Os baús de Louis Vuitton

Se fosse nos tempos que correm, Louis Vuitton seria apelidado de empreendedor e a sua empresa de start-up. O designer francês mudou o mundo das viagens e desde então que marca tendências. Já imaginou o que seria, há 100 anos, ter a oportunidade de explorar o mundo levando consigo a cama onde dormir? Para a…
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Conhecer a história da casa Louis Vuitton é embarcar numa fantástica viagem ao mundo das viagens. São mais de 100 anos de aventuras bem embaladas em icónicos baús que fomos descobrir. Está pronto?
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Se fosse nos tempos que correm, Louis Vuitton seria apelidado de empreendedor e a sua empresa de start-up. O designer francês mudou o mundo das viagens e desde então que marca tendências. Já imaginou o que seria, há 100 anos, ter a oportunidade de explorar o mundo levando consigo a cama onde dormir? Para a selva, o campo ou para a montanha? Ou levar os artigos que uma mulher gosta de ter no seu toucador devidamente arrumados e prontos a usar, em qualquer lugar? Louis Vuitton tornou tudo isso possível depois de anos a aprender como construir baús e após ter ganho o respeito da alta sociedade francesa – agradeça-se à mulher de Napoleão III que o nomeou seu ‘embalador’ oficial. Que é como quem diz: era ele quem lhe fazia as malas, por encomenda.

Quando em 1854 fundou a Maison Louis Vuitton Malletier, no número 4 da Rue Neuve des Capucines, perto da icónica Place Vendôme, em Paris, Louis já acumulava quase duas décadas de experiência: começou por trabalhar como aprendiz de um fabricante de baús de viagem, peça bastante apreciada pela alta sociedade francesa, a única franja social que podia viajar. Para um aldeão que nascera pobre e fizera 400 quilómetros a pé para chegar à capital francesa, foi um feito extraordinário. E abriam-se então as portas para o público mais elitista do país.

Além do design e da atenção aos acabamentos, Louis destacou-se por todas as suas malas serem à prova de água e mais resistentes em termos de estrutura: substituiu a pele natural, com que por norma eram revestidas, por lona encerada, e os cantos ganharam acabamentos de metal para garantir maior durabilidade. Seriam seus também os primeiros baús de tampa direita, antepassados das nossas malas de viagem – até então, todos tinham tampa abaulada, para que a água escorresse. A lona com que Louis os forrava era cinzenta, tendo marcado uma das suas primeiras assinaturas; já o facto de serem direitos e permitirem melhor arrumação no porão dos navios e dos comboios fê-lo dar um salto em termos de reconhecimento. Louis tornou-se um respeitado artesão, que aliava a criatividade ao dinheiro dos seus clientes, criando produtos únicos e tantas vezes exclusivos – muitos dos quais perduram até aos nossos dias.

Ícone de estilo

Reza a história que Louis Vuitton decidiu, muito cedo, que queria ser construtor de baús. Não havendo certezas, facto é que os produtos de viagem foram sempre o ponto central do seu negócio, desdobrando-se nas mais diversas peças: no início do século XX criou a mala-cama, que acompanhou exploradores como Pierre Savorgnan de Brazza (que daria nome à capital do Congo, Brazzaville) ou Marquis de Morès (que se aventurou pelas estradas do Vietname) nas suas viagens em redor do mundo. Pesava cerca de 40 quilos, mas era o “acessório” perfeito para quem não tinha lugar certo para dormir. A esse seguiram-se o baú-secretária; o baú-toucador para as senhoras poderem levar todos os acessórios devidamente arrumados; o baú-guarda-fatos, que tinha gavetas e varão para pendurar até os vestidos mais delicados; as caixas de sapatos e de chapéus que ainda hoje se fabricam e que Carrie Bradshaw, personagem principal da icónica série “O Sexo e a Cidade”, fazia questão de desfilar pelas ruas de Nova Iorque.

O famoso monograma foi desenhado em 1896 pelo filho de Louis, Georges, que sucederia ao pai à frente do negócio. Com ele, garantia-se a autenticidade das peças, já à época bastante copiadas. Ainda hoje é usado em muitas das colecções da casa francesa, que em 1987 se fundiu com o grupo Moët Hennessy. Vuitton tornou-se também famoso pelas fechaduras herméticas e impenetráveis das suas malas, que lhes conferiam uma segurança única. Uma característica ainda hoje reconhecida: quem não se lembra do Mundial de Futebol de 2010, onde a taça entrou em campo num um baú Louis Vuitton? Certo é que 163 anos depois, a Vuitton continua a ditar tendências e a ser uma das preferidas da alta sociedade.

A exclusividade dos modelos clássicos e os rasgos de criatividade a cada colecção fazem com que seja a 19.ª marca mais valiosa do mundo – vale cerca de 22 mil milhões de euros. E se já entrou noutros segmentos como os acessórios, a roupa, os sapatos ou os perfumes, a verdade é que continua a dedicar-se bastante às viagens. A nova colecção de malas é disso exemplo.

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