No mundo cada vez mais globalizado, muitos profissionais procuram as melhores opções de vida fora de fronteiras. Sobretudo quando falamos da geração mais bem preparada de sempre, que não aceita menos do que merece, e arrisca para “petiscar”.
Contudo, fazer as malas e partir rumo ao desconhecido nem sempre é fácil, mesmo para os mais aventureiros. James Muscat, natural de Melbourne, atualmente a viver em Lisboa, já residiu em sete países, de três diferentes continentes. Mesmo falando sete idiomas, sabe, por experiência própria, que não é fácil ser expatriado. Os desafios são muitos e as barreiras surgem de todos os lados, desgastando muitas vezes os potenciais interessados. Acredita, no entanto, que viver no estrangeiro é uma das experiências mais enriquecedoras da vida, pois promove a tolerância, a abertura e a capacidade de adaptação. Com formação em Ciências da Computação e Gestão Empresarial, – estudou em Portugal e Espanha – é um defensor acérrimo da mobilidade global há mais de uma década.
A Moviinn ajuda utilizadores a tomar a decisão certa ao mudar de país, proporcionando uma solução que torna o processo de mudança e integração numa nova cidade simples e eficiente.
Empreendedor, depressa percebeu que as suas experiências internacionais lhe proporcionaram a base que necessitava para a criação de um negócio inovador. Com a missão de apoiar outros a fazerem o mesmo percurso, avançou para a criação de uma plataforma que combinasse tecnologia com um serviço personalizado destinado a ajudar pessoas a terem uma bem-sucedida experiência de realocação. Surgia assim, em 2016, a ideia da Moviinn, precisamente no ano em a WebSummit se mudou para Lisboa. O ponto de partida foi a necessidade de um serviço integrado que oferecesse suporte completo a expatriados, desde a pesquisa inicial até à instalação definitiva.
O empreendedorismo de James Muscat
Esta não foi a primeira aventura empreendedora de James Muscat: em 2010 fundou a sua primeira empresa na capital portuguesa, projeto com foco nos estudantes internacionais, e, em 2015, iniciou um negócio direcionado para o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) no setor imobiliário nacional. A experiência acumulada na bagagem ajudou ao sucesso da plataforma Moviinn, que já acumula uma faturação consolidada de três milhões de euros.
O objetivo inicial da startup era o de facilitar o processo de relocação de pessoas em Portugal, especialmente num contexto de crescente procura internacional pelo país como destino de residência e investimento. Hoje, a empresa ajuda os utilizadores a tomar a decisão certa ao mudar de país, proporcionando uma solução que torna o processo de mudança e integração numa nova cidade simples e eficiente. “O objetivo é criar uma comunidade global de pessoas internacionais com mentalidade semelhante, que irão liderar o caminho para o futuro”, explica à FORBES Portugal James Muscat.
James acredita que a combinação entre tecnologia e o mundo real é a parceria perfeita. “O que nos distingue é a abordagem all-in-one, e a combinação entre tecnologia e um serviço premium personalizado”, explica. A plataforma, que além da tecnologia tem uma forte componente humana, permite eliminar burocracias, reduzir custos e tempo e ainda ter acesso a conhecimento validado, como informação relativa a aspetos jurídicos, fiscais e de investimento.
Da ideia ao negócio: o crescimento da Moviinn
Nos primeiros dois anos de atividade a empresa focou-se em testar o seu mercado, construindo parcerias e implementando as suas metodologias. Em 2019, foram feitas as primeiras contratações para consolidar a equipa. James Muscat revela que as principais dificuldades que encontrou incluíram a burocracia associada à prestação de serviços de relocação. Depois debateu-se com o desafio de estabelecer credibilidade num mercado competitivo e ainda com a necessidade de educar o público sobre a importância de um serviço deste tipo. “Para ultrapassar esses desafios, a empresa investiu fortemente em parcerias estratégicas, muito networking, num serviço de qualidade e no marketing direcionado para atrair os primeiros clientes”, explica. E acrescenta: “Nos primeiros anos, a Moviinn cresceu através de marketing de conteúdo, networking e recomendações de clientes satisfeitos, o que resultou numa elevada taxa de retenção”.
