O valor total de fusões e aquisições caiu 12% em 2023, ao atingir um montante de 2,2 biliões de dólares (cerca de 2 biliões de euros), segundo os dados divulgados pela GlobalData, multinacional especialista na recolha e análise de informação empresarial e setorial.
Este baixo valor, que foi o menor dos últimos cinco anos, fica a dever-se sobretudo aos picos da inflação e ao aumento das taxas de juro, um pouco por todo o mundo, e que conduziu a um abrandamento económico a nível global.
O relatório “Acordos Globais de Fusões e Aquisições 2023” revela ainda que o número total de negócios de fusões e aquisições caiu igualmente – cerca de 17% -, passando de 37.186 negócios registados em 2022, para os 30.883 em 2023.
“Uma tendência contínua é o domínio da América do Norte nas atividades de fusões e aquisições. Em 2023, esta área registou 12.416 negócios no valor de 1,15 biliões de dólares”, diz Priya Toppo, analista de Inteligência Temática da GlobalData.
A desaceleração do mercado também teve impacto no número de megaoperações, ou seja, aqueles negócios que ultrapassam os mil milhões de dólares, que registaram o nível mais baixo desde 2019, com apenas 432 negócios, em comparação com 816 ocorridos em 2021.
Deste número, o tema ESG (Ambiente, Social e Governança) esteve na base de 49 negócios de fusões e aquisições, entre os 500 principais negócios, em termos de valor.
“Uma tendência contínua é o domínio da América do Norte nas atividades de fusões e aquisições. Em 2023, esta área registou 12.416 negócios no valor de 1,15 biliões de dólares (cerca de mil biliões de euros), tornando-a a região mais ativa no mercado global de fusões e aquisições. Entretanto, todas as regiões, incluindo a Europa, a América do Sul, o Médio Oriente e a África, registaram uma queda no valor do negócio em 2023 em comparação com o ano anterior, exceto a China”, refere a propósito Priya Toppo, analista de Inteligência Temática da GlobalData.
Perspetivas para 2024 são ainda moderadas
Contudo, e apesar do declínio geral, o ano de 2023 assistiu a alguns negócios interessantes como a aquisição da Pioneer Natural Resources, produtora de petróleo e gás natural de baixa intensidade de carbono, pela ExxonMobil, negócio que envolveu o montante de 65 mil milhões de dólares (cerca de 60 mil milhões de euros). De registar ainda a aquisição da Hess, uma empresa de energia envolvida na exploração e produção de petróleo bruto e gás natural, pela Chevron, negócio que envolveu cerca de 60 mil milhões de dólares (55,5 mil milhões de euros).
Para Toppo, “Dada a queda na atividade global de fusões e aquisições em 2023, as perspetivas para fusões e aquisições em 2024 permanecem moderadas. Com o abrandamento das pressões inflacionistas e o pico das taxas de juro, a GlobalData espera uma recuperação ao longo do ano. Os meganegócios continuarão a enfrentar obstáculos, especialmente nos EUA, onde as preocupações antitrust têm sido o foco dos reguladores”. Revela ainda que à medida que as empresas navegam no cenário global em rápida mudança, a integração dos princípios ESG nas estratégias de fusões e aquisições tornou-se uma necessidade para o sucesso a longo prazo. “No entanto, o mercado de fusões e aquisições irá recuperar ao longo de 2024, à medida que as taxas de juro caem e as aquisições continuam a ser um elemento-chave da estratégia empresarial.”, remata o responsável.