Exclusivo: CEO da NB Clinic prepara expansão para o Médio Oriente

Com apenas 29 anos, Francisco Sá Pena destaca-se como o fundador e CEO da NB Clinic, uma das clínicas mais proeminentes no cenário da Medicina Estética em Portugal. Atualmente localizada no histórico Palacete Lambertini, na conceituada Avenida da Liberdade, em Lisboa, o negócio de Sá Pena nasceu em 2018, quando Francisco decidiu explorar o seu…
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Com apenas 29 anos, Francisco Sá Pena é o fundador e CEO da NB Clinic, em Lisboa. Agora, em exclusivo à FORBES, contou-nos que a sua clínica vai expandir: da Avenida da Liberdade ao Médio Oriente.
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Com apenas 29 anos, Francisco Sá Pena destaca-se como o fundador e CEO da NB Clinic, uma das clínicas mais proeminentes no cenário da Medicina Estética em Portugal. Atualmente localizada no histórico Palacete Lambertini, na conceituada Avenida da Liberdade, em Lisboa, o negócio de Sá Pena nasceu em 2018, quando Francisco decidiu explorar o seu lado de empreendedor e abrir a sua primeira empresa. O primeiro espaço da clínica abriu na conhecida Rua Castilho, também no centro da nossa capital, local este onde rapidamente ganhou a enorme popularidade que hoje tanto a distingue.

Curiosamente formado em História de Arte, e não em medicina ou estética, Francisco está à frente do que é por muitos considerada das marcas com mais impacto, em Portugal, na área da saúde. Naquela que é a plataforma digital mais conhecida da clínica, o Instagram, a NB Clinic já conta com mais de 86 mil seguidores. Por mês, a página da mesma facilmente ultrapassa 1 milhão de visualizações. A muito se deve a abordagem única e inovadora de Francisco na gestão da sua empresa. Dos pioneiros na rápida e eficaz conciliação do seu negócio com a sua própria imagem pública, Sá Pena é inegavelmente a cara deste seu projeto.

Ficámos a saber que o investimento inicial de Francisco na NB Clinic, foi fruto do seu trabalho em Londres, como consultor, e sobretudo no âmbito do património imobiliário, de Rumi Verjee, fundador da Domino’s Pizza no Reino Unido. Sá Pena rapidamente ganhou o gosto por empreendedorismo e quis criar algo seu. Em 2018, com apenas 23 anos e movido pelo seu gosto por estética, decidiu dar início ao projeto que mais tarde viria a ser a atual NB Clinic.

Como CEO da mesma, Francisco Sá Pena decidiu usar o seu espaço para dar voz aos mais jovens. Ciente da lacuna existente no que à contratação de médicos mais novos diz respeito, decidiu que o corpo clínico da NB Clinic ia ser composto maioritariamente por mulheres jovens.

Considerado por muitos um changemaker num ramo onde o conservadorismo abunda, Francisco desde cedo optou pelo uso das redes sociais na comunicação da sua marca. Apostou em deixar de lado as imagens genéricas que então inundavam a internet, e utiliza apenas fotografias das suas pacientes: reais e, frequentemente, figuras públicas. Para Sá Pena, a razão é simples: diz querer desmistificar e contribuir para um diálogo aberto e transparente sobre os mais diversos procedimentos estéticos, em Portugal e no estrangeiro.

O jovem CEO afirma que estes últimos são considerados tabu na sociedade, sublinhando o perigo da desonestidade e da sua consequente contribuição para a perpetuação de padrões de beleza irrealistas. Com o apoio de algumas das caras mais reconhecidas pelos portugueses, a NB Clinic visa alterar a retórica que atualmente prevalece e sublinha que o secretismo contribui para falta de informação que várias vezes resulta em trabalhos mal feitos por pessoal não qualificado.

A FORBES esteve à conversa com Francisco Sá Pena, CEO e fundador da NB Clinic, que nos contou como tudo começou, em enorme pormenor. Debruçamo-nos sobre vários tópicos do foro social relativamente à Medicina Estética, realçando também a importância da diversidade e representação na área, tanto na partilha de informação com o público, como na conjuntura do corpo clínico da empresa. Falámos ainda sobre bom senso e ética profissional, sendo que estes em muito ditam os valores pelos quais Sá Pena se cose. Ambição, empatia e partilha guiaram esta conversa que terminou com o anúncio de Francisco Sá Pena, em exclusivo à FORBES, que a NB Clinic vai expandir para lá das nossas fronteiras. Num futuro muito próximo, a clínica portuguesa vai chegar ao Médio Oriente, projeto este que partiu de um convite que fora estendido a Francisco. A ambição, explicou-nos Francisco, está longe da conotação negativa que tantas vezes lhe é embutida.

