Escalada dos preços do café é uma “preocupação”, diz CEO da Delta Cafés

Os preços mundiais do café estão a atingir máximos históricos e os últimos dados de fevereiro não são exceção registando uma subida de 14,3% em relação a janeiro, de acordo com a Organização Mundial do Café (OIC). Este cenário não deixa indiferente quem faz da produção e comercialização do café o seu negócio, como é…
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O CEO da Nabeiro – Delta Cafés, Rui Miguel Nabeiro, admitiu a preocupação evidente face à escalada do preço do café. Outra preocupação é a crise política no país que cria instabilidade na economia.
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Os preços mundiais do café estão a atingir máximos históricos e os últimos dados de fevereiro não são exceção registando uma subida de 14,3% em relação a janeiro, de acordo com a Organização Mundial do Café (OIC).

Este cenário não deixa indiferente quem faz da produção e comercialização do café o seu negócio, como é o caso do grupo Nabeiro – Delta Cafés, cujo presidente executivo, Rui Miguel Nabeiro, não escondeu que a escalada de preços é uma “preocupação que temos, naturalmente, não posso esconder” assumindo que no ano passado o grupo de Campo Maior fez dois aumentos de preço. O gestor falava aos jornalistas à margem do lançamento do café Amboim pela Delta The Coffee Experience, que homenageia as mulheres angolanas que se dedicam a esta produção e que resulta de uma parceria com a Associação das Mulheres Empreendedoras de Porto Amboim, na província do Cuanza Sul.

“Não posso e não falarei sobre o preço de retalho do produto, porque isso é um preço que os retalhistas praticarão, portanto não sei qual é o preço a que o café irá chegar à bica. Sei que é com alguma preocupação que vemos a situação internacional do preço do café, podemos falar em especulação, já ouvi muitas teorias, o que é facto é que há pouco café para comprar no mercado e isso tem impactado nos preços do café”, sublinhou o CEO do grupo fundado pelo Comendador Rui Nabeiro.

Ainda assim, o gestor destacou que “a Delta trabalha sempre com seis a nove meses de stock e o meu primo aprendeu muito bem essa arte de comprar o café como avô e nós estamos cobertos de stock até junho”. Quanto à estratégia no futuro próximo apenas admite que “dependerá da evolução natural do preço do café”.

Sem querer fazer futurologia quanto à evolução do mercado, Rui Miguel Nabeiro admitiu “acreditar que o café não vai continuar a subir muito mais para lá de onde está. Mas há um ano eu dizia isto, e, de repente, o café subiu 50% na origem num ano”.

Qualquer que venha a ser o cenário, Rui Miguel Nabeiro é perentório em afirmar que “a Delta Cafés irá sempre proteger as suas margens deste negócio e, portanto, é muito importante que nós o façamos. Somos uma empresa que quer ser sustentável a longo prazo e, portanto, quando sentirmos que não temos outra hipótese, como seja, passar esse preço para o consumidor, teremos de o fazer”. E reiterou que “neste momento, temos cobertura até ao mês de novembro, vamos aguardar para ver como é que o preço evolui, no nosso caso, Delta, depois decidiremos o que é que iremos fazer”.

No rescaldo da queda do Governo depois da rejeição da moção de confiança no Parlamento, em que, o cenário passará por novas eleições, o CEO do grupo Nabeiro – Delta Cafés, Rui Miguel Nabeiro, assume que vê a atual conjuntura com “alguma preocupação, no momento, em que, a Europa atravessa um momento de bastante incerteza, até na relação com os Estados Unidos”. Rui Miguel Nabeiro sublinhou que “vejo com alguma preocupação esta situação que ontem vimos desenrolar-se no nosso País. Não sei se era possível ser evitável ou não, não me compete a mim avaliar isso, mas apenas dizer que é com alguma preocupação que o vejo”.

O gestor lembrou que “a instabilidade não é muito amiga da economia e quando vivemos uma incerteza internacional, de facto, não vejo com bons olhos toda esta situação e vejo com alguma preocupação naturalmente. Porque penso que tudo aquilo que não precisávamos no nosso país neste momento era uma situação como esta”.

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