A primeira edição dos Forbes Green ESG Awards decorreu no Olissippo Lapa Palace Hotel, em Lisboa, na passada quinta-feira. Além da entrega dos prémios, foram vários os oradores convidados para abordar o tema. Luís Nunes, COO da Prio, ficou responsável pelo primeiro pitch do evento.
Com uma apresentação mais voltada para a parte do ambiente, segundo começou por assinalar, Luís fez questão de, ainda assim, enumerar alguns pontos mais ligados ao social e governance, como a publicação de um relatório de sustentabilidade, acessível a todos, ou a permanência de postos de gasolina em pequenas aldeias onde outros estabelecimentos optaram por fechar.
Com centenas de postos de abastecimento de combustível em Portugal, a Prio é hoje a maior produtora nacional de biocombustíveis a partir de matérias-primas residuais. Mas o caminho nem sempre foi fácil. Ao apresentar a história da empresa, Luís recordou a necessidade de voltar um pouco atrás. “Tivemos que voltar um bocadinho para os fósseis, se não não existíamos hoje”, afirmou. Ou seja, a fábrica foi aberta, mas depois fechou durante um ano para que fosse possível regressar ao plano inicial.
“Temos de ter a capacidade de nos reinventarmos sabendo que a tecnologia, quando está em crescimento, tem os seus desafios. O nosso propósito é contribuir para uma aceleração da transição energética, acessível e produzida em Portugal. Acreditamos que é possível investir em Portugal, com capacidade industrial cá, com know how português e tecnologias inovadoras”, disse durante o evento.
Por mais que os objetivos sejam claros, o COO da Prio mostrou-se consciente de que para conseguir tudo isso terá de superar um enorme desafio.
“A transição energética é um desafio enorme. Se alguém disser que é fácil, está a mentir. Porque tem de ser uma transição energética acessível a todos e que não nos permita perder competitividade. Não adianta querermos fazer uma coisa à força e depois perdemos competitividade e fechamos”, defendeu.
Além disso, é necessário acompanhar a evolução dos mercados. “Não haverá uma solução única”, garantiu. “Vai ser muito elétrico, não vai ser só elétrico. Muito biocombustíveis, mas não só biocombustíveis. Vai ser, na verdade, o que tecnologicamente for mais competitivo no fim. Nós achamos que pode ser um erro dizer que é para aqui porque achamos que é, quando a tecnologia pode não ser a mais eficiente. Hoje há mais diesel do que gasolina porque foi uma opção política, não foi o mercado a funcionar. O mercado, em geral, se funcionar com um determinado tipo de regras vai escolher o vencedor com naturalidade”.
Luís Nunes defendeu ainda a importância de não se apostar na área da sustentabilidade “porque dá bons press release“, o que poderia acabar por compromete a competitividade da empresa e chegar a afetar o negócio. O objetivo tem de ser o aposto: “A sustentabilidade tem de ser um modelo de negócio com rentabilidade. Se não se ganhar dinheiro nisto, ou se não se criar uma regulamentação que permita ter regras para ganhar dinheiro nisto, não adianta”. E no que à regulamentação diz respeito, o COO está certo do que a questão aqui não passa por se criar mais regulamentação, mas sim melhorar e simplificar aquela que já existe.
Todo este trabalho pode e deve ser feito no presente. Quando empresas ou indivíduos apontam apenas direções para o futuro, Luís considera que algo não está bem.
“A transição energética vai ser longa, mas já existem soluções no presente. Quando alguém diz ‘eu quero ser carbon neutral em 2050’, vamos desconfiar. Ainda falta tanto tempo. O que é que vamos fazer daqui a um, dois ou três anos?”, questionou.
Através da Prio foi possível entender esta mentalidade. Confrontados com o mercado da mobilidade marítima, onde os conceitos não estavam tão desenvolvidos, decidiram começar já a olhar para esse mercado e não apenas daqui a uns anos. “Um navio grande a eletricidade vai ser difícil que aconteça, mas os biocombustíveis são soluções muito eficazes”, afirmou. “Em 2001 lançámos o Eco Bunkers, que é um produto que pode ter entre 10 a 100% de energia renovável no combustível usado nos navios”.