Francisco, antes de me explicares melhor o teu percurso pessoal e profissional até à data, gostava de começar por saber como surgiu este teu interesse em Medicina Estética. Até porque a tua formação é noutra área, certo?
Francisco Sá Pena: Exatamente. Sou formado em História de Arte, mas sempre tive um amor por tudo o que envolvesse ter um sentido apurado de estética e sempre quis apostar em empoderamento pessoal. Acreditei que podia conciliar as duas coisas e, depois de ter pensado em todos os negócios possíveis, decidi que investir na Medicina Estética era o que mais se alinhava com o meu sonho e desejo de ajudar pessoas.

Francisco Sá Pena, fundador e CEO da NB Clinic. Fotografia: Pedro Sacadura.

Um interesse generalizado por estética, então? Aliás, com 18 anos foste um dos recipientes do Prémio Graça Morais de Melhor Figura Artística.
Francisco: Sim, sempre houve um interesse generalizado! De Arte a Medicina, passando por coisas simples do nosso dia a dia. Na escola foi um dos vencedores do prémio, é verdade, e a muito se deve o meu gosto por desenho e estética natural. Quando acabei de estudar, senti que não estava a conseguir dar uso a este meu lado mais criativo, de certa forma. Não me sentia realizado e quis tentar outro caminho que não o da minha licenciatura. E a verdade é que a Medicina Estética, em Portugal, estava subdesenvolvida quando primeiro decidi dar nela os meus passos.

A Medicina Estética, em Portugal, estava subdesenvolvida quando primeiro decidi dar nela os meus passos.”

O teu investimento inicial na clínica foi fruto de alguns anos de trabalho prévio e não deixava de ser uma área na qual não tinhas formação. Sentiste que era um grande risco investir numa área como a Medicina Estética?
Francisco: Era um risco enorme sim, mas sempre quis ser empreendedor. Antes de abrir a clínica estive a trabalhar e a juntar dinheiro para o fazer. Muitos há que não sabem que pinto quadros desde que sou novo e que os vendia online, muitas vezes para o estrangeiro, sendo que o comecei a fazer aos 16 anos. Dito isto, a maioria do capital que investi na NB Clinic veio do eu ter trabalhado em Londres, com Rumi Verjee, que fundou a Domino’s Pizza, no Reino Unido. Sempre fui educado a ser independente, e acho importante educarmos as gerações mais novas a saberem ser autossuficientes. Claro que podia ter investido em viagens e em conhecer o Mundo, mas quis criar algo meu, quis deixar a minha marca.

A maioria do capital que investi na NB Clinic veio do eu ter trabalhado em Londres, com Rumi Verjee, que fundou a Domino’s Pizza, no Reino Unido.

E em que capacidade é que trabalhavas com o Rumi Verjee? Personalidade esta conhecida por ser um serial entrepreneur, como lhe chamam, de enorme sucesso.
Francisco: Sim, é um excelente businessman. Fazia consultoria para o Rumi e apreendi imenso com ele. O meu papel incluía procurar e informar-me sobre possíveis investimentos para o Rumi, em Portugal, sobretudo no âmbito do património imobiliário. Viajava entre cá e lá e acabei por perceber como é que o mundo funciona, de uma outra perspetiva, e cheguei à conclusão de que queria ter o meu próprio negócio em vez de trabalhar para terceiros. Ganhei um certo gosto pelo empreendedorismo. O Rumi sempre me disse que o importante é saber ouvir aqueles que nos podem ensinar – e que podemos aprender com toda a gente. Os meus pais queriam que eu apostasse numa coisa segura, compreensivelmente, mas eu queria aventurar-me. Sempre me apoiaram, nunca me deitaram abaixo, nem nunca me pediram para desistir. Costumo dizer que quando toda a gente vai para a esquerda, eu vou para a direita. E ainda bem! Não somos obrigados a ser todos iguais. O meu pai é professor universitário e a minha mãe trabalha em saúde mental; eu criei o meu próprio caminho.

