Inteligência Artificial: A guerra aberta entre os Estados Unidos e a chinesa DeepSeek

Apenas foi lançada há uns dias, porém o modelo de IA da DeepSeek não para de gerar polémica e fazer corre muita tinta. Não é de estranhar, já que a tecnológica chinesa, liderada por Liang Wenfeng, de 40 anos, um antigo gestor de fundos de investimento, está a abalar poderes instalados. Basta a sua apresentação,…
ebenhack/AP
O lançamento da IA da DeepSeek já está a fazer correr tinta pelo mundo. Estados Unidos estão preocupados com a supremacia das tecnológicas americanas e o resto do mundo com a segurança da informação.
Tecnologia

Apenas foi lançada há uns dias, porém o modelo de IA da DeepSeek não para de gerar polémica e fazer corre muita tinta. Não é de estranhar, já que a tecnológica chinesa, liderada por Liang Wenfeng, de 40 anos, um antigo gestor de fundos de investimento, está a abalar poderes instalados. Basta a sua apresentação, na segunda-feira passada, para que as ações das tecnológicas norte-americanas começassem a cair a pique.

Entre as questões levantada pelo mercado está o facto de a empresa conseguir, por uma fração do valor, construir um modelo de IA generativa, concorrente do ChatGPT, mostrando que não é necessário gastar milhares de milhões para “ensinar” a tecnologia. A ferramenta de código aberto teve um impacto significativo na comunidade internacional de programadores e no setor tecnológico devido à sua eficiência e baixo custo. A luta mundial pela Inteligência Artificial está agora a tomar novos contornos, com a “guerra” aberta entre os Estados Unidos e a China. Nunca as 7 Magníficas (as tecnológicas mais valiosas da bolsa) ganharam tanto valor como agora, na era da IA, e qualquer ameaça que surja da Ásia põe em causa a liderança norte-americana. No dia do lançamento a aplicação chinesa liderou a tabela de descargas na App Store, tanto na China como nos Estados Unidos, batendo o popular ChatGPT.

Escrutinada pelo mundo e debaixo de olho das companhias mais poderosas do mundo, vem agora a público que os Estados Unidos estariam a investigar a DeepSeek e se esta teria contornado as restrições à venda de semicondutores avançados da empresa norte-americana Nvidia à China, comprando chips através de outros países, incluindo Singapura.

Avaliar as implicações do sucesso da DeepSeek

A agência Lusa avança que logo na passada a terça-feira, a secretária de imprensa da Presidência dos Estados Unidos, Karoline Leavitt, disse que o Conselho de Segurança Nacional norte-americano está a investigar as potenciais implicações do sucesso da DeepSeek.

A Lusa acrescenta ainda que o jornal Straits Times, controlado pelas autoridades de Singapura, negou hoje que a aplicação chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek tenha utilizado a cidade-Estado para evadir restrições dos EUA e adquirir semicondutores avançados.

A tecnológica chinesa pode ter adquirido os semicondutores “de várias formas”, incluindo através de um intermediário ou treinando os seus modelos de IA generativa em centros de dados alugados noutros locais fora de Singapura, defendeu o jornal.

O parlamento dos Estados Unidos proibiu os funcionários de utilizar a DeepSeek, avançou ontem o portal noticioso Axios. No mesmo dia, também o Governo de Taiwan proibiu os funcionários públicos e infraestruturas essenciais de utilizarem a DeepSeek R-1, alegando riscos para a “segurança nacional da informação”.

O artigo surgiu depois da agência de notícias financeiras Bloomberg e outros meios de comunicação social terem esta semana avançado que os Estados Unidos estão a investigar se a DeepSeek contornou as restrições à venda de semicondutores avançados da empresa norte-americana Nvidia à China, comprando ‘chips’ através de outros países, incluindo Singapura.

O artigo do Straits Times coloca as notícias num cenário de “escrutínio cada vez mais intenso”, à medida que aquece a corrida entre a China e os EUA para dominar o setor da IA, e diz que os analistas estão a alertar para uma possível expansão das restrições dos Estados Unidos ao acesso a semicondutores.

O jornal disse que as suspeitas se baseiam em parte no facto de Singapura ser o segundo maior comprador de ‘chips’ da Nvidia, a seguir aos Estados Unidos, o que “alimentou especulações” de que alguns “de alguma forma acabaram em empresas chinesas”.

Um porta-voz da Nvidia disse ao Straits Times que, embora as transações sejam feitas por clientes em Singapura, sede de inúmeras multinacionais, os semicondutores são enviados principalmente para outros locais e “os envios para Singapura são insignificantes”.

Parlamento dos Estados Unidos proíbe o uso da DeepSeek

O parlamento dos Estados Unidos proibiu os funcionários de utilizar a DeepSeek, avançou ontem o portal noticioso Axios. No mesmo dia, também o Governo de Taiwan proibiu os funcionários públicos e infraestruturas essenciais de utilizarem a DeepSeek R-1, alegando riscos para a “segurança nacional da informação”.

A decisão de Taiwan surge um dia depois da Autoridade Italiana para a Proteção de Dados Pessoais ter ordenado o bloqueio “urgente e com efeitos imediatos” da DeepSeek, depois de não ter recebido informação solicitada.

Também os reguladores da Coreia do Sul, França e Irlanda (esta última a supervisionar vários grupos tecnológicos em nome da União Europeia) solicitaram informações sobre a forma como a aplicação lida com os dados dos utilizadores.

(Com Lusa)

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