Durão Barroso

Europeísta sim. Cidadão do mundo também. E, sem contraditórios, assumidamente português. José Manuel Durão Barroso num direto sobre a GAVI, a Europa e os seus ‘ses’, o potencial da Lusofonia e a sua visão dos 4 D’s Tem dificuldade em apontar um livro, é um leitor compulsivo, de poesia também, de Camões a poemas ingleses,…
ebenhack/AP
As vacinas, a Europa, a Goldman Sachs Internacional e o ser português além-fronteiras. A entrevista completa na edição junho/julho, agora nas bancas.
Destaque

Europeísta sim. Cidadão do mundo também. E, sem contraditórios, assumidamente português. José Manuel Durão Barroso num direto sobre a GAVI, a Europa e os seus ‘ses’, o potencial da Lusofonia e a sua visão dos 4 D’s

Tem dificuldade em apontar um livro, é um leitor compulsivo, de poesia também, de Camões a poemas ingleses, a ouvir Bach ou António Carlos Jobim, porque a ‘música popular brasileira é das mais ricas do mundo’, e porque ele próprio, José Manuel Durão Barroso é um cidadão do mundo. Em Londres, onde nos recebeu, em Portugal onde nasceu ou em qualquer parte do mundo por onde já passou e por onde tem estado, diz, não ver “qualquer contradição entre ser-se português e ser-se também cidadão europeu ou até cidadão do mundo. Gosto de pensar que essa é a nossa melhor vocação e tradição em Portugal. Devemos ser abertos ao mundo. E Portugal, nos melhores períodos da sua história, foi quando conseguiu essa abertura e não quando se fechou sobre si próprio”. Falamos de uma quase timidez nacional que nos impede de ir mais além, como na agora finda presidência europeia apelidada por uns e outros de discreta e sem rasgos, mas Durão Barroso acrescenta que não poderia ter sido de outra forma, “Portugal cumpriu os seus objetivos, era muito difícil esta presidência, porque obviamente estava tudo condicionado pela pandemia e a própria visibilidade da presidência sofreu com isso. Neste contexto muito exigente foi positivo que se conseguissem realizar os objetivos inicialmente anunciados”.

A palavra de ordem é seguir em frente. Também para a nossa classe empresarial que “cada vez mais entende que o nosso mercado não é o português e nem sequer só o mercado europeu, o mundo apesar de todas as ameaças que se fazem sentir, também do ponto de vista de protecionismo e até de um perigoso decoupling a nível global, continua a ser o horizonte para quem queira promover os seus interesses e a verdade é que esta própria pandemia tem reforçado uma tendência que já vinha a desenvolver-se, e que agora acelerou imenso, que é a digitalização. Espero que os empresários portugueses não se deixem desanimar por algumas dificuldades, muitas vezes colocadas mais pelo próprio sistema português, como a carga fiscal excessiva, ou até o tema da justiça e da sua lentidão que é, a meu ver, um dos maiores problemas do nosso sistema económico”.

A favor, dos empresários e dessa portugalidade, nomes lusos em posições estratégicas, como António Guterres, António Simões, Horta Osório, o próprio Durão Barroso, podem ajudar? Diz que sim, são ativos que “podem e devem mobilizar as suas redes de contatos para apoiar Portugal.  Pela minha parte é isso que tenho feito sempre que tenho essa oportunidade.  Sou convictamente europeísta, mas ninguém na União Europeia desconhecia que também sou profundamente português e a verdade é que procurei nas minhas funções não apenas valorizar o nosso país, mas também, por exemplo, os países de língua portuguesa. É um network que tem contribuído de algum modo para trazer investimentos estrangeiros a Portugal e para maior influência de Portugal em círculos internacionais”.

Mais Artigos