“Ganhei um certo gosto pelo empreendedorismo.”

Francisco: Ouvi muitas opiniões sobre o risco que estava a assumir, normalmente comentários devidos à circunstância de não ser médico. Respondia que não era eu que ia fazer os procedimentos nos clientes, só queria criar um espaço onde ir reunir os profissionais que eu considerava serem excelentes nas áreas deles. Claro que o facto de eu ter uma ideia muito concreta daquilo que considero “estética natural” tornou este meu trabalho mais fácil.

Francisco Sá Pena, fundador e CEO da NB Clinic. Fotografia: Pedro Sacadura.

Eras muito novo quando começaste a clínica, em 2018. Que idade tinhas?
Francisco: Sim, tinha apenas 23 anos. Como um jovem empresário, sem experiência, percebi rapidamente que ia ter de fazer muita coisa sozinho. Dizia a mim próprio “tenho de conseguir, tenho que lá chegar”. Hoje, quero que as pessoas, sobretudo miúdos mais jovens, saibam e sintam que estarmos preparados para enfrentar desafios é uma coisa que vale a pena. Precisamos de saber o que queremos fazer, gostar do que fazemos, e tentar ser os melhores no campo. Infelizmente, vivemos rodeados de dúvidas e comentários negativos à nossa volta, e levamos muito a sério as opiniões de outras pessoas. Mas ninguém vai começar a empresa por nós. Quando abri a clínica, em 2018, fiz de tudo um pouco: limpava o chão, estava na receção, atendia o telefone, agendava as marcações, geria as redes sociais, encontrava pacientes, etc. Acho que faz tudo parte do meu empoderamento pessoal. Saber assumir todas as funções administrativas de uma empresa fez de mim um CEO.

Saber assumir todas as funções administrativas de uma empresa fez de mim um CEO.

Francisco: Há que passar um pouco por todos esses passos e há que acreditar mais nos jovens. Temos de acreditar que os jovens merecem e têm de ter lugar e voz na sociedade. Por ser novo e muitas vezes associado a superficialismo no que à minha imagem diz respeito, senti-me julgado a vida toda. Mas sou consistente e quis ser diferente, também a nível profissional.

E, de certa forma, a tua abordagem foi diferente do ‘da norma’ na altura. Daí seres considerado por muito um changemaker. A comunicação da empresa, por exemplo, tinha exigências muito diferentes e devia ser cuidadosamente planeada.
Francisco: Sim, é verdade. A abordagem da NB Clinic acabou por se destacar por isso. Fomos das primeiras clínicas a publicar nas redes sociais as fotografias do ‘antes’ e do ‘depois’ das nossas clientes, sem nenhuns filtros. Quando abri a clínica, não era comum fazê-lo em Portugal. Outras clínicas usavam imagens retiradas da internet, com modelos já perfeitos, e faziam alusão aos procedimentos estéticos da empresa ao incluírem uma seringa na fotografia. Um exemplo clássico é o do preenchimento labial. Várias clínicas usavam imagens genéricas de lábios já perfeitos e só se via uma agulha no canto da fotografia, a apontar para a boca da modelo.

Sim, a publicidade era meramente representativa do procedimento. Irrealista e com o foco na aparência estética da imagem.      
Francisco:
Exato. O meu objetivo sempre foi o de tornar o processo, e os resultados, o mais transparentes possível. Quis tornar o contato entre o paciente e o médico mais direto e humano, também. Era importante fazê-lo, não só porque os resultados falam por si, mas porque ao usarmos fotografias das nossas clientes, desmitificávamos um bocado deste mundo da medicina estética. Tenho imenso orgulho de ter contribuído para o diálogo daí resultante sobre procedimentos estéticos em Portugal.

“Tenho imenso orgulho de ter contribuído para o diálogo daí resultante sobre procedimentos estéticos em Portugal.”

Francisco: Antes de fazermos a comunicação como fazemos e sempre fizemos, ninguém o fazia desta maneira. Muitos dos nossos clientes só passaram a ter conhecimento do ramo, com este grau de profundidade, depois de encontrarem as nossas páginas online.

