Imobiliário de luxo no Porto ganha novas tendências, refere especialista

O mercado de luxo no Porto tem-se mostrado dinâmico nos últimos anos. Quais são as principais tendências que tem observado? O mercado imobiliário de luxo em Portugal continua a crescer acima da média, e o Porto não é exceção. A cidade tem-se afirmado como um destino privilegiado para investidores nacionais e internacionais, impulsionado pela sua…
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O mercado imobiliário de luxo no Porto continua a crescer e apesar da valorização das zonas tradicionais, novas zonas como Campanhã e Canidelo começam a ganhar destaque, refere Miguel Mota, CEO da MM Imóveis.
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O mercado de luxo no Porto tem-se mostrado dinâmico nos últimos anos. Quais são as principais tendências que tem observado?
O mercado imobiliário de luxo em Portugal continua a crescer acima da média, e o Porto não é exceção. A cidade tem-se afirmado como um destino privilegiado para investidores nacionais e internacionais, impulsionado pela sua segurança, qualidade de vida e localização estratégica.

Há uma procura contínua por imóveis de luxo, sobretudo em localizações exclusivas que combinam conveniência, privacidade e acesso a serviços premium. No entanto, observamos também um aumento do interesse por novos “polos residenciais”, que oferecem um equilíbrio entre sofisticação e inovação. Zonas como Campanhã, por exemplo, começam a atrair um público jovem e qualificado, interessado em luxo à beira-rio.

Além disso, o perfil do comprador está a mudar. Hoje, o cliente de luxo está mais informado, mais exigente e recorre à tecnologia para tomar decisões fundamentadas. Não se trata apenas de comprar uma casa, trata-se de investir num estilo de vida.

“Não se trata apenas de comprar uma casa, trata-se de investir num estilo de vida”

Que perfil de cliente predomina no segmento de luxo? São sobretudo compradores nacionais ou há um forte peso de investidores estrangeiros?
O mercado é equilibrado entre compradores nacionais e estrangeiros. Os portugueses continuam a investir fortemente no setor, tanto para habitação própria como para segunda residência. Por outro lado, o número de investidores internacionais tem vindo a crescer, com um aumento significativo de compradores norte-americanos, brasileiros, israelitas e até mesmo compradores do Médio Oriente e Ásia.

Cada nacionalidade traz consigo expectativas culturais e preferências distintas, o que desafia as agências imobiliárias a oferecer um serviço cada vez mais global e inclusivo. Inicialmente, os estrangeiros procuravam sobretudo imóveis prontos a habitar, mas já começamos a notar um maior interesse na compra em planta, algo que antes era mais comum entre os portugueses.

Além disso, o comprador de luxo não quer apenas um imóvel: procura uma experiência. Valorizam um serviço altamente personalizado e esperam que a relação com a agência vá além do negócio. Querem um parceiro de confiança que compreenda as suas necessidades e lhes ofereça um acompanhamento exclusivo.

“Cada nacionalidade traz consigo expectativas culturais e preferências distintas, o que desafia as agências imobiliárias a oferecer um serviço cada vez mais global e inclusivo”.

A oferta de imóveis de luxo na região do Porto e Norte está a acompanhar a procura ou há carência de imóveis face à procura? Existem zonas emergentes que estão a ganhar protagonismo?
A oferta não está a acompanhar a procura. As áreas mais tradicionais do mercado de luxo, como a Foz do Douro e a Baixa, estão cada vez mais saturadas e os preços continuam a subir. Isto tem levado a uma procura crescente por imóveis na periferia do Porto.

Além disso, há um novo foco no luxo sustentável e na otimização dos espaços. Para responder à escassez de oferta e ao aumento dos preços, há uma tendência para criar habitações mais compactas, mas altamente eficientes, onde o design e a funcionalidade são maximizados.

Campanhã e Canidelo, por exemplo, têm vindo a afirmar-se como zonas emergentes, com projetos de grande qualidade a nascer junto ao mar e à beira rio, atraindo um público jovem e qualificado.

“Para responder à escassez de oferta e ao aumento dos preços, há uma tendência para criar habitações mais compactas, mas altamente eficientes, onde o design e a funcionalidade são maximizados”.

O que ainda falta ao Porto e à região Norte para consolidar a sua posição como destino privilegiado para investidores de luxo?
O Porto já conquistou o seu lugar como um dos destinos mais procurados para o investimento imobiliário de luxo. Com qualidade de vida, localização estratégica e um património rico, continua a atrair investidores de todo o mundo.

Atrever-me-ia a dizer que o Porto não precisa de provar nada a ninguém. O desafio não passa por acrescentar o que falta, mas sim por garantir um crescimento sustentável, preservando o que já o torna uma escolha distinta.

Portugal já se posicionou como um destino atrativo para investidores de luxo, e há sempre espaço para aperfeiçoar. A estabilidade legislativa e fiscal é essencial para reforçar a confiança dos investidores, assim como o investimento contínuo em infraestruturas, escolas internacionais e serviços premium.

