embora a comida seja simples, direta e melhor do que o necessário, refere Ann Abel), mas pelo facto de se situar no último piso do edifício da Pollux, em plena Baixa de Lisboa torna-o um dos melhores – e mais bem guardados segredos: as vistas sobre o antigo centro de Lisboa.

Terraço Editorial CORTESIA DO RESTAURANTE

A outra razão é provar vinhos de pequenos produtores portugueses. A lista tem 190 referências, incluindo muitas a copo e é uma das melhores – mais acessíveis e agradáveis ​​- representações em Lisboa da criação de vinhos que está em curso no país.

9b pela Via Graça

Por mais de três décadas, a Via Graça – com as suas vistas deslumbrantes e uma adega de 14.000 vinhos de referência – tem sido um dos restaurantes de eventos especiais de Lisboa. Mas não era realmente um lugar onde os amantes da comida se reuniam.

Via Graça. CORTESIA DO RESTAURANTE

Isso mudou no ano passado com a abertura do 9b da Via Graça, onde o chef lisboeta Guilherme Spalk (que trabalhou com Alexandre Silva, agora do Loco, e em restaurantes conceituados em Barcelona, ​​Bélgica e China) está a revelar comida criativa e contemporânea numa atmosfera mais animada.

O menu 9 + b, com nove pratos é uma homenagem a Lisboa com peixes e mariscos apresentados de formas inusitadas, enquanto o menu 9 + 9, tem 18 pratos incluindo carnes. Spalk diz para pensarmos nisso “como se fosse uma última refeição, onde queremos ter um resumo do melhor de tudo”.

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