Outra coisa que também ajudou a normalizar, em Portugal, as conversas sobre estética foi o facto de publicarem fotografias de figuras públicas depois de terem feito alguns dos vossos procedimentos.
Francisco: Completamente. Achei importante convencer figuras públicas a mostrarem os procedimentos que faziam e os seus resultados. Usar as redes sociais ajudou a normalizar a conversa e a ir contra o conservadorismo existente. Claro que ainda é um tema tabu na sociedade, mas cada vez mais se fala abertamente do assunto. Além disso, ao colaborar com figuras públicas, estava apenas a normalizar e a mostrar ao público o que já cá era comum “nos bastidores”.

Na NB Clinic, 60% dos pacientes são mulheres, 40% são homens.

Sim, Medicina Estética não é uma coisa só de agora. Mas a transparência das celebridades em torno do que fazem ao corpo e cara é um outro debate enorme e esse sim, um tópico cada vez mais publicamente discutido.
Francisco: Claro. Tanto celebridades, como outras pessoas com mais afluência financeira, sempre estiveram a par das últimas novidades do mercado na estética. Os preços altos e o acesso mais ‘fechado’ aos tratamentos, até por serem tabu, contribuíram para que certos padrões de beleza se tornassem basicamente inalcançáveis. Várias celebridades continuam a dizer nunca ter mexido na cara ou no corpo delas, mas acho imperativo acabar com isso. Se o fazem, acho que deviam aprender a lidar com a possibilidade de que podem vir a ser julgadas por o fazerem, mas parece-me que a honestidade é necessária. Cabe-nos a nós mudar o caminho, alterar o padrão, para instigar essa mudança.

Francisco Sá Pena, fundador e CEO da NB Clinic. Fotografia: Pedro Sacadura.

Francisco: Claro que muita gente vai continuar a julgar negativamente aqueles que se submetem à medicina estética, e isso é outro tema a abordar. Para mim, trata-se de uma questão de princípio: se vemos um rapaz ou uma rapariga que decidiu alterar alguma coisa em si, vamos ofendê-los em vez de respeitar a sua liberdade?

Ou seja, achas que não só é preciso ser-se honesto relativamente ao que se faz, como é imprescindível respeitar aqueles que o fazem. Apesar de acabar por ser um ciclo vicioso: aqueles que são honestos muitas vezes são julgados por se quererem conformar com padrões de beleza irrealistas, aqueles que não o assumem são julgados por perpetuarem os tais padrões, e aqueles que respeitam os que o fazem são muitas vezes acusados de não perceberem que quem altera a sua imagem já é vítima dos tais padrões e de estarem a fomentar a solidificação dos mesmos… Paradoxalmente, ao mesmo tempo que cada vez se fala mais na importância do respeito à liberdade de cada um.
Francisco: Exatamente! Existem vários lados dentro do mesmo debate, com consequências muitas vezes conflituosas. Aliás, vou-te dar um exemplo de uma rapariga que aparece na nossa página e que é um dos exemplos mais fortes que conheço. Ela sempre foi um ícone da minha geração e considerada das raparigas mais giras de Lisboa e arredores. Nunca tinha mexido na cara dela e dizia-me estar cheia de medo do que as pessoas iam comentar, apesar de querer muito fazer uma parceria connosco. Falámos imenso e eu disse-lhe que o ser honesta sobre o que ia fazer ia mudar tudo! Claro que a podiam criticar ao início, mas as pessoas rapidamente se iam aperceber que não só também podiam ser honestas sobre o que faziam, como podiam alterar coisas que as incomodassem, se quisessem, por estarem para aí inclinadas.

Sim, claro. E esta falta de liberdade leva-nos a outro ponto que consideras muito importante, o da falta de informação que, consequentemente, leva a que se escondam com maior facilidade os trabalhos no fundo mal feitos.
Francisco: É verdade, em grande parte devido ao secretismo em torno do tópico. Às vezes há trabalhos que correm mal e há quem se arrependa de certos procedimentos porque não foram bem feitos. Mas, se houvesse uma maior liberdade, ou uma postura mais aberta em relação a este meio e não tão conservadora, as coisas poderiam ter corrido melhor. Ter acesso a informação é crucial.

Ter acesso a informação é crucial.

Francisco: A Medicina Estética bem praticada e executada, não é o “desastre” que muitos imaginam. Temos atrizes mais velhas que nos visitam, que são adoradas por toda a gente em Portugal, completamente amadas pelo povo português. E, quando começaram a frequentar a nossa clínica, imensa gente estava de início cheia de medo dos procedimentos que iam fazer, mas a verdade é que o feedback foi sempre maravilhoso! A opinião da maioria é que temos tratado de senhoras mais velhas – atrizes e gente da televisão – deixando-as com um aspeto natural e sem ‘alterações’. Nós não lhes mudamos nada – não lhes alterámos a cara! Só as ajudamos a ficar o melhor possível dentro ‘delas’. Isso é, de facto, possível.

