Começou tudo quando a maioria ainda dormia. Em Portugal, o relógio já passava das 3h quando as primeiras explosões se começaram a ouvir e sentir na Ucrânia. Ao mesmo tempo, Vladimir Putin fazia o anúncio que ninguém queria ouvir. A guerra tinha começado, algo que, segundo o presidente russo, era “inevitável”.
Odessa, Kharkiv, Donbas, Luhansk. Os russos atacaram várias cidades, inclusive nos arredores de Kiev, a capital. Ao todo foram três frentes: a partir da Bielorrússia, Donbas e Crimeia. A Ucrânia apressou-se a aplicar a lei marcial e, por volta das 6h, já se ouviam as sirenes a alertar para possíveis ataques aéreos.
Estas foram as primeiras horas de uma guerra que assustou, sensibilizou e revoltou pessoas por todo o mundo. Poucos pensavam que esta ainda fosse a realidade na Europa um ano depois, mas esta sexta-feira assinalam-se os primeiros 12 meses da invasão russa na Ucrânia.
Em resumo, foi assim que aconteceu.
Fevereiro 2022
No dia 24 de fevereiro de 2022, o mundo acordou com a notícia que ninguém esperava ouvir, apesar da ameaça constante nos últimos anos. Vladimir Putin, o presidente russo, anunciou a invasão na Ucrânia. Nesta altura, a expetativa da maioria era de que a guerra terminasse pouco tempo depois, com os russos convencidos de que teriam uma vitória fácil, mas a Ucrânia fez-lhes frente. Continua a fazer até hoje.
Ainda em fevereiro, foi altura de vários líderes mundiais marcarem a sua posição. Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, foi o primeiro, ao anunciar que não pretendia deixar o seu país.
Começaram logo a ser anunciadas sanções a nível financeiro, vindas dos Estados Unidos e da União Europeia. As ações russas e o rublo entraram em queda.
Março
A Rússia iniciou o cerco à cidade portuária de Mariupol, reivindicou o controlo de Kherson e ocupou grande parte de Zaporizhzhia. Já a tentativa de entrada em Kiev não correu como planeada e, no final do mês, Moscovo anunciou a retirada das forças da cidade. Nessa altura o foco passou a ser o Donbas.
Logo no segundo dia do mês, a União Europeia excluiu setes bancos russos do sistema de pagamentos internacionais SWIFT. Seguiram-se mais sanções: Os meios de comunicação Russia Today e Sputnik deixaram de ser emitidos na União Europeia, os Estados Unidos e Reino Unido anunciaram a proibição das importações de petróleo com origem na Rússia, os ativos de Roman Abramovich foram congelados e a União Europeia aplicou sanções a uma longa lista de russos.
Aqui já o número de refugiados ultrapassava a marca do primeiro milhão.
Abril
A retirada das tropas russas de Bucha e dos arredores de Kiev deixou à vista de todos a prova de que vários civis tinham sido mortos. Apesar de Moscovo ter continuado a negar ter os civis como alvo, a União Europeia condenou os ataques.
Poucos dias depois do início de abril, um ataque com mísseis russos em Kramatorsk matou 52 pessoas e feriu mais de 100.
“O maior criminoso de guerra do século”, foi assim que a Ucrânia descreveu Putin, numa altura em que o país começou a investigar milhares de possíveis crimes.
Maio
O mês começou com o anúncio da União Europeia: proibir o petróleo russo ao longo dos seis meses seguintes. Este comunicado marcava já a sexta ronda de sanções. Do lado dos Estados Unidos, em maio surgiu um pacote de ajuda no valor de 40 mil milhões de dólares (cerca de 37 mil milhões de euros).
Após quase três meses, os defensores ucranianos em Mariupol concordaram em render-se. Ficou, assim, assegurado o corredor entre a Rússia e a Crimeia.
A Finlândia e a Suécia apresentaram os pedidos de adesão à NATO, algo que não foi bem recebido em Moscovo.
