Em 2020, Angie Costa dava o salto para o pódio dos youtubers mais influentes do país. Na lista publicada pela Forbes Portugal, a criadora de conteúdo apresentava um crescimento maior do que qualquer outro criador. Só que a partir daí as coisas não pararam de mudar. A determinada altura o foco deixou de estar na plataforma de vídeo e passou para o Instagram. “Comecei a dar prioridade ao Instagram porque começou a ser uma fonte muito mais rentável a nível monetário. Para mim era muito melhor estar ali. Partilhar o meu lifestyle todos os dias, meter stories era muito mais orgânico, era como se tivesse quase a fazer vlog e a meter todos os dias no meu Instagram, em vez de meter no Youtube”, explica Angie Costa à Forbes.
Quando decidiu deixar o Youtube em standby, Angie “sentia que não tinha muito para dizer” na plataforma, mas depressa encontrou novas formas de se manter presente na vida do seu público: a aposta na representação surgiu através da novela “Bem Me Quer”, da TVI.
Até chegar ao momento em que está agora ainda foi mãe e lançou uma coleção cápsula com a Rarus. O próximo desafio é o regresso ao Youtube, onde tudo começou, com o lançamento de um projeto que ainda mantem em segredo.
Quando não te estavas a sentir bem em relação ao Youtube, eras algo teu ou com a própria plataforma?
Não sei. Eu acho que as coisas mudaram, acho que com a chegada dos reels no Instagram, o Instagram ficou um mundinho onde podes meter imensa coisa. As pessoas já não andavam a lançar muitos vídeos no Youtube e acho que também me aninhei muito no Instagram. [Pensei:] ‘Já que posso meter coisas no Instagram, é muito mais fácil para mim e já não ando muito com essa paciência para o Youtube, vou fazer tudo no Instagram’. Não houve assim uma coisa especifica que me fez não ir ao Youtube, foi muito estar cómoda no Instagram.
Foi fácil fazer a transição do Youtube para a televisão ou levavas alguns hábitos do online?
Um que é óbvio é o facto de o youtuber estar sempre a olhar para a câmara e na novela podes fazer tudo, menos olhar para a câmara. Mas foi a única coisa, consigo ser muito flexível em cada espaço onde estou.

Quando começaste a fazer a novela, o objetivo era manter o canal?
Não prometia ser assídua no Youtube, mas queria manter. É como agora, já não meto um vídeo há um ano, mas o Youtube é uma plataforma onde vou sempre voltar, onde vou lançar um projeto. Quero ter sempre o Youtube ali porque foi onde comecei e nunca o quero deixar. Na novela cheguei a publicar vlogs dos bastidores, as pessoas adoraram. O Instagram também começou a ser a minha fonte de rendimento, tenho imensas marcas a apostarem em mim e não é todos os dias que tenho aquele trabalho de ir à agência ou falar por e-mail com uma marca, fazer fotografias. A responsabilidade de ser mãe também mudou, e a paciência. Agora voltei a ter outra vez mais tempo, já vou ter aquele projeto novo no Youtube. Ele [o Youtube] está sempre ali e eu sei que acabo sempre por voltar.
Com o regresso ao Youtube, como vai ficar o Instagram?
Vai continuar igual. Não sou aquela pessoa que está sempre a publicar, que tem um cuidado excessivo com o Instagram. Partilho muito de forma natural, vejo mesmo na minha conta aquilo que eu sou.
E a representação?
Quero manter, sou um livro aberto, umas portas abertas. Claro que depois de ter o Martim fiquei ali mais condicionada, porque fazer uma novela exige muito trabalho, as pessoas não imaginam, mas exige muitas horas de trabalho. Com o Martim, naquela fase do início, era muito complicado, mas agora já tenho mais tempo, portanto livro aberto, estou aqui para analisar todas as propostas.
O que tem mudado ao longo dos anos para os criadores de conteúdo?
Acho que há uns anos as pessoas tinham uma mentalidade muito retrógrada em relação aos criadores de conteúdo, mas agora já se começa a ver cada vez mais pessoas a aderir. E senti muito isso depois da quarentena, porque imensa gente não tinha forma de ter rendimento e passou para o digital. Há mais gente a acreditar neste mercado. O digital é um mercado gigantesco, depois da quarentena foi o digital que salvou imensa gente, imensas vendas. Acho que as pessoas depois desse momento valorizaram muito o digital, deixaram de ter uma mente mais retrógrada e começaram a acreditar mais nisto.
O marketing de influência é a forma mais eficaz de uma marca chegar aos consumidores?
Não sei se é a mais, mas é uma das top 3. Toda a gente está no digital, da nossa faixa etária então, as pessoas mais novas são se calhar quem compra mais também. É onde as pessoas passam muito tempo, seguem as pessoas que mais gostam e acabam por gostar.

Que objetivos tens traçados para o futuro?
Este ano estou a realizar muitas coisas boas que já queria há algum tempo, projetos pessoais também. Mas objetivos, adorava fazer um musical, está na minha lista. Sempre esteve na minha lista, mas este ano estou numa de fazer coisas que nunca fiz. Fiz a minha coleção cápsula com a Rarus, fui para Tulum, estava mesmo feliz. Estou a fazer este meu programa também, uma coisa pessoal, minha, o meu primeiro projeto. Não tenho assim mais nenhum objetivo, é manter no Instagram, que as coisas me corram bem, ter estes projetos grandes ou mini. Não parar de fazer coisas, mostrar só esta personalidade furacão que pode animar muitas pessoas e entreter muita malta que precise.
Quando falas de um programa é algo mais voltado para os podcasts?
Digo programa pelo simples facto de ter um conceito, tem muito mais realização, mas são vídeos no Youtube, continuam a ser vídeos de entretenimento, jogos. Não é um podcast, é mais um videocast. É como se fosse um vídeo para o Youtube, mas tem outra qualidade, com muita mais realização e mais preparação. Em relação aos podcasts, de há uns anos para cá senti muito que as pessoas queriam que eu criasse um, e eu criei na altura o “Não Sejas Pussy” com a Sofia Barbosa, mas não me enquadrei muito. Sempre tive muito medo de dar a minha opinião e no podcast pede-se muito isso, falares das coisas abertamente. A Sofia fazia isso na perfeição, eu já era muito mais acanhada. Agora as pessoas estão a voltar outra vez a consumir imensos podcasts, e é por isso que nós digital influencers vamos muito para o que as pessoas gostam, é esse o nosso trabalho. Se é por aí que a roda está a ir, é por aí que a roda está a ir. Mas em relação ao programa, quando eu lançar vão perceber que é exatamente aquilo que eu fazia, mas com uma coisa ali diferente.
Tiveste de te preocupar com a responsabilidade de influência porque as pessoas começaram a exigir isso de ti?
Sim, estou a sentir. Já sentia uma grande responsabilidade, mas de há um ano ou dois para cá ainda sinto uma pressão maior e um receio de dizer alguma coisa. Ainda bem que os tempos estão a mudar e que estamos a dar importância a outro tipo de assuntos, mas há pessoas em todo o lado que nos querem mal e qualquer coisa que nós possamos dizer fazem daquilo uma coisa gigante. Tens de ter mesmo cuidado com aquilo que vais dizer. Podia dar mil exemplos, mas uma palavra pode mudar tudo. Ainda bem que temos esta voz grande para falar de temas que são realmente importantes, mas às vezes até temos receio que as pessoas não interpretem dessa maneira.