Concordo completamente quanto ao acesso à informação ser essencial. Assim como também acho muito bem o mencionar outros temas como o da diversidade, sobre o qual já antes nos debruçámos.
Francisco: É verdade. Acho que é um tema que merece muito a nossa atenção. Várias pessoas, tanto clientes da clínica como alguns seguidores das nossas redes sociais, têm comentado comigo que ficaram felizes de ver nas nossas páginas exemplos de casos de sucesso de pacientes de diferentes etnias e culturas. Diversidade e representação é-nos muitíssimo importante: a população portuguesa é constituída por um conglomerado de subgrupos e eu quero que os meus clientes se consigam identificar com os nossos exemplos.

Diversidade e representação é-nos muitíssimo importante: a população portuguesa é constituída por um conglomerado de subgrupos e eu quero que os meus clientes se consigam identificar com os nossos exemplos.
Francisco: Apesar da maioria dos clientes serem brancos, e, consequentemente, a maioria dos nossos exemplos online refletirem isso mesmo, quero que portugueses não-brancos e estrangeiros de outras origens se identifiquem com o nosso trabalho. A Medicina Estética em Portugal continua infelizmente a expressar uma dose de racismo e discriminação.

A Medicina Estética em Portugal continua infelizmente a expressar uma dose de racismo e discriminação.

Francisco: Existe diversidade. Se não se conseguem ver representados em exemplos de casos reais, como é clientes de minorias vão estar informados ou saber onde ir? Como é que se vão sentir incluídos neste ramo de medicina que deve ser acessível a todos? Quero chegar a todos e fazer com que se sintam bem-vindos.

Claro. E não falamos apenas de diversidade étnico-cultural. E mais, esta diversidade também se aplica à escolha dos médicos com quem trabalhas, certo?
Francisco: Exatamente. O meu objetivo também é o de fazer com que Medicina Estética deixe de ser esta coisa elitista, a que apenas certas pessoas têm acesso. Claro que são procedimentos caros, mas qualquer pessoa deve ter acesso à informação e é preciso educar o público. Quanto à diversidade do meu corpo clínico, é verdade, quis internacionalizar a clínica e trabalhar com pessoas que não são necessariamente as que estamos habituados a ver. Tenho uma médica de origem árabe, uma médica brasileira, também trabalhamos com médicos espanhóis, etc…

Da esquerda para a direita: Dra. Taisa D’ Almeida, Dra. Sofia Candeias, Dra. Luísa Zagalo, CEO Francisco Sá Pena, Dra. Rafaela Sacadura, Dra. Fernanda Ricardo. Fotografia: Pedro Sacadura.

Sendo que há um fator comum entre elas… Uma tentativa de quebrar o status quo?
Francisco: Sim, as minhas médicas são mulheres, apesar de eu também trabalhar com homens, claro. Sempre quis e quero continuar a promover o trabalho de médicos mais jovens, especialmente de mulheres. Através das redes sociais, por exemplo, as médicas com que trabalho conseguiram conquistar o seu próprio público e agora trabalhamos em equipa. Em vez de trabalhar com os médicos mais conhecidos, que cá normalmente são do sexo masculino, quis mudar a narrativa: aposto em jovens e mulheres.

A equipa de Sá Pena é constituída pela Dra. Fernanda Ricardo, Dra. Luísa Zagalo, Dra. Matilde Jácome de Castro, Dra. Nadia Juaud Bicha, Dra. Rafaela Sacadura, Dra. Sofia Candeias e Dra. Taísa Almeida.

E por falar em mudar a narrativa, a NB Clinic rapidamente passou a ser um ponto de referência para influencers e figuras públicas.       
Francisco:
Sim, o diálogo começou e continua a crescer. Enquanto que mostrar a cara nas redes sociais antes era chocante, hoje várias influencers querem tirar fotografias na clínica e publicitar que cá estiveram. A mudança de mentalidade é tangível. Mas acho que isto é um feito muito nosso, da clínica.

A mudança de mentalidade é tangível.

