Nobias European Studios vai investir 50 a 100 milhões nos media em Portugal

Ricardo Silva Oliveira é co-fundador e CEO da Nobias European Studios (NES), empresa que foi constituída em parceria com o produtor de cinema polaco Grzegorz Hajdarowicz, proprietário da Gremi Media, e que tem como sócio maioritário o milionário de origem húngara George Soros. Este grupo polaco detém vários órgãos de comunicação social e trabalha com…
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A trabalhar com empresas como a Netflix e a Louis Vuitton, a Nobias European Studios, sediada em Lisboa, quer investir entre 50 e 100 milhões de euros ao ano nos próximos três, no setor dos media.
Economia Negócios

Ricardo Silva Oliveira é co-fundador e CEO da Nobias European Studios (NES), empresa que foi constituída em parceria com o produtor de cinema polaco Grzegorz Hajdarowicz, proprietário da Gremi Media, e que tem como sócio maioritário o milionário de origem húngara George Soros. Este grupo polaco detém vários órgãos de comunicação social e trabalha com marcas como a Netflix, Louis Vuiton, Microsoft, IBM, entre outras. A Nobias European Studios detém um dos maiores e mais modernos estúdios de multimédia do mundo, os estúdios Alvernia, localizados na Cracóvia, Polónia.  É a partir daqui que produzem conteúdos, programas, eventos para os gigantes mundiais. Para além da Polónia tem ainda capacidade de produção em Itália e na Alemanha. O escritório da Nobias em Lisboa, deverá ser o principal centro de ligação entre o capital, as empresas do Japão, Coreia do Sul e Taiwan e as empresas europeias de música, cinema e entretenimento. A empresa está muito focada na produção de micro-séries e acredita que pode ser a primeira empresa a ter este tipo de conteúdo pronto para oferta à Europa.

A empresa está muito focada na produção de micro-séries e acredita que pode ser a primeira empresa a ter este tipo de conteúdo pronto para oferta à Europa.

O que motivou a fundação da Nobias European Studios e quem está por detrás deste projeto?

A Nobias European Studios, é uma empresa pan-europeia, totalmente detida pela Nobias Media Sarl (Luxemburgo), sediada em Lisboa, e que oferece serviços no setor dos media, na Inteligência Artificial, e na produção e comercialização de conteúdos digitais.  A empresa nasceu em maio de 2022 e é resultado de uma parceria entre mim e o proprietário de meios de comunicação social e produtor cinematográfico polaco Grzegorz Hajdarowicz.

A sua principal atividade assenta em combinar as tecnologias de conteúdos digitais mais avançadas do mundo com o talento criativo multicultural europeu para produzir produtos competitivos a nível mundial. Temos em carteira projetos que vão desde chatbots de comércio eletrónico, a efeitos visuais para jogos e filmes, ou até competições de e-sports. Todas estas criações são alimentadas por Inteligência Artificial e tecnologia Web 3.0. Resumindo, somos uma empresa de criativos e profissionais de desenvolvimento empresarial, que tiram partido da tecnologia de ponta para criar conteúdos e produtos líderes de mercado.

Qual foi a experiência profissional que o Ricardo da Silva Oliveira trouxe para esta empresa e de que forma a aplica no negócio?

Sou um gestor com experiência em diversas áreas e tenho atingido objetivos profissionais em gestão de projetos, reestruturação de empresas, procurement, negociação e recursos humanos, em setores como a banca, as finanças e até o desporto. Aliás, continuo a trabalhar nestas áreas. Ao cargo de CEO da Nobias European Studios, e da Nobias Media Sarl, somo a atividade como administrador e CEO em empresas na área das finanças e imobiliário. Além disso, estou continuamente ligado ao desporto – neste momento através do Padel. Sou presidente da Federação Portuguesa de Padel e tesoureiro e board member na Federation of European Padel (FEPA).

