O entusiasmo em torno do ChatGPT e da tecnologia de IA poderá criar oportunidades de crescimento para muitas empresas no setor tecnológico.
A corretora online Freedom Finance Europe olhou para o mercado para avaliar que tipo de empresas poderão mais beneficiar com estes mais recentes avanços, quais as empresas que mais irão beneficiar com esta febre das soluções de IA e qual o potencial deste mercado.
Na perspetiva de quem pretende investir quais as empresas mais interessantes, a ter debaixo de olho?
A Inteligência Artificial requer uma enorme capacidade de processamento paralelo por parte das unidades de processamento gráfico (GPUs). Neste campo, o líder em GPUs é a Nvidia (NVDA).
“É importante sublinhar que o ChatGPT nem sequer corre atualmente no mais recente chip da Nvidia, o H100 ou “Hopper”, que foi lançado no final do ano passado. A versão atual do ChatGPT corre nos chips A100 mais antigos, lançados há dois anos”, observa a Freedom Finance.
“Ou seja, se a febre em torno do ChatGPT parece ser impressionante agora, o melhor está para vir”, afirma a corretora que concretiza: “O H100, que começou a ser lançado em outubro, deverá executar as funções de ‘aprendizagem’ da IA nove vezes mais rápido que o A100 e a tarefa de ‘output’ – ação relacionada com a resposta de IA a uma questão ou a outros estímulos – 30 vezes mais rápido. Para além disto, o H100 promete uma eficiência energética 3,5 vezes superior e um CTO (custo total de propriedade) e três vezes menor”.
Se a febre em torno do ChatGPT parece ser impressionante agora, o melhor está para vir.
Este ano a Nvidia está também a lançar um processador chamado Grace, especificamente concebido para funcionar em conjunto com o Hopper e com os processadores do network data center (DPU) da Nvidia. “Juntos, estes sistemas completos de inteligência artificial deverão permitir uma ligação em rede e uma circulação de dados dentro do sistema ultrarrápidas, para além do processamento ultrarrápido por parte da GPU”, afirma a Freedom Finance.
“É verdade que as receitas da Nvidia provenientes dos chips de gaming caíram drasticamente no terceiro trimestre, devido à pandemia dos videojogos e ao mercado da cripto moeda, mas as receitas dos centros de dados cresceram uns impressionantes 31%. Com o lançamento dos chips Hopper H100 e o início das guerras da IA, espera que 2023 seja um ano extremamente positivo para a Nvidia 2023”, antevê a Freedom Finance.
Atendendo ao previsível sucesso da Nvidia, os especialistas na análise de mercado da Freedom Finance realçam o facto de a Nvidia depender de duas empresas estrangeiras, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Corporation (TSML) e a ASML Holdings (ASML), para produzir GPUs.
“A ASML tem o monopólio de uma tecnologia chave usada no fabrico de semicondutores avançados designada litografia ultravioleta extrema (EUV). A Taiwan Semiconductor tem o seu próprio fosso competitivo graças a anos de experiência na maior fundição subcontratada do mundo”, comenta a Freedom Finance.
“A TSMC superou a Intel há alguns anos no fabrico de chips avançados, e essa vantagem só parece estar a aumentar dada a sua capacidade de escala, e as dificuldades atuais da Intel devido ao fraco mercado de PCs. A partir do quarto trimestre, a TSMC estava a produzir mais de 56% dos semicondutores do mundo”, aponta a corretora que recorda outro dado: a direção da TSMC salientou que o seu segmento de computação de alto desempenho para clientes de IA é o grande driver para a recuperação do mercado de semicondutores na segunda metade de 2023.
O desenvolvimento da Inteligência Artificial irá impulsionar a procura por produtos das empresas mais avançadas neste campo, ou influenciar indiretamente os seus resultados.
Outra empresa cujas ações têm um potencial de valorização grande será o fabricante de memória Micron Technology (MU), já que todo este processamento de dados requer enormes quantidades de memória e armazenamento.
É verdade que “os resultados da Micron estão atualmente em queda livre, e os seus ganhos deverão ser negativos nos próximos dois trimestres, fruto da quebra histórica nas vendas de PCs e do enfraquecimento do mercado dos smartphones e da eletrónica de consumo”.
Mas, “com concorrência reduzida, tanto a Micron como a SK Hynix anunciaram reduções drásticas de custos para 2023, o que deverá ajudar a reequilibrar a oferta e a procura no segundo semestre do ano. Além disso, no ano passado, Micron alcançou a liderança tecnológica nesta concorrência restrita”, refere a Freedom Finance.
“Nos últimos seis meses, a Micron tornou-se no primeiro fabricante de memórias a lançar chips DRAM 1-beta e o primeiro fabricante de chips de memória flash NAND de 232 camadas. Dada a liderança tecnológica atual, e tendo em conta que todos os players do mercado estão a reduzir a sua produção, a Micron deverá beneficiar, na segunda metade de 2023, da forte procura por servidores IA de memória”, anteveem os analistas.
Companhias ligadas ao desenvolvimento de software, serviços cloud e fabricantes de microchips estão entre as que mais beneficiarão do desenvolvimento do ChatGPT.
A Microsoft (MSFT), que já investiu mil milhões de dólares no OpenAI em 2019, e ao que parece a gigante está alegadamente em conversações para investir mais 10 mil milhões na empresa, vê uma grande promessa neste novo e melhorado motor de IA.
Na semana passada a Microsoft lançou o serviço OpenAI na sua plataforma Azure, e já fez saber que pretende integrar capacidades do ChatGPT nos seus atuais produtos – do Office ao Bing.
Na semana passada, no Fórum Económico Mundial, Satya Nadella, CEO da Microsoft, disse que a IA se tornaria “mainstream” em “meses, não anos”. “Agora que a IA parece ter atingido o ponto em que se tornam uma aposta ganha para uma vasta gama de aplicações empresariais e de consumo, todos os gigantes tecnológicos irão investir fortemente na IA para se manterem na linha da frente da inovação e concorrência. Se as guerras da IA começarem, as empresas que produzem os semicondutores que fazem a IA funcionar – deverão registar lucros sólidos, talvez até mais do que a Microsoft ou outras grandes plataformas tecnológicas”, concluem os analistas.