Sim, noto que muitas pessoas dizem abertamente que visitaram a vossa clínica coisa que não fazem necessariamente quando noutros espaços.
Francisco: É verdade. Quando vamos ao dentista ou a uma outra clínica do género, não temos a tendência de publicar uma story ou fazer um post a mostrar que lá fomos. O pensamento automático é “para quê se é a minha vida privada”? Mas com a NB Clinic notámos que as pessoas cada vez mais queriam, e faziam questão, de mostrar que cá vinham. Um fenómeno inesperado.

Muitos optam pela NB Clinic devido ao prestígio das suas médicas que foram, individualmente, conquistando reconhecimento no mercado.

Quanto a clientes vossos de faixas etárias mais novas, preocupa-te a narrativa de que podes estar a influenciar adolescentes a quererem alterar coisas nelas? Coisas que talvez nem as próprias achassem que estivessem ‘mal’, antes de ficarem a saber dos tratamentos que existem no mercado?
Francisco: Acho que este é um assunto que deve ser desmistificado e fico contente que o tenhas perguntado. Voltamos aqui a dois dos temas anteriormente falados, o da transparência e o da informação. A geração mais nova, em particular as meninas mais novas, tendem a querer ser iguais a figuras públicas que, como falámos, por vezes não são honestas quanto aos procedimentos que fizeram. O verdadeiro problema é o de falta de transparência na comunicação, de não se falar abertamente sobre isto, e de se não saber de trabalhos mal feitos como consequência desta cadeia de eventos.

O verdadeiro problema é o de falta de transparência na comunicação, de não se falar abertamente sobre isto, e de se não saber de trabalhos mal feitos como consequência desta cadeia de eventos.

Francisco: Uma pessoa bem acompanhada e informada, dificilmente corre o risco de dismorfia corporal, que é das grandes preocupações neste debate. O ser humano tem complexos e certas coisas incomodam-nos, e a verdade é que as redes sociais dão aso a comparações diárias do nosso corpo e cara. Isso sim, constitui um problema, claro. Mas todos temos esse problema, de uma maneira ou outra. A diferença entre a clínica e uma pessoa que está a influenciar a alteração dos nossos parâmetros de beleza, é a resposta que damos aos que nos procuram. Somos totalmente honestos. Se um possível cliente marca uma consulta connosco e não nos fizer sentido submete-lo a certos procedimentos, nós simplesmente dizemos que não vamos avançar. Há ética profissional e bom senso do nosso lado. O médico não pode ter medo de dizer que não.

Há ética profissional e bom senso do nosso lado. O médico não pode ter medo de dizer que não.

Francisco: Um profissional percebe e informa o cliente se é óbvio que há nuances pouco saudáveis no discurso de quem nos visita. Repito, os médicos com quem trabalho são profissionais que se regem por ética e bom senso. Depois, é relevante mencionar aqui também, o facto da grande maioria dos nossos tratamentos serem procedimentos preventivos. Naturalmente, a Medicina Estética acaba por ser fundamental e necessariamente uma área cujo público-alvo é o mais novo. É importante realçar o papel da estética na prevenção. A pele é o maior órgão do nosso corpo, faz sentido tratar da nossa pele como tratamos de outras partes nossas.

A grande maioria dos nossos tratamentos são procedimentos preventivos. Naturalmente, a Medicina Estética acaba por ser fundamental e necessariamente uma área cujo público-alvo é o mais novo.

Dirias, portanto, que a narrativa que a transparência que vocês promovem “leva à influência de menores”, em muito descarta a argumentação que existe em favor do acesso à informação e à honestidade dos tratamentos realizados por figuras públicas?
Francisco: Completamente. O nosso papel é o de educar e o ser transparentes, assim como o de negar trabalhos a quem não os precise. Seja porque são menores, porque não precisam dos procedimentos, ou porque já têm demasiados trabalhos estéticos feitos. É simplesmente uma questão de ética. Uma pessoa com excesso de preenchimentos, por exemplo, muitas vezes é aconselhada por nós a desfazer o trabalho feito e a recomeçar. Nós protegemos o cliente e à clínica, claro. Não aceitamos pacientes com menos de 18 anos. E, na nossa clínica, oferecemos mais que procedimentos que “mudam a nossa cara”. Fazemos acompanhamento de dermatologia, temos tratamentos de lasers, uma lista vasta de procedimentos preventivos, etc.

