Há 25 anos, neste mesmo dia, abria ao público a Expo’98, em Lisboa, um evento que trouxe modernidade ao país e ajudou a reabilitar a zona oriental da capital, que era muito industrial e estava muito degradada.
Ver a imagem do antes e do depois da zona é sintomático da intervenção que foi ali operada:
antes

depois

Numa publicação na rede social Twitter, o Primeiro-Ministro António Costa recordou a Expo´98, que transformou a zona oriental de Lisboa; “Há 25 anos, abria a Expo’98. Com a exposição universal, celebrámos os oceanos, projetámos o futuro e transformámos a zona oriental de Lisboa. Com a @jmj_pt [Jornada Mundial da Juventude] abre-se agora uma nova oportunidade para reabilitar a frente ribeirinha até Loures. Grandes acontecimentos, grandes mudanças”, escreve António Costa.
O responsável do Governo também evoca “com gratidão a memória do grande mentor da Expo’98, António Mega Ferreira, e dos Comissários-Gerais Cardoso e Cunha e Torres Campos, bem como recordar o trabalho de todos aqueles a que tive a honra de dar continuidade”.
A Câmara Municipal de Lisboa assinala esta segunda-feira os 25 anos da Expo’98 com a inauguração de uma rua do Parque das Nações com o nome de Rua António Mega Ferreira, o comissário da exposição mundial, e assinado um protocolo para a instalação da Biblioteca António Mega Ferreira no Pavilhão de Portugal.
A Expo’98 teve como tema “Os oceanos: um património para o futuro” e decorreu de 22 de maio a 30 de setembro de 1998.

O evento transfigurou o rosto da cidade. Foram construídos diversos pavilhões que ainda hoje são uma referência de uma zona agora designada de Parque das Nações, como são o caso do Oceanário (o maior aquário do mundo, do arquiteto Peter Chermayeff) e do Pavilhão da Utopia (pavilhão multiusos, do arquiteto Regino Cruz, que foi rebatizado de Pavilhão Atlântico, depois Meo Arena e atualmente Altice Arena).

A Gare do Oriente (terminal multimodal de transportes, do arquiteto Santiago Calatrava) foi outra das obras nascidas devido à Expo’98.

A Torre Vasco da Gama, onde na exposição funcionou um restaurante de luxo e atualmente um bar/miradouro e um hotel, o Teatro Camões, o teleférico, o Pavilhão do Conhecimento e o Pavilhão do Futuro, convertido no Casino de Lisboa foram outros marcos que esta icónica exposição trouxe.

O Pavilhão de Portugal (do arquiteto Siza Vieira), com a sua imponente pala de betão suspensa por cabos de aço, foi uma das pérolas de arquitetura trazidas pela exposição, tendo obtido o Prémio Valmor desse ano. Apesar de se pretender desde a sua conceção que o edifício perdurasse após o certame, as suas funções não haviam sido estipuladas claramente no início. Desde então, funcionou predominantemente como espaço expositivo, tendo também albergado restaurante, cafetaria e bar.

A Universidade de Lisboa tomou conta do espaço, visando a sua reabilitação e manutenção, para o vocacionar como centro de investigação e promovendo diversas atividades de divulgação de ciência, arquitetura e promoção da lusofonia.
Os pavilhões da atual FIL, uma construção concebida pelos arquitectos A. Barreiros Ferreira e A. França Dória, também são fruto da Expo’98.

Durante os 131 dias da exposição foram batidos recordes: cerca de 5.000 eventos musicais, centenas de exposições, 10.023.759 de visitantes, numa média diária de 76 mil, que se cruzavam com os “Olharapos”, bonecos inspirados nos monstros míticos dos Descobrimentos, e que protagonizavam o espetáculo de animação permanente diurna.
Na última noite estiveram no recinto 386.308 pessoas, das quais 215.198 (55%) entraram depois das 20:00 para assistir aos espetáculos de encerramento que duraram até ao raiar do sol.
A juntar a isto, mais de 1,3 milhões de pessoas visitaram a fragata D. Fernando II e Glória e o navio-escola Sagres, fundeados na exposição náutica.
Passaram pela Exposição Mundial de Lisboa 36 chefes de Estado, 28 presidentes de assembleias parlamentares, 35 primeiros-ministros e vice-primeiros-ministros, 22 vice-presidentes da República e príncipes herdeiros (entre eles o príncipe Rainier do Mónaco e o seu filho Alberto e o atual Rei de Inglaterra, Carlos III) e 354 ministros, vice-ministros e secretários de Estado de todo o mundo.
Tendo sido um evento inovador, a Swatch associou-se à Expo’98 lançando o modelo Adamastor, que continha um chip carregado com um bilhete de um dia. Para entrar, bastava encostar o relógio ao sensor presente junto aos torniquetes de entrada.

Quanto custou a exposição
De acordo com um relatório do Tribunal de Contas de 2000, as múltiplas valências do empreendimento (projeto de construção, acessibilidades, espetáculos, animação, alojamentos, promoção e realização de eventos desportivos e culturais, espaços verdes, entre outros), com base nos registos da Parque Expo e das empresas por si maioritariamente participadas, tiveram um custo global, até final de 1998, de cerca de 421 milhões de contos (cerca de 2,1 mil milhões de euros).

A Ponte Vasco da Gama, que foi inaugurada em 29 de março de 1998, dois meses antes da abertura da Exposição Mundial, nasceu também no contexto da Expo’98, para servir a zona oriental de Lisboa e ser uma alternativa à congestionada Ponte 25 de abril.
Com 12,3 km de comprimento, esta ponte é a segunda mais comprida da Europa (a primeira é a ponte da Crimeia) e custou perto de 900 milhões de euros, 319 milhões dos quais provenientes do Fundo de Coesão da União Europeia e 299 milhões de euros foram emprestados pelo Banco Europeu de Investimentos. As portagens cobradas na Ponte 25 de abril contribuíram com 50 milhões de euros.
Como vestígio do passado e do que ali existiu antes da intervenção urbanística, na zona da Expo’98, foi deixada a torre da refinaria de Cabo Ruivo, assim se mantendo até hoje.
Terminada a Expo’98, a zona continuou em transformação, tendo sido palco de uma fúria de construção, com vários investimentos imobiliários que fizeram nascer edifícios de habitação e escritórios, que tornaram esta uma das zonas mais caras da cidade.
* com Lusa