Ao que parece, a crise instalou-se mesmo no luxo. Apesar da ideia corrente de que luxo não deixa de vender, porque os ricos serão sempre ricos – e nunca houve tantos ricos como agora -, a verdade é que este setor está a mostrar sinais de quebra, sobretudo no que diz respeito à moda.
Depois de há uns dias o grupo francês LVHM, dono de marcas como a Louis Vuitton e a Dior, ter apresentado resultados abaixo das expectativas, é a vez da Kering, empresa que detém a Gucci, entre outras marcas, desiludir agora os investidores.
A LVHM, que pertence, em parte, ao homem mais rico do mundo, segundo a lista da Forbes de fevereiro de 2024, com uma fortuna então de 233 mil milhões de dólares (216 mil milhões de euros) na altura – embora, atualmente esteja em segundo lugar, depois de Elon Musk ascender ao topo – apresentou os resultados do terceiro trimestre há uns dias, anunciando uma quebra de 3% nas receitas.
A quebra das vendas do setor está a instalar-se, pois o grupo LVMH funciona como uma bitola para o mercado do luxo, que pode estar a cair em recessão, como aconteceu em 2008. O principal responsável para esta queda foi o mercado chinês.
A área de negócio que mais caiu – cerca de 5% – foi a da moda e artigos de couro, a que representa cerca de metade das receitas totais. Isto depois das receitas terem crescido 14%, alcançando os 93,4 mil milhões de dólares (cerca de 86,3 mil milhões de euros) no final de 2023.
Foi já no primeiro trimestre deste ano se começou a sentir a tendência: uma queda de 3% no primeiro trimestre, seguida de uma queda de 1% no segundo. O terceiro trimestre veio confirmar o pior cenário: a quebra das vendas do setor está a instalar-se, pois o grupo LVMH funciona como uma bitola para o mercado do luxo, que pode estar a cair em recessão, como aconteceu em 2008. E o principal responsável para esta queda foi o mercado chinês.
Gucci também segue a tendência de quebra
E o grupo Kering – que também detém a Saint Laurent, a Balenciaga e a Bottega Veneta -, não conseguiu combater a tendência descendente, apresentando agora resultados pouco satisfatórios. As vendas do grupo francês, que ascenderam a 3,79 mil milhões de euros, caíram 16% no terceiro trimestre, sendo a Gucci, a marca bandeira, e que representa metade das vendas e dois terços dos lucros, a que mais caiu. Também aqui a China parece ser o principal responsável para as quebras de vendas.
A Kering anunciou que, a partir de janeiro, Stefano Cantino será o novo CEO, substituindo assim Jean-Francois Palus, executivo que está há vários anos na empresa
Os analistas da plataforma de investimento online XTB referem que a empresa de artigos de luxo previu que o rendimento para 2024 seria o mais baixo em oito anos devido a uma queda acentuada nas vendas da sua marca principal, Gucci. Na sequência disto o preço das ações da Kering caiu 40% no acumulado do ano.
A Kering tem estado a avançar com uma reestruturação da marca centenária, alterando as equipas de gestão e com um novo design, a cargo de Sabato de Sarno
A empresa anunciou que a partir de janeiro Stefano Cantino será o novo CEO, substituindo assim Jean-Francois Palus, executivo que está há vários anos na Kering.