O volume de negócios consolidado da Sonae atingiu um valor recorde em 2024 ao crescer 18% em termos homólogos para perto de dez mil milhões de euros (9.947 milhões de euros, mais precisamente).
O grupo obteve um lucro de 223 milhões de euros em 2024, performance que esteve 134 milhões de euros abaixo do lucro de 2023 (quando se verificou um lucro de 357 M€), embora o ano de 2023 tenha beneficiado da mais-valia da venda do Iberian Sports Retail Group. Descontado esse efeito contabilístico conseguido com uma venda extraordinária em 2023, a Sonae apresentou um crescimento nos lucros de 18% em 2024.
O EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) passou de 990M€ (ano 2023) para 1.034M€ (ano 2024), um crescimento de 4,5%. Numa base comparável (excluindo itens não recorrentes e a contribuição do ISRG em 2023), o EBITDA teria aumentado 30% em termos homólogos em 2024, diz a empresa.
Estes resultados levaram Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, a classificar 2024 como “um ano memorável para a Sonae”, referindo estar “plenamente convencida de que temos todas as condições para alcançar ainda mais sucesso no futuro”.
Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae destaca que o resultado líquido atribuível aos acionistas reflete “o crescimento e melhoria de desempenho dos negócios, o aumento dos custos financeiros e dos impostos, o investimento na expansão e internacionalização do portefólio, a aposta na digitalização dos negócios e o esforço contínuo por ganhos de eficiência para oferecer a melhor proposta de valor aos clientes”.
A gestora refere que, “globalmente, todos os nossos negócios tiveram um desempenho excecional num contexto de elevada competitividade”.
O segmento de retalho alimentar da MC “apresentou excelentes resultados apesar da pressão concorrencial, com ganhos consistentes de quota de mercado. As vendas da empresa neste segmento cresceram 7% em 2024, impulsionadas por aumentos significativos nos volumes em todos os formatos, num ambiente de baixa inflação. Este desempenho foi suportado num crescimento sólido no parque de lojas comparável (crescimento Like for like, LfL, de +4,4% em 2024) e numa execução eficaz da estratégia de expansão de lojas (com um recorde de 25 novas lojas próprias Continente em 2024)”.
Olhando para o futuro, a MC “tem oportunidades claras para continuar a crescer, nomeadamente em formatos de proximidade e conveniência, em áreas urbanas, e através do canal online e de serviços de entrega rápida”, entende Cláudia Azevedo.
O segmento de saúde, beleza e bem-estar da MC “apresentou um crescimento significativo de vendas, impulsionado pelo bom desempenho das nossas insígnias originais e pela inclusão da Druni no nosso portefólio. A combinação da Wells, Arenal e Druni estabeleceu um líder ibérico com a oportunidade de captura de sinergias importantes num mercado em rápido crescimento. Estou muito otimista quanto a esta avenida de crescimento da MC e da Sonae, bem como ao valor que irá criar no futuro”, diz a CEO do Grupo.
A Worten cresceu 8% em vendas face a 2023, expandindo o seu portefólio para além dos produtos de eletrónica e eletrodomésticos, particularmente através do seu marketplace e da sua oferta de serviços.
A iServices reforçou a sua posição em Portugal, tendo simultaneamente acelerado a expansão da sua rede de lojas na Bélgica, França e Espanha, tendo como objetivo explorar um mercado europeu de serviços de reparação que a gestora afirma estar “em franco crescimento”. No final de 2024, a iServices já tinha 32 das suas 93 lojas localizadas fora de Portugal.
Em 2024, a Sonae adquiriu a Musti, o que reforçou a sua presença internacional e posição no mercado de cuidados para animais de estimação. Em novembro, a Musti expandiu a sua presença para os países bálticos através da aquisição da Pet City, reforçando a estratégia de crescimento neste setor por parte do grupo: “A aquisição da Musti, empresa líder no retalho de produtos e cuidados para animais de estimação, presente nos países nórdicos, permitiu à Sonae entrar num setor de grande crescimento”, afirma Cláudia Azevedo.
A Sierra beneficiou do facto do seu portefólio de centros comerciais ter ultrapassado os níveis de tráfego e vendas de lojistas do período pré-pandemia (nível de ocupação global de 98,4%), tendo simultaneamente continuado a diversificar o seu negócio para áreas de serviços e promoção imobiliária “que permitirão um crescimento sustentado em negócios adjacentes”, comenta a CEO do grupo.
A empresa deu passos no segmento residencial, adquirindo um lote para o seu primeiro projeto Build-to-Rent em Portugal e garantindo o seu primeiro projeto residencial em Espanha durante o quarto trimestre de 2024.
“Apesar do exigente ambiente económico no Brasil, a ALLOS apresentou um desempenho operacional e financeiro positivo em 2024, com o resultado operacional a atingir 1,4 mil milhões de reais, um crescimento de 29% face a 2023. A NOS alcançou resultados operacionais e financeiros recorde”, explica a gestora, acrescentando que a NOS “reforçou a sua quota de mercado em Portugal, após anos de fortes investimentos na modernização das suas redes móveis e fixas”.
Tudo somado, a expansão do portefólio da Sonae e o bom desempenho dos seus principais negócios permitiram alcançar dois marcos históricos: as vendas do grupo atingiram aproximadamente 10 mil milhões de euros, aumentando 18% face ao ano anterior, e o EBITDA ultrapassou os mil milhões de euros.
Os investimentos feitos “foram estrategicamente geridos para apoiar oportunidades de criação de valor, incluindo a melhoria das nossas competências digitais, expansão dos nossos negócios e concretização de oportunidades de reconfiguração do portefólio”, destaca Cláudia Azevedo: “Como resultado, a geração de free cash flow operacional evoluiu favoravelmente, aumentando de 25M€ para 261M€. Adicionalmente, novas oportunidades emergiram a partir da colaboração entre as empresas do grupo. Exemplos incluem a adesão do Continente ao marketplace da Worten como seller, a parceria entre a NOS e a Worten para oferecer soluções especializadas de segurança doméstica para os lares portugueses, o trabalho conjunto entre a Musti e a Zu tendo como objetivo aprofundar competências no setor de animais de estimação e explorar iniciativas conjuntas, e a parceria do Continente com a Sensei – parte do portefólio da BrightPixel – para desenvolver uma loja totalmente digital e automatizada. Estes são apenas alguns exemplos de como criamos valor enquanto grupo”. Também a Worten abriu 38 novas lojas iServices em 2024, terminando o ano com 61 lojas em Portugal e 32 lojas no estrangeiro.
Com base nestes resultados, a Sonae vai propor uma distribuição de dividendos de 5,921 cêntimos por ação, mais 5% do que no exercício anterior.