Os ciclistas Iúri Leitão e Rui Oliveira conquistaram hoje a medalha de ouro em madison em Paris2024, o sexto título olímpico do desporto português, depois dos cinco no atletismo, no 32.º pódio luso de sempre.
O título olímpico foi conquistado na reta final dos Jogos Olímpicos, cuja cerimónia de encerramento acontece amanhã.
A dupla lusa somou 55 pontos, nas 200 voltas à pista do Velódromo Saint-Quentin-en-Yvelines, mais oito do que a Itália, com Simone Consonni e Elia Viviani, segunda classificada, enquanto a Dinamarca, com Niklas Larsen e Michael Moerkoev, terminou no terceiro posto, com 41.
Depois da medalha de prata no omnium, Iúri Leitão voltou a subir ao pódio, desta feita, em equipas para levar o ouro.
Iúri Leitão é o primeiro português a conquistar nos mesmos Jogos Olímpicos duas medalhas.
Nestes Jogos Olímpicos, Portugal alcançou, até ao momento, 4 medalhas: ouro (ciclismo em madison, para Iúri Leitão e Rui Oliveira), duas de prata (no ciclismo em omnium, com Iúri Leitão; e no triplo salto, com Pedro Pichardo) e bronze (no judo, para judoca Patrícia Sampaio em -78 kg).
Portugal igualou sua melhor campanha em Olimpíadas: em Tóquio 2020, o país também conquistou quatro medalhas.
Portugal: campeões olímpicos 6 vezes
Na estreia lusa em provas masculinas de pista, Iúri Leitão e Rui Oliveira juntam-se a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e Pedro Pichardo, todos campeões olímpicos no atletismo.
Pode até dizer-se que Iúri Leitão e Rui Oliveira foram os heróis de ouro improváveis da comitiva portuguesa, já que os candidatos portugueses mais fortes a subir ao lugar mais alto do pódio eram Diogo Ribeiro (natação), Fernando Pimenta (canoagem; foi 6º em K1) e Pedro Pichardo (triplo salto; foi medalha de prata).
Marcelo: uma “marca inesquecível”
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “os campeões olímpicos venceram uma prova de extrema qualidade, cuja emoção deixou todos os portugueses sem fôlego”, e confirmou “o excelente percurso e elevado nível desportivo alcançado”, valorizando o ciclismo e o desporto nacional.
Lembra ainda o Presidente da República que Leitão, que foi vice-campeão olímpico do omnium dias antes, é o primeiro desportista português a vencer duas medalhas em Jogos Olímpicos numa mesma edição, “um patamar desportivo apenas reservado a poucos”.
“O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa envia um forte abraço de parabéns aos ciclistas por esta marca inesquecível do desporto nacional, alicerçada num espírito vencedor e extraordinários méritos desportivos que enchem de orgulho os portugueses”, acrescenta o texto.
Iúri Leitão e Rui Oliveira tornaram-se hoje os primeiros campeões olímpicos portugueses numa modalidade que não o atletismo, elevando o ciclismo ao ‘Olimpo’ com o triunfo no madison em Paris2024.
Quarenta anos após Carlos Lopes conquistar o primeiro ouro olímpico em Los Angeles1984, na maratona, prova que fez também Rosa Mota entrar no ‘Olimpo’ quatro anos depois, em Seul1988, Leitão, já vice-campeão no omnium, e Oliveira tornaram-se os primeiros campeões olímpicos portugueses fora do atletismo, juntando-se ainda a Fernanda Ribeiro, nos 10.000 metros, em Atlanta1996, e Nélson Évora (Pequim2008) e Pedro Pablo Pichardo (Tóquio2020), ambos no triplo salto.
Até hoje, a história olímpica lusa, que começou a escrever-se em 1912, em Estocolmo, na Suécia e que foi protagonizada por mais de oito centenas de atletas, contava apenas com ouros no atletismo, uma realidade que o título dos ciclistas lusos veio mudar.
Foi preciso esperar por Los Angeles1984 para Portugal celebrar o primeiro ouro olímpico: naquele quente 12 de agosto, Carlos Lopes venceu a maratona em 02:09.21 horas, que perduraram durante 24 anos, mais concretamente até Pequim2008, como recorde dos Jogos.
Depois da prata nos 10.000 metros em Montreal1976 e da ausência em Moscovo1980, devido a lesão, o atleta, agora com 77 anos, sabia bem o que queria daqueles que seriam os seus últimos Jogos e conseguiu-o com uma autoridade tal que entrou sozinho no estádio, podendo celebrar tranquilamente o seu feito.
Seria também a maratona a ‘proporcionar’ o segundo ouro à Missão portuguesa, com Rosa Mota a entrar no ‘Olimpo’ em Seul1988. Quatro anos antes, já tinha sido a primeira mulher portuguesa a subir ao pódio nuns Jogos Olímpicos, ao ser terceira na primeira maratona feminina.
A melhor geração de fundistas de sempre do atletismo português ficou ‘plasmada’ na história olímpica e só conheceu sucessão em Atlanta1996, quando Fernanda Ribeiro venceu os 10.000 metros, com uma arrancada final insuperável que lhe valeu então o recorde olímpico.
O quarto ouro para Portugal chegou 12 anos depois, no atletismo também, mas numa disciplina técnica, quando Nélson Évora saltou para o título olímpico do triplo salto em Pequim2008, com um ‘voo’ de 17,67 metros.
Évora era então campeão mundial do triplo salto, ao contrário de Pedro Pichardo, que primeiro conquistou o ouro nos Jogos: num Estádio Olímpico de Tóquio vazio, devido à pandemia de covid-19, Pichardo confirmou não ter rival e venceu com 17,98 metros, deixando o segundo classificado, o chinês Yaming Zhu, a 41 centímetros, e o terceiro, Huges Fabrice Zango, a 51.
Nos seus primeiros Jogos por Portugal, Pichardo, nascido em Cuba, conquistou o quinto ouro olímpico na história nacional, perpetuando a senda de títulos no atletismo.
“Casualidade das casualidades, não me pergunte porquê”, refletiu Carlos Lopes em entrevista à Lusa, antes do início de Paris2024, quando questionado sobre a ‘exclusividade’ do atletismo na galeria de campeões olímpicos nacionais.
A premissa do primeiro campeão olímpico português estava certa e, hoje, 40 anos depois de Lopes inaugurar o pecúlio nacional, o atletismo deixou de estar sozinho nesta lista particular.
Portugueses com mais medalhas
Com a sua medalha de prata nestas olimpíadas, Pedro Pichardo igualou também os atletas portugueses com mais medalhas em Jogos Olímpicos, ao conquistar a sua segunda medalha no triplo salto.
Depois do título em Tóquio2020, Pichardo igualou os feitos de Carlos Lopes (ouro na maratona em Los Angeles1984 e prata nos 10.000 metros em Montreal1976), Rosa Mota (ouro em Seul1988 e prata em Los Angeles1984, ambas na maratona), Fernanda Ribeiro (ouro em Atlanta1996 e bronze em Sydney2000 nos 10.000 metros), Luís Mena e Silva (cavaleiro que conquistou medalhas de bronze em Berlim1936 e Londres1948) e Fernando Pimenta (conquistou a medalha de prata em Londres2012, em dupla com Emanuel Silva, na prova de K2 1.000 metros, e a de bronze em Tóquio2020, em K1 1.000).
com Lusa