“As funções de liderança em áreas tão diversas trouxeram-me à criação da Nobias European Studios e a esta vontade de acrescentar valor numa área que continua em franco desenvolvimento, como a inovação nos media”.

Fui também assessor do Ministro da Defesa angolano, Kundi Paihama, para os negócios e assuntos financeiros; assim como assessor do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, João de Matos, para o investimento estrangeiro, na sua vida pós militar, como empresário, bem como de outras figuras de relevo empresarial e político angolanas. Participei também em negócios da área das energias e do petróleo, estive ligado ao imobiliário muitos anos e montei o BANC em Angola. Partilho atualmente escritório com o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, António Martins da Cruz, com quem me associei já há muitos anos e cooperamos em diversas áreas de investimentos, para além de nos unir uma longa amizade.

As funções de liderança em áreas tão diversas trouxeram-me à criação da Nobias European Studios e a esta vontade de acrescentar valor numa área que continua em franco desenvolvimento, como a inovação nos media.

O objetivo inicial da fundação da empresa mantêm-se? Qual foi esse objetivo?

O nosso objetivo é, desde o início, acrescentar valor aos projetos onde investimos através do recurso a tecnologia inovadora. Temos trabalhado com especial dedicação na aplicação de AI e no recurso à Web 3.0, porque vemos nestas ferramentas um potencial de crescimento e utilidade enormes para os mais variados setores de atividade em que intervimos.

Ao aliarmos a estas matérias uma camada de conhecimento diversificado e multicultural, como o que existe na nossa equipa, temos conseguido alcançar o fim desejado: criar valor para os nossos clientes e obter um retorno (também financeiro) acima da média de mercado.

O que está por detrás da escolha de instalar a sede da empresa em Portugal? Como é gerir uma empresa de tecnologias digitais de conteúdos a partir de Portugal? 

A escolha de sediar a Nobias European Studios em Portugal foi pessoal: eu tenho vontade de permanecer no país, porque acredito no potencial de Portugal para atrair investimento estrangeiro e para crescer, abrindo campo a novas formas de gestão e de inovação.

Além disso, no mundo global atual, estarmos fixados num determinado local não determina a nossa capacidade de relacionamento e integração de profissionais, serviços ou produtos internacionais. Aliás, a Nobias tem um total de 25 colaboradores, dos quais apenas cinco em Portugal – os restantes 20 trabalham remotamente desde 15 diferentes locais no mundo. 

A empresa tem em mãos um portefólio de 400 milhões de euros de trabalho. Quais são as vossas receitas e como se distribuem?

A casa mãe, a Nobias Media Sarl – uma holding sediada no Luxemburgo – tem investimentos de cerca de 400 milhões de euros. Sobre a distribuição da nossa receita e áreas de negócio, vejamos alguns exemplos mais recentes: depois de investimentos na Youngtimers e da criação da Nobias European Studios, investimos na Jakota Index Portfolios Inc. nos Estados Unidos da América e, com co-investidores, criámos a Jakota Index, uma empresa de financial media, index licensing e index investing, e espera-se que venha a ter sob gestão 120 milhões de dólares já no próximo ano. A Nobias sente-se particularmente atraída pelos setores dos media e do entretenimento nas economias do Japão, Coreia do Sul e Taiwan (daí o nome Jakota), assim como pelas vibrantes indústrias do k-pop, dos e-games e do cinema, e vê um grande potencial para atrair investimentos da região de Jakota para o espaço europeu nos próximos anos.  Aliás, estamos convictos que o escritório da Nobias em Lisboa, será o principal centro de ligação entre o capital e as empresas de Jakota e as empresas europeias de música, cinema e entretenimento.

Estamos muito focados na atividade em multimédia e canais digitais e existe uma abordagem num mercado desconhecido na Europa, mas ao qual se reconhece grande potencial: a produção de micro-séries, para plataformas de social media, como o TikTok.