Junho
Começou a ser preparada a entrada da Ucrânia na União Europeia, com os líderes europeus a aceitarem que o país tenha o estatuto de candidato.
O Ocidente continuou a fornecer armas ao país invadido, que em junho recuperou o controlo da Snake Island, no Mar Negro. Os russos tinham ocupado a ilha logo nos primeiros dias da invasão.
Julho
A Ucrânia começou o mês com a divulgação de um plano de reconstrução: mais de 700 mil milhões de euros nos próximos 10 anos.
Numa nota mais positiva, a Rússia e a Ucrânia, com a mediação da Turquia e das Nações Unidas, chegaram a um acordo em relação ao fornecimento dos cereais que estavam presos nos portos do Mar Negro. As cargas foram desbloqueadas.
Agosto
A guerra fez-se sentir na Crimeia, um território anexado à Rússia. Várias explosões atingiram uma base aérea da região e a Ucrânia reconheceu que os ataques foram lançados pelas suas forças.
Desde o início da invasão, a Crimeia foi utilizada como um dos centros de abastecimento dos russos.
Setembro
A Ucrânia recuperou várias zonas ocupadas pelos russos em Kharkiv. Logo a seguir, Putin convocou mais 300 mil russos para combater na guerra, o que levou vários homens a fugir do país e, consequentemente, do recrutamento.
Ainda em setembro surgiram os supostos referendos russos para anexar Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. A Ucrânia e o Ocidente descartaram a ideia e António Guterres chamou-lhe “uma violação” das leis internacionais. O que não impediu o presidente russo de assinar os documentos para avançar com a anexação.
Em resposta, a Ucrânia formalizou a sua candidatura à NATO.
Outubro
A operação da Ucrânia passou a ser comandada por um único general russo: Sergei Surovikin.
A 10 de outubro os ataques começaram a ficar mais constantes. A Rússia atingiu Kiev e outras cidades ucranianas com a mesma intensidade que tinha aplicado logo no início da invasão. Os apagões de energia e o racionamento tornaram-se ainda mais presentes na vida dos ucranianos.
Novembro
Em novembro o mundo ficou em suspenso. Um míssil caiu na Polónia, matou duas pessoas e ameaçou um conflito de maior escala entre a Rússia e os países da NATO. No final, a própria Polónia e outros líderes da aliança anunciaram que não se tratou de um ataque intencional.
No dia 9, a Rússia deixou a cidade de Kherson, a única zona que as tropas ainda tinham capturada.
Dezembro
No dia 21 de dezembro, Zelensky fez a sua primeira visita ao estrangeiro desde o início da guerra. O destino? Os Estados Unidos. O presidente ucraniano encontrou-se com Joe Biden e discursou no Congresso. A administração norte-americana anunciou mais 1,85 mil milhões de dólares (cerca de 1,75 mil milhões de euros) em ajuda militar à Ucrânia.
Na União Europeia chegou-se a acordo para mais um pacote de sanções contra a Rússia e para limitar os preços do gás natural.
Janeiro 2023
O ano começou com um ataque de mísseis ucranianos à cidade de Makevka. Do lado russo foram anunciadas 89 mortes, mas na Ucrânia falou-se em centenas. Dias mais tarde, a Rússia anunciou a captura de Soledar.
A apenas um mês do primeiro ano da guerra, vários apoios à Ucrânia foram anunciados. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a Alemanha enviaram veículos de combate. Os segundos enviaram também armamento.
A meio do mês, a Rússia lançou uma nova onda de ataques, sendo que um míssil atingiu um edifício residencial e matou 45 pessoas.
Fevereiro 2023
Um dos momentos que mais marcou este mês foi a visitar surpresa de Biden a Kiev. A imagem correu o mundo: os dois presidentes a andar lado a lado enquanto as sirenes soavam na capital do país invadido.
Zelensly também voltou a viajar. Primeiro aterrou no Reino Unido, onde se discutiu a ajuda do país em termos de armamento e veículos de combate, e depois encontrou-se com os líderes europeus em Bruxelas.