O setor das fintech tem sido um dos mais dinâmicos do mundo na última década, com especial incidência no período da pandemia de Covid 19. As chamadas fintech são empresas que fornecem serviços financeiros com recurso à tecnologia e ao digital, muitas sem operações físicas sequer, e que concorrem com as instituições financeiras tradicionais. A Paypal, fundada na Califórnia em 1998, foi considerada a primeira fintech no mundo. Hoje são já milhares, estando presentes entre os maiores unicórnios – empresas privadas cuja avaliação ultrapassou os mil milhões de dólares – do mundo.
A fintech Stripe sediada nos Estados Unidos já vale qualquer coisa como 70 mil milhões de dólares (cerca de 64,8 mil milhões de euros) atualmente, estando na quarta posição dos maiores unicórnios a nível mundial, segundo a lista da CB Insights, sendo a primeira do seu setor. E se olharmos apenas para o panorama europeu, a fintech Revolut é o maior unicórnio no velho continente, com uma avaliação de cerca de 45 mil milhões de dólares (cerca de 41,7 mil milhões de euros).
Segundo os dados da Portugal Fintech, entidade fundada em 2016 para dinamizar o setor, o investimento em fintech cresceu 210 milhões de euros entre 2019 e 2024, alcançando um total de 1,16 mil milhões de euros.
Nos últimos anos, o setor dos serviços financeiros foi inundado por milhares de tecnológicas que foram responsáveis pela introdução de soluções inovadoras na área das finanças pessoas, seja para gastar, investir, poupar ou contrair empréstimos. Falamos de áreas tão dispares como a das criptomoedas, dos pagamentos móveis e em tempo real, dos crowdfundings, entre outros, que foram surgindo a uma velocidade alucinante.
Também em Portugal, o panorama das fintech evoluiu muito favoravelmente nos últimos anos, contando já com mais de 100 empresas a atuar no mercado nacional. Segundo os dados da Portugal Fintech, entidade fundada em 2016 para dinamizar o setor, o investimento em fintech cresceu 210 milhões de euros entre 2019 e 2024, alcançando um total de 1,16 mil milhões de euros.
Setor conseguiu atrair 1,4 biliões de dólares desde 2010
Porém, os dados da KPMG, recolhidos no relatório Pulse of Fintech, relativos ao panorama mundial do investimento neste setor mostram que este esteve um pouco menos otimista em 2024. Segundo a análise feita pela AltIndex aos números deste estudo, o investimento nas fintech caiu 95 mil milhões de dólares (cerca 88 mil milhões de euros) no ano passado, depois de três anos de grande investimento. Desde 2010 o setor conseguiu atrair 1,4 biliões de dólares (cerca de 1,3 biliões de euros) em investimento, impulsionando o seu crescimento, mas, nos últimos três anos, este valor caiu cerca de 60%. Esta situação explica-se sobretudo pela incerteza económica e pelos conflitos internacionais, que deixaram alguns investidores em compasso de espera.
Em 2024, a quebra do investimento manteve-se, caindo para os 95 mil milhões de dólares (cerca de 88 mil milhões de euros). Este foi o valor mais baixo dos últimos sete anos.
Ou seja, atualmente, as empresas deste setor estão com alguma dificuldade em obter financiamento, depois do boom registado entre 2019 e 2021, em que este montante alcançou os 200 mil milhões de dólares (cerca de 185 mil milhões de euros) anuais. Em 2021 foi atingido o pico de 240 mil milhões de dólares (cerca de 222,4 mil milhões de euros) de investimento, seguindo-se uma quebra para os 203 mil milhões de dólares (cerca de 188,1 mil milhões de euros) em 2022, e 120 mil milhões de dólares (111,2 mil milhões de euros) em 2023. Já em 2024, a quebra manteve-se, caindo para os 95 mil milhões de dólares (cerca de 88 mil milhões de euros). Este foi o valor mais baixo dos últimos sete anos.
Caiu investimento, caiu número de novas startups
Com a redução dos investimentos, consequentemente também caiu o lançamento de novas startups no setor. No ano passado, lançaram-se apenas 479 novas fintechs no mercado, o que representou menos 56% do que em 2023, sendo este o menor número em quinze anos.
Como nem tudo são más notícias, houve um segmento que seguiu em contraciclo: o setor dos pagamentos, que tem duplicado o seu investimento. Se em 2023 o valor de investimento foi de 17,2 mil milhões de dólares (cerca de 15,9 mil milhões de euros), em 2024 este montante alcançou os 31 mil milhões de dólares (cerca de 28,7 mil milhões de euros).
Quando a análise é feita por geografias, a América do Norte foi a área que mais investimento recolheu, com uma captação de 63,8 mil milhões de dólares (cerca de 59,1 mil milhões de euros), realizando-se 2.200 negócios. Só os Estados Unidos atraíram 50 mil milhões de dólares (46,3 mil milhões de euros) e cerca de 1.800 transações. A região EMEA (Europa e Médio Oriente) captou 20,3 mil milhões de dólares (18,8 mil milhões de euros) de investimento e a zona da Ásia Pacifico registou um investimento de 11,4 mil milhões de dólares (10,6 mil milhões de euros).