A NB Clinic aposta nos melhores produtos e na tecnologia mais avançada do mercado. A qualidade é imperativa para Francisco Sá Pena, cuja exclusividade leva a clínica a congressos internacionais de renome, incluindo recentemente no Mónaco.

É gratificante ouvir o feedback dos teus clientes?  
Francisco:
Muito. Sobretudo se os conseguirmos ajudar a ultrapassar algumas inseguranças. E não me refiro apenas aos mais jovens. Clientes de gerações mais velhas que comentam muitas vezes que achavam já estarem “acabadas” e que, connosco, passaram a sentir-se totalmente diferentes. Não há nada mais gratificante do que saber que mudámos para melhor a vida de alguém. Autoconfiança tem um papel fundamental na nossa vida. Sobretudo as mulheres, que várias vezes são reduzidas à idade que têm. São muito objectificadas e sexualizadas, e prevalece a ideia de que têm um prazo de validade. Isso tem de acabar. Não só não é verdade, como uma pessoa confiante consegue muito mais facilmente transmitir essa sensação de bem-estar interior quando valorizada. Temos de cuidar de nós próprios até ao fim da vida.

A SkinCeuticals, altamente recomendada por dermatologistas e cirurgiões plásticos, escolheu a clínica como ponto de venda dos seus produtos. Outras marcas líderes, como a Kiehl’s, procuram parcerias parecidas, demonstrando o excelente posicionamento da NB Clinic no mercado.

Francisco: Mulheres historicamente sempre foram julgadas por tudo e por nada. Já chega. Isto é uma maneira de lhes dar poder e temos de fugir a essa noção dos “prazos de validade”. Mais rápido tem prazo de validade um homem que o diga a uma mulher. A minha mensagem para as mulheres é que façam o que quiserem e que se divirtam a fazê-lo.

Francisco Sá Pena, fundador e CEO da NB Clinic. Fotografia: Pedro Sacadura.

E sentes que é imprescindível ter e consolidar uma certa proximidade com os teus clientes e seguidores? Noto que estás muito presente, até na clínica.
Francisco: Sim, completamente. Em termos físicos, faço questão de estar na clínica sempre que possível. Acho que isso faz parte do ter o nosso próprio negócio. Nas redes sociais também quero manter o elo de ligação que consegui alcançar com os nossos seguidores. O sucesso da clínica é um trabalho de grupo e faço parte de uma geração que encontra conforto na proximidade.

Mensalmente, o Instagram da NB Clinic atinge 1 milhão de pessoas e arrecada 9 milhões de impressões.

Francisco: Acho que esforços conjuntos são contagiantes. Aliás, acredito que a ambição é contagiante. Gosto de falar dos meus sonhos sem medo e sem duvidar de mim, e quero imenso que quem me oiça aprenda a fazer o mesmo. Recebo várias mensagens no Instagram em que me pedem conselhos em como começar um negócio, por exemplo. Todos nós começamos de algum lado, mas a força motora dos nossos esforços é contagiante. É incrível conseguir perceber isto até nas conversas que tenho com alguns seguidores. E se conseguir ajudar alguém, quero fazê-lo.

A NB Clinic está prestes a lançar a sua mais recente campanha, #nbclinicmostraatuapele.

Medicina Estética é, na verdade, muito isso.
Francisco: Completamente. Se eu conseguir mudar a vida de uma pessoa de maneira a que se sinta mais segura, quero ser capaz de o fazer. Faz parte do meu trabalho, também, e sou feliz em ser assim. Automaticamente rodeio-me de pessoas com valores éticos parecidos, que considero mais interessantes e com mais cabeça. Acho que é um processo normal e de desenvolvimento pessoal, este de querer ajudar os que nos rodeiam. O sucesso não se alcança sozinho e faz sentido partilhá-lo.

Os procedimentos cirúrgicos oferecidos pela NB Clinic resultam de parcerias com hospitais e/ou blocos operatórios, em Lisboa, onde são realizados.

