As taxas Euribor são uma bússola para muitos que navegam pelos mares financeiros da Zona Euro. Em 2024, este farol financeiro continua a ser central nas decisões de empréstimos e investimentos. Vamos lançar um olhar atento sobre o que se pode esperar da Euribor neste ano.
Antes de traçar prognósticos, é crucial compreender o estado atual da economia europeia. Algumas incertezas persistem devido à inflação. De acordo com dados do Eurostat, a inflação na União Europeia em Dezembro de 2023 foi de 3,4%, o que representa uma subida face ao mês de Novembro em que tinha sido registada uma taxa de 3,1%. Curiosamente, Portugal agiu em contra-ciclo tendo registado uma taxa de 1,9% em Dezembro, depois de 2,2% em Novembro. O Banco Central Europeu (BCE) mantém uma postura cautelosa, monitorizando a inflação e o crescimento.
O espectro da inflação é uma variável crítica. Se o objetivo da inflação a 2% continuar a não ser atingido, o BCE pode considerar ajustes na política, o que pode refletir-se nas taxas Euribor. Contudo, o BCE expressou, já em Janeiro de 2023, compromisso com uma inflação controlada, minimizando, assim, mais alterações bruscas nas taxas, depois da subida vertiginosa que acompanhamos em 2022 e 2023.
A taxa Euribor a 6 meses, a mais utilizada nos Créditos Habitação em Portugal, tem-se mantido relativamente estável desde Julho de 2023 variando, sensivelmente, entre os 3,9% e os 4,1%. Um ano antes, em Julho de 2022, a mesma taxa não chegava 1%.
A economia europeia é intrinsecamente ligada ao cenário global. Eventos como mudanças nas políticas económicas mundiais, essencialmente os Estados Unidos, e desenvolvimentos no comércio internacional têm potencial para impactar as taxas Euribor. A volatilidade global deve ser monitorizada atentamente.
As taxas Euribor moldam as condições de empréstimos para consumidores e empresas. Em 2024, é provável que as condições de financiamento se tornem mais atrativas com a redução das taxas. Olhando para as Euribor Forward Rates, alguns modelos apontam que possamos ter taxas a rondar os 2,5% já em 2024, apesar de muitos economistas serem bastante mais conservadores e indicarem uma previsão de 3,5% no final do ano.
O setor imobiliário é sensível às taxas Euribor. Se estas começarem a baixar, a acessibilidade ao crédito favorecerá o mercado imobiliário. Investidores e compradores podem beneficiar, mas é vital considerar outros fatores, como a oferta e procura locais, mas o acesso mais simples ao crédito será essencial para ajudar a ativar novamente o mercado da habitação em Portugal.
O que podemos esperar da Euribor em 2024 é um quebra-cabeças com muitas peças. A incerteza económica, o papel do BCE, eventos globais e a dinâmica da inflação são elementos cruciais. No entanto, com uma abordagem informada e acompanhamento contínuo, os consumidores e investidores podem posicionar-se de forma estratégica num ambiente financeiro em constante evolução. O desafio reside em adaptar-se a um cenário em mudança e tomar decisões financeiras sensatas no decorrer do ano.
