Quando começamos a entrar no mundo fantástico das finanças pessoais, o conceito de “fundo de emergência” é, provavelmente, um dos primeiros que vai surgir na nossa aprendizagem.
De forma resumida, o fundo de emergência é aquele dinheiro que devemos ter poupado para fazer face a, precisamente, emergências. Assim, se tivermos uma avaria do carro, um problema de saúde, ou algo do género, estaremos muito melhor preparados para fazer face a essa despesa, sem necessidade de movimentarmos alguns investimentos ou, no pior dos cenários, termos de recorrer a um cartão de crédito ou crédito pessoal para conseguirmos pagar.
Este fundo de emergência é, a meu ver, algo que todos devemos ter para que tenhamos uma base financeira mais confortável e segura. A questão que muitas vezes se coloca é: quanto dinheiro devo ter neste fundo de emergência?
Quando fazemos esta pesquisa, a informação mais habitual que surge aponta para um fundo de emergência suficiente para pagar 6 a 12 meses das nossas despesas mensais. Simplificando, se temos 1.000€ de despesas, então deveremos ter 6.000 a 12.000 euros neste fundo de emergência. O valor acumulado pode ser utilizado para algum imprevisto pontual, mas também nos garante se, por exemplo, perdermos o nosso emprego, conseguimos suportar as nossas despesas durante esse prazo, até conseguirmos encontrar uma nova fonte de rendimento.
Confesso que tenho algumas dúvidas sobre esta “regra” dos 6 a 12 meses. Na verdade, se há coisa que as finanças pessoais raramente têm são regras. As finanças são pessoais, ou seja, cada pessoa, terá as suas próprias “regras”.
Com isso em mente, este fundo de emergência terá, a meu ver, valores diferentes para pessoas diferentes, já que devem ser tomadas em consideração coisas como a idade da pessoa, o estilo de vida, a quantidade e variedade de rendimentos, a aptidão ao risco e outros do mesmo género. Por exemplo, acredito que um jovem recém-licenciado, que more com os pais e não tenha responsabilidades nenhumas, precise de um fundo de emergência muito curto. No outro extremo, um profissional liberal, com rendimentos altamente instáveis, com uma família, talvez se sinta mais confortável com mais do que 12 meses de fundo de emergência.
Em resumo, há duas mensagens que penso serem essenciais sobre este tópico: em primeiro é que todos devemos ter algum dinheiro poupado, mesmo que pouco rentável, para fazer face a imprevistos e prevenir stresses financeiros desnecessários. O segundo é que é responsabilidade de cada um definir qual o seu valor confortável. Muito mais relevante do que seguir uma regra, é aprendermos como nós próprios lidamos com o nosso dinheiro e tomarmos as nossas decisões e formular as próprias estratégias de forma independente.