A tecnologia é, indiscutivelmente, uma ferramenta transformadora, mas o impacto que gera está diretamente ligado à forma como é utilizada. Quando orientada por práticas éticas e inclusivas, por exemplo, pode tornar-se um motor de mudança que promove um mundo mais justo e diverso. Num cenário global onde a inovação tecnológica avança a um ritmo sem precedentes, estas inovações podem também ser alavancas na educação, levando à inclusão. A ligação entre a inovação e inclusão não é apenas possível, mas desejável. Na verdade, ambas podem reforçar-se mutuamente – criando soluções que respondam às necessidades de cada um e contribuindo para um impacto positivo na sociedade.
Na educação, a tecnologia tem a capacidade de facilitar através da democratização do acesso ao conhecimento. Ao romper barreiras geográficas, sociais e até culturais, consegue levar a educação a outra escala. O ensino à distância, plataformas de ensino, aplicações educacionais e o acesso a recursos digitais são uma via que permite que os estudantes de áreas mais remotas tenham acesso a conhecimento que antes estava disponível apenas em estruturas físicas. A acrescentar, estas inovações são também um motor para a inclusão de comunidades marginalizadas, disseminando novos conhecimentos e formas de pensar, e contribuindo simultaneamente para a alfabetização digital. Mais do que isso, é criada uma interconexão global, quer seja através de fóruns, videoconferências, webinars e masterclasses, em que o conhecimento chega de e para todos os cantos do mundo.
Já na área da tecnologia propriamente dita, e com a qual trabalho de perto, é importante promover algo que apelidamos de ‘lifelong learning’, ou educação contínua. Uma vez que a tecnologia está em constante evolução, os profissionais e alunos da área têm de se manter competitivos no mercado de trabalho, o que pede não só por uma constante atualização nos métodos de ensino, como também nos de aprendizagem. Não obstante, seja qual for a etapa da educação onde nos encontramos, a tecnologia tem maneiras de se adaptar, levando consigo a educação nesse caminho.
Abordo a educação pois acredito fortemente que aqui está a chave para um futuro mais igualitário, para a redução de desigualdades e para democratizar oportunidades. É através da capacitação e do conhecimento que conseguimos evoluir enquanto sociedade e formar os líderes de amanhã. Hoje, a tecnologia consegue dar palco aos líderes que não sabíamos que existiam. Hoje, aliar a inovação à educação tem desbloqueado mentes e percursos.
Há, no entanto, desafios a serem vencidos, uma vez que a tecnologia pode acentuar desigualdades quando o seu acesso não é universal, contribuindo para o “fosso digital”, mais evidente em regiões sem uma infraestrutura tecnológica adequada. Para mitigar estes desafios enquanto simultaneamente se globaliza a formação e conhecimento, é essencial ter o apoio articulado de governos, ONGs e o setor privado, para garantir infraestruturas adequadas, bem como a formação de professores e políticas inclusivas que maximizem o seu impacto. Significa isto que a tecnologia pode e deve ganhar escala, de forma responsável, para continuar a diminuir disparidades educacionais e sociais e promover uma sociedade mais equitativa.
Luís Silva,
presidente da Porto Tech Hub