O Porto tem uma identidade única e um potencial inegável. O caminho não é reinventá-lo, mas sim assegurar que o crescimento acompanha a sua essência, mantendo a qualidade de vida e o carácter autêntico que fazem dele um lugar muito especial.

“O Porto tem uma identidade única e um potencial inegável. O caminho não é reinventá-lo, mas sim assegurar que o crescimento acompanha a sua essência”

O fim dos benefícios dos Vistos Gold ao nível do imobiliário prejudicou o mercado imobiliário de luxo?
Houve algum impacto, mas talvez menos do que se previa. A medida resultou num arrefecimento da procura por parte de alguns investidores estrangeiros, o que levou a uma ligeira diminuição do volume de transações. No entanto, os estrangeiros continuam a chegar a Portugal por razões que vão muito além dos Vistos Gold: segurança, clima, qualidade de vida e boas infraestruturas.

O que se verificou foi um aumento da procura no mercado de arrendamento de luxo, o que acabou por equilibrar, em parte, as mudanças no setor de compra e venda.

“Os estrangeiros continuam a chegar a Portugal por razões que vão muito além dos Vistos Gold: segurança, clima, qualidade de vida e boas infraestruturas”.

O mercado imobiliário de luxo é, por natureza, mais resistente a crises económicas. Ainda assim, que riscos e oportunidades antecipa para 2025?
O setor de luxo tem uma resiliência natural, mas não é imune a desafios. A volatilidade económica pode impactar construtores e promotores, levando a atrasos na entrega de novos projetos. Além disso, um ambiente político menos favorável ao turismo e ao investimento estrangeiro pode criar alguma retração no mercado.

Por outro lado, as oportunidades continuam a ser muitas. O crescimento do setor imobiliário sustentável, a digitalização dos processos e a crescente procura por serviços personalizados são tendências que vão continuar a desenhar o futuro do mercado de luxo.

“Um ambiente político menos favorável ao turismo e ao investimento estrangeiro pode criar alguma retração no mercado”

A MM Imóveis movimentou cerca de 47 milhões de euros em 2024 com uma equipa de nove pessoas. Como está a correr 2025? Que objetivos fixaram?
Ano após ano, temos crescido de forma sustentada, e 2025 não será exceção. O nosso foco mantém-se na personalização do serviço e na excelência no acompanhamento dos clientes.

Não procuramos ser a maior agência, mas sim aquela que melhor entende e acompanha os seus clientes. Queremos continuar a oferecer um serviço exclusivo, diferenciado e altamente especializado.

Para 2025, queremos continuar a superar as expectativas, elevando a qualidade do nosso serviço e reforçando a proximidade com cada cliente. O crescimento sustentado não é apenas um objetivo, mas um compromisso. Queremos sempre fazer mais e melhor, com atenção ao detalhe, um acompanhamento personalizado e uma busca contínua pela excelência.

E na perspetiva das agências imobiliárias, que principais desafios enfrentam atualmente estas empresas, dada a grande competitividade?
O setor imobiliário enfrenta desafios cada vez mais exigentes, desde a crescente burocracia e regulamentação até à necessidade de adaptação a um mercado em constante evolução. As mudanças legislativas impõem novas obrigações às agências, tornando o processo de mediação mais complexo e exigindo um acompanhamento rigoroso das normas em vigor.

A competitividade no setor não se resume à oferta de imóveis exclusivos. Hoje, as agências precisam de se destacar pela qualidade do serviço, pela capacidade de antecipar tendências e pela forma como criam relações de confiança com os clientes. Os investidores não procuram apenas uma casa, mas um serviço altamente personalizado e um parceiro que os guie em todo o processo.

Além disso, a transparência no setor continua a ser um desafio. A concorrência desleal e o acesso privilegiado a informações por parte de alguns intervenientes criam distorções no mercado, dificultando a equidade nas transações. Manter uma postura ética e profissional torna-se, assim, um fator diferenciador para as empresas que querem afirmar-se pela credibilidade e excelência.

“A concorrência desleal e o acesso privilegiado a informações por parte de alguns intervenientes criam distorções no mercado”.

A MM Imóveis tem planos de expansão nacional? Em caso afirmativo, pode revelar mais detalhes sobre essa estratégia?
Não. O nosso foco não está na expansão territorial, mas sim na melhoria contínua dos nossos serviços. Queremos continuar a crescer de forma sustentada, mantendo o nível de proximidade e qualidade que nos define.

O Grande Porto e a região Norte ainda oferecem inúmeras oportunidades por explorar, e a nossa prioridade é consolidar a nossa presença nestes mercados. Acreditamos que um crescimento sólido não passa apenas por aumentar o volume de negócios, mas sim por garantir que cada cliente recebe um serviço exclusivo, atento ao detalhe e verdadeiramente diferenciador.

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