Opinião

Dia Nacional do Estudante: Aprender a trabalhar ou trabalhar para aprender?

Helena Moura

Para o bem ou para o mal, os anos de faculdade passam a correr. O que temos a seguir? Um mercado de trabalho que exige cada vez mais experiência prévia. Naturalmente, os estudantes enfrentam um dilema: esperar pelo momento certo para aplicar os conhecimentos adquiridos em aula ou criar esse momento agora?

Para um número crescente de universitários, a resposta está longe de ser passiva. As Júnior Empresas estão a transformar o percurso académico, permitindo que os estudantes deixem de ser apenas alunos e passem a ser também empreendedores.

Se há algo que a universidade nos ensina é que a teoria é essencial. Mas a verdade é que, quando chega o momento de tomar decisões, a realidade raramente vem acompanhada de um manual. Como se gere um cliente insatisfeito? Como se lidera uma equipa? Como se transforma um conhecimento técnico numa solução viável para o mercado?

As Júnior Empresas são a resposta prática para estas perguntas. São associações sem fins lucrativos, formadas e geridas por estudantes, que desenvolvem projetos reais para empresas e instituições. Funcionam como um campo de treino empresarial dentro da própria faculdade, onde errar não significa falhar, mas sim aprender mais rápido.

E os números provam o impacto. Em Portugal, já existem 25 Júnior Empresas, envolvendo mais de 1000 estudantes de áreas tão diversas como engenharia, saúde, gestão e tecnologia. Os projetos realizados nestas organizações já ultrapassam meio milhão de euros em valor gerado, evidenciando que, quando dada a oportunidade, a inovação estudantil pode ter repercussões reais na economia.

Muitos estudantes universitários passam anos focados unicamente em resultados académicos perfeitos, na esperança de que um diploma seja suficiente para garantir uma oportunidade de emprego. No entanto, a realidade do mercado de trabalho diz o contrário. Os empregadores procuram candidatos com experiência prática, capacidade de adaptação e pensamento estratégico.

Uma Júnior Empresa não é apenas um projeto extracurricular. É um espaço de crescimento, onde os estudantes testam, erram, aprendem e evoluem. É uma rede de contactos, um portfólio de projetos reais e um ambiente onde a inovação acontece porque não há medo de arriscar.

Fazer parte de uma Júnior Empresa é muito mais do que um complemento académico: é olhar para a universidade como um terreno de oportunidades. É ser estudante, mas também profissional em construção. É uma mudança de mentalidade que transforma o percurso académico em algo muito maior do que um título.

No final do dia, os estudantes que fazem parte de uma Júnior Empresa não esperam pelo futuro — constroem-no.

Helena Moura,
Diretora de Marketing da Junior Data Consulting, Júnior Empresa da Nova IMS

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