Cerca de 20% dos portugueses não aufere rendimento suficiente para cobrir o seu custo de vida. É uma conclusão que se pode retirar do 4º Inquérito à Literacia Financeira dos Portugueses, estudo realizado pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF), no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira, ao abrigo do trabalho desenvolvido pela OCDE.
Segundo este inquérito, cuja amostragem incluiu 1510 entrevistas nacionais, apenas 79,5% dos inquiridos dizem ter rendimento suficiente para cobrir o seu custo de vida, logo há ainda uma considerável franja de portugueses que não o consegue fazer. Segundo os resultados agora divulgados, a grande maioria dos entrevistados – cerca de 86% – paga a suas contas a tempo, evita comprar por impulso (85%) e considera quer não tem demasiadas dívidas (78,5%). São 76,9% aqueles que acreditam que controlam sistematicamente as suas finanças.
São cerca de metade os inquiridos que afirmam que, caso perdessem a principal fonte de rendimento, conseguiria pagar as suas despesas por um período superior a três meses.
Ainda assim, é também a maioria (68%) que afirma valorizar o futuro, discordando que vive para o presente e 67,6% dos inquiridos afirmam ter capacidade para pagar uma despesa inesperada de valor equivalente ao seu rendimento mensal, sem ter de recorrer a empréstimos de família ou amigos. São cerca de metade os inquiridos que afirmam que, caso perdessem a principal fonte de rendimento, conseguiria pagar as suas despesas por um período superior a três meses. Ainda assim, a percentagem de entrevistados que afirma ter poupado no último ano é menor do que em 2020, tendência que importa inverter para não comprometer os resultados alcançados na resiliência financeira das famílias.
Portugal na 13º posição entre 39 países
Entre os 39 países participantes deste inquérito, com dados relativos a 2023, Portugal pontuou em 13º posição no que diz respeito ao indicador global de literacia financeira, registando resultados acima da média neste indicador. A média para este indicador situa-se nos 62,7 pontos, sendo muito semelhante à de 2020. Portugal pontua também acima da média no indicador de bem-estar financeiro (média é de 50,8 pontos), posicionando-se no 7º lugar, com 51,4 pontos.
Este estudo global mostra que a inclusão no sistema bancário aumentou, com 96% dos entrevistados a deterem uma conta de depósito à ordem. Os outros produtos mais detidos são os seguros (43,8%), os cartões de crédito (35%), os depósitos a prazo (34,2%) e o MBWay (33%). As fontes mais utilizadas para obter informação sobre produtos financeiros continuam a ser as recomendações da instituição e de familiares ou amigos.
Portugal pontua também acima da média no indicador de bem-estar financeiro (média é de 50,8 pontos), posicionando-se no 7º lugar, com 51,4 pontos.
No que diz respeito à literacia financeira digital– calculado para entrevistados com acesso à internet – Portugal surge no oitavo lugar, com uma pontuação de 61,7, acima de países como a Finlândia, a Grécia, os Países Baixos, a Itália ou a Suécia. Poré, há ainda muito a fazer, já que um quarto da população portuguesa adulta não acede à internet.
A sustentabilidade é uma área em que os entrevistados revelam pouco conhecimento, com a maioria a afirmar que não sabe o suficiente sobre investimentos sustentáveis. Neste contexto, menos de metade dos entrevistados atribui menor importância ao lucro da empresa do que à preocupação da empresa com o seu impacto no ambiente ou na sociedade.