Luxo: Foram abertas apenas 83 novas lojas nas ruas mais exclusivas da Europa

O setor do luxo está a atravessar uma fase de abrandamento, com alguma recessão até, em algumas das grandes marcas mundiais. Não é novidade que grupo como o LVMH, do bilionário francês Bernard Arnaud e outras marcas como a Christian Dior, a Gucci e Hermés, apresentaram resultados decepcionantes em 2024. Assim, não é de estranhar…
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Menos disponibilidade de espaços comerciais e rendas 3,6% mais elevadas face a 2023, tornaram mais difícil o acesso das marcas às exclusivas avenidas do luxo. Via Montenapoleone, em Milão, tornou-se o destino de retalho mais caro do mundo. Avenida da Liberdade continua em alta.
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O setor do luxo está a atravessar uma fase de abrandamento, com alguma recessão até, em algumas das grandes marcas mundiais. Não é novidade que grupo como o LVMH, do bilionário francês Bernard Arnaud e outras marcas como a Christian Dior, a Gucci e Hermés, apresentaram resultados decepcionantes em 2024.

Assim, não é de estranhar que o número de novas aberturas de lojas de luxo tenha caído no ano transato. Um estudo da consultora imobiliária Cushman & Wakefield, intitulado European Luxury Retail 2025, revela que apenas foram inauguradas 83 novas lojas nas principais 20 avenidas de luxo, em 16 cidades de 12 países europeus. Ora, este valor reflete uma descida face às 107 lojas inauguradas em 2023.

O preço das rendas de espaços comerciais nas principais ruas do luxo europeu estão 3% mais elevadas face aos valores registados em 2018, e cerca de 3,6% mais caras face a 2023.

Porém, como ressalva o research, este decréscimo não reflete diretamente uma desaceleração no setor, mas sobretudo a dificuldade das marcas em encontrarem os espaços que precisam, sobretudo adaptados às suas necessidades. Ou seja, a oferta de imóveis continua a ser um desafio, já que 17 das 20 ruas têm uma taxa de disponibilidade inferior a 5%, sendo que seis delas não têm qualquer espaço disponível. As taxas de desocupação diminuíram em 17 das 20 ruas analisadas.

Por outro lado, o preço das rendas de espaços comerciais nas principais ruas do luxo europeu estão 3% mais elevadas face aos valores registados em 2018, e cerca de 3,6% mais caras face a 2023. Ora isto representa um desafio acrescido para os negócios das exclusivas marcas mundiais.

Milão tem a avenida mais cara do mundo

A escassez da oferta e a vontade de todos os retalhistas em concentrarem as suas vendas nas principais artérias do luxo impulsionaram este crescimento dos valores de arrendamento. Um terço das ruas de luxo em toda a Europa atingiu rendas recorde em 2024, incluindo a Via Montenapoleone de Milão, tornando-se assim o destino de retalho mais caro do mundo. A consultora prevê que as rendas aumentem entre 1% e 3% até 2028.

“Enquanto os retalhistas se adaptam e inovam num contexto marcado por consumidores exigentes, pressões globais e desafios nos mercados locais, as lojas físicas continuam a desempenhar um papel fundamental no relacionamento com o cliente”, explica, em comunicado, Rob Travers, Diretor de Retalho EMEA da Cushman & Wakefield. Diz ainda que “As lojas são vistas como o «universo da marca» onde os consumidores podem explorar e comprar produtos de luxo e desfrutar de experiências personalizadas que criam conexões significativas e duradouras com as marcas. A preocupação dos retalhistas em ter os imóveis certos nas localizações certas significa que os espaços de comércio de luxo de primeira linha continuam a ser procurados”.

Os grupos LVMH, Kering e Richemont foram os principais investidores nestas 20 avenidas, sendo responsáveis pela abertura de um terço dos espaços. A LVMH liderou as inaugurações, com 15 novas aberturas em 2024.

Quando desagregamos os dados deste estudo por segmento do retalho, verificamos que a moda e acessórios representou cerca de metade das novas aberturas, num total de 41 lojas. Já a joalharia e a relojoaria foram responsáveis pela inauguração de 26 espaços comerciais de luxo, superando os números de 2023, em que apenas foram abertas 21 lojas. Os grupos LVMH, Kering e Richemont foram os principais investidores nestas 20 avenidas, sendo responsáveis pela abertura de um terço dos espaços. A LVMH liderou as inaugurações, com 15 novas aberturas em 2024.

 Avenida da Liberdade continua a atrair investimento 

A Avenida da Liberdade continua a ser um local com procura no nosso país, tendo atraído cinco novas lojas em 2024. Contam-se, entre as novas aberturas, a loja da marca de moda italiana Paul & Shark, e a marca de design de mobiliário italiano Molteni&C, que inaugurou a sua primeira flagship em Lisboa. A Patek Philippe abriu uma loja em parceria com a David Rosas e a IWC Schaffhausen, abriu o seu primeiro espaço em Portugal, este em parceria com o Grupo Tempus, e por último, a Cartier reabriu a sua principal loja em Lisboa.

Maria José Almeida, Associate e especialista em retalho de luxo da Cushman & Wakefield Portugal, comenta, em comunicado, que “A Avenida da Liberdade é o destino por excelência das marcas de luxo internacionais, e o facto de estar no prime CBD – onde se localizam as sedes das grandes empresas e hotéis de 5 estrelas – cria o habitat perfeito para estas marcas. Alguns edifícios têm boas fachadas e áreas que vão ao encontro dos requisitos das marcas, mas o grande desafio continua a ser o número de unidades disponíveis”.

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