Os clientes da Moviinn são provenientes, maioritariamente, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá, do Brasil e da África do Sul.
Foram precisamente as maiores barreiras que o ajudaram a moldar o seu modelo de negócio. “Diferente de muitas startups que se iniciam apenas com um conceito, Moviinn já possui um modelo de negócio validado, faturação recorrente e uma posição consolidada no mercado”, explica James Muscat. O modelo de negócio da Moviinn centra-se num conjunto de parcerias com especialistas dos diferentes setores da relocação, garantindo assim aos clientes obter respostas por parte do mercado. Gera receitas através da prestação de serviços de consultoria e suporte, com serviços pagos diretamente pelos clientes individuais, e no segmento de B2B, o apoio a empresas na realocação do talento. “Para o futuro, está planeado o lançamento de um modelo de subscrição digital para suporte pós-realocação” adianta o fundador da plataforma.
Os clientes da Moviinn são provenientes, maioritariamente, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá, do Brasil e da África do Sul. “Portugal tem-se afirmado como um destino de eleição para empreendedores, nómadas digitais, investidores e profissionais qualificados destes países”, explica o fundador da startup. Os Estados Unidos são o seu maior mercado, com cerca de 80% dos clientes a surgirem desta geografia. Curiosamente, entre janeiro último e março, a procura por parte dos norte americanos representou um incrível crescimento de 900%. Será que as políticas da nova administração de Donald Trump estão a ajudar o crescimento do negócio?
Em busca de financiamento para crescer
Nos primeiros anos, o negócio sobreviveu com capital próprio, sendo que, em 2021, foi feita uma ronda de investimento junto de família e amigos, para expandir a equipa e desenvolver a plataforma digital. “Atualmente, a empresa está a angariar a sua primeira ronda de investimento pre-seed, com o objetivo de impulsionar a expansão internacional e o desenvolvimento tecnológico da plataforma. O primeiro investimento foi já assegurado por um angel investor, estando em curso negociações com outros investidores estratégicos”, revela o empreendedor.
Embora não revelando o volume de negócios de 2024, James Muscat refere que “a empresa registou uma faturação acumulada superior a três milhões de euros desde a sua fundação, revelando um crescimento sustentado, com um aumento anual significativo no volume de negócios e na carteira de clientes”.
A startup prevê um investimento de 500 mil euros destinados para a expansão geográfica, para o crescimento da equipa e ainda para desenvolvimento tecnológico da plataforma digital.
Em 2025, prevê encerrar o ano com um crescimento significativo, dada a sua expansão para novos mercados. Tem atualmente uma equipa multicultural e multidisciplinar, com presença em Portugal e Espanha, e os seus planos passam por expandir o negócio para Malta e Itália já em 2025. O fundador, além da Austrália, tem ainda raízes em Malta. A empresa prevê um investimento de 500 mil euros destinados para esta expansão geográfica, para o crescimento da equipa e ainda para desenvolvimento tecnológico da plataforma digital.
A sua internacionalização deu o pontapé de saída com a entrada no mercado espanhol, que James Muscat vê como muito positiva. “A Moviinn conseguiu captar tração entre expatriados interessados em cidades como Madrid, Barcelona, Valência e Málaga”, diz. Até 2027, a plataforma pretende estar presente em pelo menos 10 mercados europeus, e a longo prazo, entrar em mercados estratégicos como o Reino Unido e os Emirados Árabes Unidos.
Questionado sobre a sua ambição para os próximos cinco anos, James Muscat apenas diz: “A Moviinn pretende consolidar-se como referência em realocação na Europa, expandir para novos mercados internacionais e escalar a sua solução digital para torná-la acessível a um público mais vasto”. Tudo a partir da sede, em Portugal.
