“A grande diferença, na minha opinião, é a verba que a produção tem em cada projeto”

Quando idealizamos uma viagem, um novo trabalho, uma nova casa, um novo país, uma nova vida, tendemos a “deixar para depois” os desafios que tudo isso acarreta. No meu caso: a saudade, a solidão, a falta da nossa casa, da nossa cama, do abraço ao chegar do trabalho, a criação de uma nova rotina, a…
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Em exclusivo para a Forbes Portugal, o testemunho de Rita Pereira sobre o seu novo projeto no Brasil. Acompanhe os artigos da atriz no website da revista.
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Quando idealizamos uma viagem, um novo trabalho, uma nova casa, um novo país, uma nova vida, tendemos a “deixar para depois” os desafios que tudo isso acarreta. No meu caso: a saudade, a solidão, a falta da nossa casa, da nossa cama, do abraço ao chegar do trabalho, a criação de uma nova rotina, a preocupação com o que se passa em Portugal, a adaptação a uma cultura diferente, a falta de segurança em determinadas ocasiões, a confiança que podemos ou não depositar naquela pessoa que acabámos de conhecer, o facto de que, a partir de agora, a minha nacionalidade vem primeiro do que o meu nome, o sermos estereotipados com o “ora pois” dos portugueses que aqui chegaram há anos. É, nem tudo é o Ipanema das novelas brasileiras.

Mas, para lidar com tudo isto, tenho respirado fundo e concentrado no positivo desta incrível oportunidade que me foi dada e da qual sou muito grata.

Ao contrário do que estão à espera que eu diga, ser atriz no Brasil não é assim tão diferente do que em Portugal. A grande diferença, na minha opinião, é a verba que a produção tem em cada projeto. Sendo esta bastante maior é normal que os recursos sejam outros.

A preparação da personagem foi incrível. Sendo “Dona Beja” uma série de época (1830), tive aulas de história, aulas de maneiras e costumes, aulas de bordado da época, aulas de dança, tive fonoaudiologia para conseguir encontrar um sotaque luso-brasileiro adequado à história de vida da personagem, enfim, foi um mar de aprendizagem fantástico.
Depois vem o guarda roupa. Cada peça é feita propositadamente para cada personagem, desde os vestidos aos sapatos, os lenços, os leques, os chapéus. É impressionante. Os penteados, a maquilhagem, que é quase inexistente, os adereços, tudo é pensado ao pormenor e foi estudado e preparado por dezenas de pessoas durante dois anos. A produtora Floresta fez um trabalho notável.

E a cidade cenográfica?! Simplesmente de se perder o fôlego. A primeira vez que lá fui senti-me uma miúda na Disney.
É realmente mágico entrar numa cidade que sabemos ser “de cartão” mas que faremos dela real. Acreditam que até o papel de parede, as cortinas, os móveis, o chão, as ervas usadas em cenas de farmácia, nada é ao acaso.

No primeiro dia de filmagem estava num misto de “mas como é que eu fui escolhida para estar aqui” e “vai correr tudo bem, eu estou preparada”. Eram cerca de 30/40 pessoas no set, fora a figuração, dois realizadores por dia, não sei quantos seguranças, uma ambulância e dois bombeiros sempre presentes, coreógrafos, preparadores de atores, eu sei lá! Um infinito de pessoas, todas elas com um propósito: fazer a magia acontecer. Aqui entre nós, a minha estreia foi “super legal” e agradeço a cada uma das pessoas que fazem parte deste projeto.

Esta série está tão fantástica, só me apetece contar tudo. Estou muito orgulhosa de tudo o que se está aqui a passar. Ainda aqui vou ficar uns tempos portanto vou partilhando. Entretanto, feliz Natal a todos e que entrem em 2024 com muita saúde! Eu sei, é cliché, mas no final do dia será sempre o mais importante.

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