Claro que sim. Voltando um bocado ao início da nossa conversa, quando abriste a clínica, conseguiste fazê-lo numa das melhores ruas de Lisboa, na Rua Castilho. Hoje, estão na cobiçada Avenida da Liberdade.
Francisco: É verdade. Em 2018, quando à procura de um espaço para abrir a clínica, senti que estava a ser impossível arranjar um sítio para arrendar que fosse no centro da cidade. Estava a passear pela Rua Castilho quando, de repente, vi um número de telefone na janela do Centro Comercial Castil. É um edifício que na altura estava muito vazio e acho que a clínica veio trazer uma vida nova ao edifício. Ficámos lá até setembro de 2023, depois de cinco anos no espaço. Foi nessa altura que nos mudámos para a Avenida da Liberdade, há menos de um ano.

A NB Clinic, na Avenida da Liberdade 166, no histórico Palacete Lambertini (Lisboa). Fotografia: NB Clinic.

E como surgiu a oportunidade de saltarem para a Avenida? Entretanto estavam a crescer imenso.
Francisco: Exatamente. A clínica estava a crescer muito a nível de nome e popularidade. Apesar de adorar o nosso espaço na Rua Castilho, já não me estava a dar as condições que precisava. Queria contratar mais pessoas e expandir. Passámos de dois gabinetes para oito. Foi um grande investimento, arriscado, e tinha medo que corresse mal porque podia perder tudo o que tinha construído! Sabia que as pessoas gostavam da nossa clínica e dos nossos médicos, mas faltava qualquer coisa. Como empresário, não me quis encostar. Quando percebi que estava a ficar confortável, percebi que era importante voltar a sentir-me desafiado.

Os gabinetes da clínica são amplos e modernos. Fotografia: NB Clinic.

Francisco: A primeira vez que visitei o nosso atual espaço, na Avenida da Liberdade, estava tudo em obras, por reconstruir. Pensei logo “é um trabalho impossível”. Disseram-me que se calhar era um passo demasiado arriscado, mas acabou por ser isso que me deu vontade de avançar! Faz parte de ser empreendedor, digo eu. Renovei tudo em três meses, uma loucura, e pouco tempo depois abrimos. Apesar da clínica ter mudado de localização e de termos muito mais espaço, os nossos preços continuam os mesmos – não aumentei os nossos valores.

A entrada da NB Clinic. A clínica ocupa todo o 1º piso do Palacete Lambertini.

Francisco: Escolhemos um dos poucos palácios disponíveis em Lisboa, o Palacete Lambertini, como o novo berço da clínica. É um lugar incrível, que transpira a beleza Lisboeta ao máximo, onde conseguimos juntar o ‘novo’ ao ‘antigo’ de forma muito única. Não é um prédio qualquer, o que acaba por ser um sonho realizado.

Na NB Clinic são utilizados produtos de qualidade superior, como Sculptra, Radiesse e Profhilo, e tecnologias de ponta, como os lasers Ultraformer III e Fotona.

Este teu gosto por expandir, não se fica por aqui… Aliás, estás a preparar-te para expandir para lá das nossas fronteiras…
Francisco: É verdade! Tenho vários projetos em mão, mas a NB Clinic não vai parar por aqui. Ainda não posso revelar muito, mas confirmo que estamos a planear abrir “algures” no Médio Oriente. Sempre foi uma coisa que me interessou imenso e há um grande interesse, tanto do lado deles como do meu, em fazer com que o projeto avance o mais rápido possível.

Em exclusivo à FORBES, Francisco Sá Pena afirma que a NB Clinic se prepara para expandir para o Médio Oriente.

Francisco: É uma oportunidade única para transformação e desenvolvimento pessoal e profissional. Claro que já tenho outros destinos em mente, mas abrir no Médio Oriente é o nosso próximo passo.

“Abrir no Médio Oriente é o nosso próximo passo.”

Francisco Sá Pena, fundador e CEO da NB Clinic. Fotografia: Pedro Sacadura.

Por fim, e para outros jovens empreendedores, que conselhos lhes gostarias de dar?
Francisco: Gostaria de realçar a importância de não ligar tanto ao que os outros dizem. Opiniões há muitas, mas temos de filtrar certas coisas. Muitas vezes dizem-nos que não somos capazes de fazer certas coisas ou de alcançar certos objetivos, mas pode simplesmente ser uma projeção do que o locutor pensa dele próprio. É importante seguir a nossa intuição. O nosso trabalho e empoderamento pessoal está assente em quatro pilares: estabilidade psicológica, que requer trabalho diário; saber o que queremos fazer; estar rodeado das pessoas certas e de confiança; e ter cuidado para não nos pormos a nós próprios num pedestal.

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