Opinião

O impacto da Felicidade Organizacional e Propósito Organizacional na sustentabilidade das organizações

Georg Dutschke

A Felicidade Organizacional e o Propósito Organizacional são dois conceitos estratégicos para as organizações pois têm impacto direto na rentabilidade.

O Propósito Organizacional pode ser entendido como a razão significativa e duradoura para a existência de uma organização, alinhada com os resultados financeiros de longo prazo, que permite um contexto claro para a tomada de decisões do dia-a-dia e proporciona uma verdadeira empatia entre os stakeholders relevantes (Hurth et al., 2018).

A Felicidade Organizacional acontece quando os profissionais estão satisfeitos com seu trabalho e experimentam emoções positivas frequentes, como alegria e felicidade, e emoções negativas pouco frequentes, como tristeza e raiva (Bakker et al., 2011).

Os estudos Happiness Works e Purpose Lab, realizados em Portugal, com modelos próprios e validados cientificamente, permitem avaliar o impacto destes dois conceitos no absentismo, vontade de sair e produtividade.

A felicidade organizacional é avaliada com as dimensões “sou feliz na organização” e “sou feliz na minha função”. O propósito organizacional é avaliado com as dimensões “a organização tem um propósito”, “a minha função tem um propósito” e “revejo o meu propósito de vida no propósito da organização”. Ambos os estudos têm amostras robustas de, respetivamente, 57.000 respondentes e 14.000 respondentes.

Analisando os dados de 2024 é possível verificar que as organizações mais felizes e com mais propósito têm maior capacidade de reter o talento e os seus colaboradores são mais produtivos (Tabela 1.).

 

Tabela 1. Organizações Felizes e com Propósito vs Organizações não Felizes e sem Propósito

Organização Feliz Organização com Propósito
Absentismo -67% -50%
Vontade de sair -55% -47%
Produtividade 11% 9%

 

Sendo evidente que ambos os conceitos são de grande importância para a sustentabilidade das organizações, é importante validar se estão relacionados ou, se pelo contrário, são independentes entre si. Através de análise de correlação (Tabela 2.) é possível verificar a existência de correlações fortes entre ambos, significando que os profissionais são mais felizes conforme mais reconheçam a existência de um propósito na organização onde trabalham, na função que desempenham e que o seu propósito pessoal está alinhado com o da organização e da função.

Tabela 2. Correlação entre Felicidade Organizacional e Propósito Organizacional

A organização tem um Propósito A minha função tem um Propósito Revejo o meu Propósito de Vida no Propósito da Organização
Felicidade Organizacional 0,82 0,77 0,81
Sou feliz na organização 0,82 0,76 0,80
Sou feliz na função 0,79 0,77 0,79

 

Hoje, os profissionais optam, sempre que possível, por trabalhar em organizações onde se sintam felizes e nas quais reconheçam a vontade de contribuir para o bem-estar da sociedade. Também, os consumidores preferem comprar produtos e serviços de organizações nas quais reconheçam estas duas características e, no possível estão dispostos a pagar mais. De acordo com o estudo Purpose Lab, em Portugal, 87% dos consumidores preferem comprar produtos de marcas com propósito e estão dispostos a pagar mais até 13%.

Consideramos que estas conclusões são de grande importância para a gestão. Num momento em que reter talento é um desafio para as organizações, e a concorrência é maior, é fundamental que estas entendam, com métricas, como implementar culturas de felicidade e propósito organizacional, que proporcionam menos absentismo, menos rotação, mais produtividade, mais consumidores e mais margem. Só assim poderão garantir a sua sustentabilidade!

Referências

  • Bakker, A. and Oerlemans, W. (2011), “Subjective well-being in organizations”, in Cameron, K.S. and Spreizer, G. (Eds), The Oxford Handbook of Positive Organizational Scholarship, Oxford University Press, New York, NY, pp. 178-189.
  • Hurth, V., Ebert, C. & Prabhu, J. (2018). Organisational Purpose: the Construct and its Antecedents and Consequences. Cambridge Judge Business School, 2, 1-67

 

Georg Dutschke,
professor, investigador e cofundador do estudo Happiness Works

 

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