Cimpor: «Estamos a investir mais de 300 milhões de euros para apoiar a descarbonização»

Foi na passada passada quinta-feira, dia 27, que aconteceu no Olissippo Lapa Palace, a primeira edição do Prémio Forbes Green ESG Awards, que premiou 10 líderes e projetos que se destacam no panorama nacional na área da sustentabilidade. Durante o evento a Forbes promoveu um debate, com o tema Agentes da Mudança: Até onde vai…
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Nelson de Oliveira, da Cimpor, revelou, durante a entrega dos galardões Forbes Green Awards, que a descarbonização da empresa é um aspeto prioritário e que são vários os projetos em curso para tirar a empresa da lista das maiores poluidoras nacionais.
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Foi na passada passada quinta-feira, dia 27, que aconteceu no Olissippo Lapa Palace, a primeira edição do Prémio Forbes Green ESG Awards, que premiou 10 líderes e projetos que se destacam no panorama nacional na área da sustentabilidade. Durante o evento a Forbes promoveu um debate, com o tema Agentes da Mudança: Até onde vai a nossa responsabilidade no E, no S e no G, que contou com a participação de quatro protagonistas na área da sustentabilidade. Alice Khouri, fundadora da Women in ESG, Luis Rochartre, Professor do ESG, Nelson de Oliveira, responsável de Planeamento e Energia da Cimpor e Paula Guimarães, directora de Sustentabilidade da Navigator Company apresentaram as suas visões para o tema da ESG – Environmental, Social and Governance.

Desafiado a explicar à plateia como é que a Cimpor, que labora numa indústria poluente, está a enfrentar os desafios ambientais e da sustentabilidade, revelou que a empresa, que está entre as cinco empresas com maiores emissões de carbono a nível nacional, pretende sair rapidamente desta lista. E para tal, não está parada. “Temos cerca de 300 milhões de euros em investimentos destinados a apoiar a nossa descarbonização”, afirmou. E explica que a Cimpor pretende uma redução da utilização dos combustíveis fósseis como fonte de energia térmica e uma maior incorporação de energia verde. “Estimamos conseguir, até 2030, incorporar no nosso mix energético, entre 48% e 50% de energia verde autoproduzida. Temos vários projetos como produção de energia fotovoltaica, produção de energia eólica, e ainda o aproveitamento do calor residual resultante das nossas chaminés. São gases sobre a forma de vapor de água, que rondam os cerca de 100 graus, e nós vamos reaproveitar esses gases, de forma a produzir energia elétrica para autoconsumo”, explica o responsável.

A Cimpor pretende uma redução da utilização dos combustíveis fósseis como fonte de energia térmica e uma maior incorporação de energia verde. “Estimamos conseguir, até 2030, incorporar no nosso mix energético, entre 48% e 50% de energia verde autoproduzida”, revela Nelson de Oliveira. 

Também Paula Guimarães, da Navigator Company, refere que a empresa nacional, de grande dimensão, tem uma responsabilidade social relevante, e pretende fazer da floresta “a resposta ideal aos desafios da atualidade, aos desafios de contribuirmos todos para uma economia de baixo carbono e circular. A floresta tem um papel importantíssimo porque é geradora de uma matéria-prima de base natural, reciclável, renovável, portanto, é o momento certo para acarinhar um negócio como este”.

Além de referir que a empresa está a desenvolver bioprodutos, Paula Guimarães disse ainda que tem a Navigator tem a responsabilidade social de reduzir as emissões da companhia. “Temos um plano de descarbonização, que foi lançado já em 2019, com o objetivo de reduzir emissões diretas. Entretanto avançamos com metas mais ambiciosas e temos diversas ações no âmbito da valorização de resíduos, da redução da utilização de água, e muito trabalho feito também no âmbito social”.

E alerta a audiência que o ESG ainda está muito ligado ao report, à necessidade de produzir relatórios, mas a sustentabilidade é muito mais do que isso. “A empresa faz relatório de sustentabilidade desde 2005, na altura não havia sequer uma Direção de Sustentabilidade, que nasceu em 2015. O papel de diretor de Sustentabilidade nasceu nessa altura, foi evoluindo, e eu estou nesta função desde o início do ano passado. (…) A sustentabilidade é muito sobre ambição, sobre inovação, e portanto, nunca estamos sossegados”, explica.

Women in ESG já conta com 680 participantes

Alice Khouri, fundadora da plataforma Women in ESG, fala à audiência sobre a importância da igualdade de género para a discussão dos objectivos ESG. E diz: Se o desafio da transição climática, da transição energética e das alterações climáticas requer pensar fora da caixa, vamos começar, sobretudo, pela governança, garantindo que a tomada de decisões já nasça com essa vantagem da diversidade e da igualdade de género como um pelouro comum”.

Afirma que o movimento Women in ESG nasceu com a missão de mostrar ao mercado que, já que vai fazer uma mudança tão grande que permita a transição climática, porque não usar todo o talento disponível, o que obviamente inclui as mulheres. Explica ainda que “a gente tem uma série de características sociologicamente atribuídas ao género que a gente nunca vai saber se, de facto, pertencem ao género ou se foram atribuídas ao longo do tempo”. Ou seja, para ela muito dessa atribuição de características aos géneros foi inventada sociologicamente. Logo, o que é importante na igualdade de género é falar de de igualdade de oportunidades e igualdade de acesso para uma contribuição também ela igualitária.

Questionado sobre de que forma o meio académico pode ajudar a desmistificar a percepção de que o lucro e a sustentabilidade não andam de mãos dadas, Luís Rochartre, que representa a classe, recorda que “quando comecei a tratar destes assuntos de uma forma mais estruturada, há mais de 20 anos, para mim havia um mistério porque é que poucas escolas e sobretudo as business school não tratavam este assunto e quando tratavam era por via da ética.” Reconhece que os académicos quando tratam destes temas referem-se mais à ética, e é um desafio dar aulas sobre o tema, ainda que procure sempre casos de sucesso, ideias giras de negócio com impacto nesta temática, e que não passem apenas de ideias no papel. As formações em ESG têm cada vez mais procura, é o mercado que as pede, mas tem de haver casos de estudo para se tornarem atrativas.

Os oradores discutiram ainda como atrair as gerações mais jovens para a questão da sustentabilidade, sendo que, quer a Cimpor, quer a Navigator, têm programas e iniciativas específicas para abordar esta questão e sobretudo para atrair e reter talento, em indústrias que podem não ser as mais atraentes para os jovens.

Em relação a esta questão das diferentes gerações, Alice Khouri ressalva que a plataforma Women in ESG criou um mix intergeracional em iniciativas que misturam mulheres com mais de 10 anos de experiência com mulheres que têm menos de 10 anos de atuação neste tema, criando, por exemplo, duplas para escrever colunas de opinião sobre o ESG, o que gerou uma boa experiência para as participantes na iniciativa. A plataforma conta hoje com mais de 680 mulheres, com diferentes currículos e junta desde responsáveis de grandes empresas a empreendedoras, em áreas muito diversificadas.

Ficou no ar, no entanto, a mensagem que apesar do caminho já percorrido, muito está ainda por fazer no que diz respeito à sustentabilidade e aos critérios ESG.

 

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