Estamos também muito focados na atividade em multimédia e canais digitais e existe uma abordagem num mercado desconhecido na Europa, mas ao qual se reconhece grande potencial: a produção de micro-séries. Estamos a falar em conteúdos breves, mas com alta qualidade de produção, que são utilizados para plataformas de social media, como o TikTok.

Acreditamos que a Nobias pode ser a primeira empresa a ter este tipo de conteúdo pronto para oferta à Europa. Na China, este mercado vale seis mil milhões de euros; nos EUA ainda só vale 400 milhões e na Europa vale praticamente zero – abrindo-se, por isso, uma enorme oportunidade de investimento. Adicionalmente, trabalhamos áreas como: soluções de monetização para criadores de conteúdos digitais; produtos de e-learning; produções; e eventos e broadcast.

Crescem cerca de 10% ao ano. Qual é a vossa principal estratégia de crescimento? 

A nossa estratégia é continuar a investir em áreas e empresas em que reconhecemos potencial de crescimento. Por vezes, um negócio é um jackpot e dá-nos uma rentabilidade que nos garante segurança para outros investimentos mais desafiantes.

Temos ainda uma relação de confiança comprovada com os nossos investidores. Eles sabem que o nosso compromisso e o nosso esforço passam por garantir-lhes uma rendibilidade acima da média e a valorização das eventuais empresas em que investimos, o que leva a que se tornem seus shareholders. Temos tido sempre a estratégia de levantar capital e depois passá-lo de dívida a equity nos negócios onde investimos, fruto da rentabilidade que os mesmos acabam por ter.

Como chegaram a clientes como a Netflix ou a Amazon? Qual foi o processo de conquista deste gigantes? Como pretendem alcançar outros? 

Com a oferta de serviços e ferramentas inovadoras que garantem a nossa distinção no mercado, e obviamente com o bom nome que criámos junto das empresas e acionistas com quem nos fomos cruzando ao longo dos anos.

Além do recurso às ferramentas de tecnologia absolutamente inovadoras, o facto de produzirmos conteúdos, programas, eventos, a partir dos estúdios Alvernia, em Cracóvia, na Polónia é uma enorme mais-valia. Estes estúdios são uns dos mais modernos do mundo e permitem-nos processos altamente eficientes com resultados de enorme qualidade. Se assim não fosse não teríamos a Constantin Films como cliente ou uma associação à Digital Domain. Para além da Polónia temos ainda capacidade de produção em Itália e na Alemanha.

Quem são os vossos principais clientes? Como chegaram a trabalhar com a Louis Vuitton? Trabalham mais clientes do segmento do luxo? 

Muito em breve uma das empresas em que investimos e temos uma participação considerável, vai fazer um investimento muito grande, na ordem das centenas de milhões de euros, no Real Estate de Luxo, e nessa altura poderemos anunciar um dos nossos maiores investimentos de sempre. O luxo sempre esteve debaixo do nosso olho e é um setor que nos interessa, e onde temos grandes relações, através investidores que captamos para os nossos projetos.

Quais são os investimentos previstos para o mundo e para Portugal?

Sendo um braço da Nobias Media Sarl, a Nobias European Studios pretende fazer investimentos em Portugal, no setor dos media, de entre 50 e 100 milhões de euros ao longo dos próximos três anos. Estamos há algum tempo a trabalhar nesta identificação de possíveis investimentos no setor em questão, mas nem sempre as concretizações acontecem nos momentos em que o idealizámos. Portanto, continuamos no mercado e atentos e disponíveis para as boas oportunidades que eventualmente surjam.

Qual é a vossa maior ambição?

Continuar a apoiar o desenvolvimento de negócios com sucesso. Fazer investimentos com retorno e garantir que impactamos o mercado com a nossa capacidade de inovação e desenvolvimento de soluções que respondem às necessidades das empresas, que no fundo se regem pela mesma ambição – a criação de valor.

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