Exclusivo: “Vou trabalhar para participar nos Jogos Olímpicos de Esports” – JAfonso, campeão mundial de EA FC

João Afonso mais conhecido no mundo do gaming como JAfonso, sagrou-se campeão mundial de EA FC 24, conquistando a Esports World Cup, que decorreu na Arábia Saudita. Numa final disputada diante do brasileiro Gabriel ‘Young’ Freitas, o placard ficou 6-2 favorável ao jogador da Seleção Nacional de Futebol Virtual. João é madeirense e representa a…
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O atleta português João Afonso sagrou-se campeão mundial na Esports World Cup. Em exclusivo fala sobre esta conquista e do desejo de estar nos novos Jogos Olímpicos de Esports, já em 2025.
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João Afonso mais conhecido no mundo do gaming como JAfonso, sagrou-se campeão mundial de EA FC 24, conquistando a Esports World Cup, que decorreu na Arábia Saudita. Numa final disputada diante do brasileiro Gabriel ‘Young’ Freitas, o placard ficou 6-2 favorável ao jogador da Seleção Nacional de Futebol Virtual. João é madeirense e representa a Luna Galaxy, equipa detida pelo Liverpool em parceria com o futebolista internacional português Diogo Jota.

O madeirense foi considerado ainda na fase de grupos o melhor jogador, onde venceu seis das sete partidas que disputou. Na fase a eliminar, deixou para trás o campeão mundial de 2023 com um resultado de 6-2. Nas meias finais, teve um jogo sofrido onde apenas aos 121 minutos de jogo conseguiu o golo da vitória, ficando o resultado em 7-6. Venceu e na final levou para casa 300 mil dólares, assim como, a consagração como campeão mundial na modalidade.

João Afonso falou em exclusivo para a Forbes Portugal e conta como começou no mundo dos videojogos, explicou a sensação de ser campeão mundial e perspetivou o futuro do mundo dos Esports e da sua carreira.

Atualmente os videojogos são algo comum no nosso quotidiano. Em que momento ganhaste interesse por jogar e quando é que percebeste que podias fazer disto a tua vida enquanto profissional?

Comecei a jogar muito novo, por influência de um primo, tinha 4 ou 5 anos, e foi aí que surgiu o gosto pelos videojogos, particularmente por FIFA que atualmente é o EA FC. Quando chegou a pandemia e fomos obrigados a passar mais tempo em casa, começou a surgir o meu interesse em competir. Já acompanhava desde 2018 torneios competitivos de FIFA e foi nessa altura que percebi que competindo até poderia conseguir alguns bons resultados. E foi assim que surgiu o meu inicio de carreira. Em 2021 assinei o meu primeiro contrato profissional e foi quando as coisas se tornaram mais sérias, porque deixou de ser só uma diversão, passou a ser também um compromisso.

Como é que treina um atleta do gaming? Além de praticar existe algum outro tipo de treino seja psicológico ou tático?

Em termos técnicos o mais importante é treinar as mecânicas do jogo, treinar as jogadas que funcionam melhor para chegar ao golo. No meu caso, trata-se de treinar muitas horas para conseguir dominar essas mecânicas e treino praticamente todos os dias essa parte. Mas para mim o mais importante é o aspecto mental, pois quando já se chega a um certo nível, o que diferencia os jogadores é a sua mentalidade, porque no patamar em que compito todos jogam bem e todos conhecem as mecânicas do jogo. Em termos mentais é que se vê a diferença, os momentos em que temos de lidar com situações adversas e a forma como as contornamos. Mas não, não faço nenhum treino específico em termos mentais, tento me preparar a mim próprio para a possiblidade de as coisas não correrem como quero.

O EA FC, é um jogo que todos os anos sofre mudanças e melhorias com o surgimento das novas edições. Como é que um atleta vive com esta mudança constante? Há um risco de não adaptação ao jogo e consequente queda competitiva?

Eu acho que é uma questão de hábito, obviamente que há jogadores que se habituam mais facilmente que outros. Mas cabe-nos a nós atletas, quando o jogo chega às nossas mãos, tentar perceber ao máximo as novas mecânicas e como as podemos aproveitar e depois treinar muitas horas. É claro que existe esse risco, mas temos que nos mentalizar que o jogo vai mudar sempre e tentarmo-nos adaptar da melhor forma, sem perder tempo a pensar em como o jogo era na edição anterior.

Após o fim do jogo que ditou a tua conquista, desabaste em lágrimas. Consegues descrever qual foi a sensação desse momento?

Foi sem dúvida um libertar de emoções, sinto que estive muito focado durante o torneio, sem expressar grandes sentimentos e, obviamente, que no fim quando ganhei e me tornei campeão do mundo, veio uma sensação de enorme felicidade, mas acima de tudo uma sensação de objetivo cumprido e de um sonho realizado. Demorei a perceber o que tinha acontecido, mas a sensação é que todo o trabalho que tive durante estes anos valeu a pena.

Após esta conquista já pensaste no que vais fazer no futuro. Quais são as tuas novas ambições enquanto profissional?

Tenho uma frase do meu treinador Armando que descreve o que quero fazer “A melhor parte de seres campeão do mundo é que podes ser o primeiro a ser duas vezes”, portanto o objetivo futuro será o mesmo que este ano. É trabalhar no máximo para continuar a conquistar títulos para deixar o meu nome marcado na história dos Esports. Não me posso agarrar ao passado daqui a um mês começa uma nova época e quero estar preparado.

Recentemente um conhecido humorista em Portugal, escreveu numa rubrica de um jornal que não considerava os Esports um desporto. Qual é a tua opinião sobre o assunto?

Acho que não existe assim tanta necessidade dos Esports serem considerados um desporto. Foi uma opinião dele que foi muito comentada na Internet, mas é apenas e só a sua opinião, acho que não há motivo para polémicas. Até porque o foco não passa por isto se tornar um desporto. Acho que o foco se deve direcionar para haver mais estrutura e mais investimento e reconhecimento para estes profissionais. É isso que acho que é importante, não peço que seja considerado um desporto, até porque isso não vai mudar muita coisa.

O Comité Olímpico Internacional anunciou há pouco tempo a realização dos jogos olímpicos de Esports. O que pensas sobre essa evolução e se pretendes participar?

Acho que é algo muito bom se vier a acontecer, só mostra que os Esports estão a crescer cada vez mais. Obviamente que quero participar, espero que se realizem enquanto ainda estiver no ativo. Pretendo jogar ainda durante muitos anos. É um objetivo. Se a competição tiver EA FC gostava de representar Portugal. Vou continuar a trabalhar para participar.

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