Quando pensamos na saúde financeira de uma empresa, muitas vezes imaginamos gráficos, balanços e números, completamente agnósticos a pessoas, valores, motivações ou ambições. No entanto, a nossa visão financeira é, na verdade, uma visão centrada nas pessoas. Vamos explorar essa ideia com uma analogia simples: correr.
Quando começamos a correr, as dores iniciais são inevitáveis. Os músculos doem, o fôlego falta e pode ser difícil manter a motivação. No entanto, essas dores são parte do processo de evolução. Com o tempo, o corpo adapta-se, as dores diminuem, e começamos a correr mais rápido e/ou distâncias maiores. Da mesma forma, focar na saúde financeira da empresa pode exigir sacrifícios ou ajustes, mas esses esforços são essenciais para garantir um futuro próspero de todas as pessoas.
Uma empresa financeiramente saudável é como um corredor experiente. Ela ouve o seu “corpo” (as suas pessoas) e pensa a longo prazo, investe em práticas sustentáveis e garante que todos os seus colaboradores tenham um ambiente de trabalho estável e satisfatório. Isso não significa que a empresa não valoriza as suas pessoas no presente ou que não sente “dores”. Quando surgem dores maiores, há-que ser rápido a ajustar. Ao garantir uma base financeira sólida, a empresa pode oferecer melhores condições de trabalho, salários competitivos e benefícios adicionais.
Ou seja, tal como um corredor experiente, as empresas devem ser ágeis a reagir, a adaptar-se ao novo contexto porque isso vai, na maioria das vezes, fazer manter não só o equilíbrio financeiro como o bem-estar das pessoas, garantindo que tudo o que precisam para desempenhar bem o seu trabalho se mantém.
Existem estudos que falam na relação direta entre a satisfação profissional dos colaboradores e o desempenho financeiro das empresas. Vejamos:
Num estudo da Universidade de Warwick, investigadores descobriram que a felicidade dos colaboradores pode aumentar a produtividade até 12%. Empresas que investem no bem-estar dos funcionários tendem a ter melhores resultados financeiros.
Já a consultora americana Gallup realizou um estudo que mostrou que empresas com altos níveis de engagement dos colaboradores têm lucros em média superiores a 21%. O engagement dos colaboradores está diretamente ligado à satisfação no trabalho e, consequentemente, ao desempenho financeiro da empresa.
Portanto, focar nos números e na performance financeira da empresa não é ignorar as pessoas, é totalmente o inverso. É o alicerce necessário para valorizar as nossas pessoas, porque sabemos o que valorizam e esperam da empresa para se manterem alinhadas com o seu propósito. É, na verdade, a maneira de garantir que todos na empresa possam prosperar a longo prazo. Uma empresa com boa saúde financeira pode acompanhar as necessidades de seus colaboradores, oferecendo segurança e satisfação contínuas.
Em resumo, uma visão financeira sólida é essencial para cuidar das pessoas. Assim como escolher correr e enfrentar as dores iniciais, focar na saúde financeira da empresa é uma escolha que traz benefícios duradouros para todos.
Samuel Carapinha,
Chief Financial Officer (CFO) da KWAN, empresa portuguesa de outsourcing e nearshoring de perfis tecnológicos