Apesar do jeito revelado desde tenra idade para o empreendedorismo, Ana Gonçalves decidiu enveredar pela fisioterapia como primeira carreira profissional. Mas aos 24 anos, a veia empreendedora pulsou mais alto, e comprou a clínica onde então trabalhava. Cerca de 10 anos depois, quando o mundo fechava portas devido à Covid-19, o seu lado empreendedor voltou a vir ao de cima, usando o digital como seu aliado. Criou eBooks que partilhou no seu Instagram pessoal, e que em menos de nada dispararam em número de downloads. A ajuda a outros profissionais de saúde foi ganhando forma e volume, até que, em 2022, lançou a Academia Negócios de Saúde (ANS), que hoje fatura mais do que 3 milhões de euros. A missão? Ajudar empreendedores na área da saúde e do bem-estar a alcançarem o sucesso com mais solidez a foco.
Quando surge o interesse pelo empreendedorismo e, sobretudo, o empreendedorismo ligado ao digital?
Eu acho que sempre fui muito empreendedora. É uma característica que tenho, a de inovar, a de querer fazer coisas diferentes, de organizar coisas, de resolver problemas (sempre fui muito boa a fazê-lo). O digital foi muito por necessidade. Em 2020, quando vem a pandemia e nós fechámos as clínicas, já tinha mais de 100 colaboradores, portanto, tinha ordenados a pagar. E pensei: “De que forma é que vou conseguir gerar valor e ao mesmo tempo ter alguma rentabilidade?” Percebi que nós, profissionais de saúde, estamos muito formatados para sermos bons técnicos e bons clínicos, mas esquecemo-nos de que quando temos um negócio, uma porta aberta, temos de ter determinado conhecimento.
A Covid-19 foi um momento de viragem para a Ana, ao tentar ajudar outros profissionais de saúde. O que fez exatamente?
As clínicas estavam fechadas, todos os dias saíam decretos de lei e normas diferentes que ninguém conseguia interpretar. E eu tenho esse super poder de descomplicar a informação. Então, criei um eBook, uma coisa simples, e lancei no meu Instagram. Numa tarde, 2 mil e tal pessoas descarregaram-no. Foi assim um boom… Criei uma ferramenta com a missão de ajudar que, de repente, escalou. Aliás, eu dizia sempre que ajudar era um hobby. Só ao fim de 2 ou 3 anos da Academia é que pensei: “Bem, se calhar é um hobby que já é mais uma empresa.” (risos)
Quando surge a ideia da criação da ANS?
Quando vim para o digital, não pensei logo em criar a Academia. Venho como Ana Gonçalves, a fazer eBooks. Depois, pediram-me para criar um curso digital (estávamos em casa). Quando fiz o primeiro evento presencial, pensei que tínhamos de dar um nome, e trouxe Academia AG, de Ana Gonçalves. O momento de mudança foi em 2022/2023, quando percebi o que queria. Eu estava a ensinar os outros a terem negócios que não dependiam deles, a ter negócios estratégicos, e eu não estava a ser nada estratégica, e estava a cometer erros. Então percebi: não, eu não quero uma Academia Ana Gonçalves; eu quero algo que seja também independente de mim, com outros especialistas e outros contributos, porque eu também não sei tudo. E foi aí que criei a ANS.
Como descreveria o seu estilo de liderança?
Acredito muito na liderança personalizada e individualizada, que nos obriga a passar tempo com as pessoas, a conhecê-las. E o conceito de que as pessoas não trabalham para mim; as pessoas trabalham comigo. É uma parceria. Portanto, é uma liderança próxima, empática. Mas, ao mesmo tempo, também sou muito exigente. Quem trabalha comigo sabe que tem de apresentar resultados.
Como encontra equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?
Eu sou muito disciplinada. Fui atleta de alta competição. O desporto deu-me disciplina. Tive um cancro, em 2016, e foi a mudança de “o que é que eu quero para a minha vida?”. Eu costumo dizer que ficar doente foi a melhor coisa que me aconteceu. Foi um sinal de alerta para: eu tenho de cuidar de mim, eu sou a mais importante do meu negócio e da minha vida, e quais são os meus inegociáveis. Para mim, há inegociáveis como treinar, ir buscar os meus filhos à escola, sábado e domingo não trabalhar (apenas excepcionalmente). E esses inegociáveis permitem-me também dizer “não” aos outros. Mas, acima de tudo, este equilíbrio consegue-se com muita disciplina.
De que forma a ANS tem contribuído para a inovação na área da saúde?
Modéstia à parte, acho que temos uma equipa muito nobre, porque conseguimos ser muito disruptivos. Contribuímos para a inovação com formações únicas, como o atendimento em saúde, a importância que o recepcionista tem no atendimento, como é que este nosso líder pode criar outras competências para ser bom líder em saúde… no fundo, a nossa oferta formativa específica na saúde.
Na perspetiva da Ana, como será, num futuro próximo, a área da saúde?
Com mais tecnologia. A inteligência artificial vai ser incrível, vai ajudar-nos a poupar tempo e recursos. Acredito que esta globalização vai permitir eu estar aqui em Portugal e ser operada por um médico que está nos Estados Unidos, portanto, vai permitir ter um acesso ainda maior aos cuidados de saúde. Vejo, obviamente, a digitalização a acontecer. As plataformas digitais ajudam na experiência do nosso cliente, porque cada vez mais as pessoas escolhem um profissional de saúde por verem na internet.
3 conselhos para novos empreendedores
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Fonte: Ana Gonçalves, CEO Academia Negócios de Saúde
Aponte na agenda
Dia 4 e 5 de abril, em Santarém, a Academia Negócios de Saúde realiza o III Congresso Gestão e Empreendedorismo para Profissionais de Saúde, um dos maiores congresso de saúde em Portugal.
Este Conteúdo foi desenvolvido em parceria com a Academia Negócios de Saúde.