Em setembro do ano passado, a agência a S&P tinha subido o rating de Portugal de “BBB” para “BBB+”, mudando a perspetiva para estável.
No seu último relatório divulgado, a S&P manteve a classificação de “BBB+”, com perspetiva estável, explicando que a perspetiva estável reflete a expectativa “de que os elevados níveis de dívida pública e externa de Portugal continuem a diminuir, equilibrando os riscos para o crescimento económico e a trajetória orçamental decorrentes de uma potencial estagflação na Europa” e da incerteza do contexto geopolítico.
A agência de notação financeira adverte que “um eventual agravamento das perspetivas de crescimento económico de Portugal e uma inversão das trajetórias de redução da dívida pública poderão conduzir a uma ação de rating negativa. Achamos que isso poderia acontecer, por exemplo, se um cenário de estagflação se materializar na Europa, afetando as exportações de Portugal, enquanto uma inflação mais alta reduziria ainda mais o consumo privado.”
Pelo contrário, a S&P admite a subida do rating soberano de Portugal “com um novo reforço da posição externa do país, nomeadamente através da redução das necessidades de financiamento externo ou da dívida externa de curto prazo. O crescimento económico significativamente mais forte do que nosso cenário de referência também pode levar a uma ação de rating positiva.”
A S&P detalha que o desemprego deve aumentar ligeiramente em 2023 devido à desaceleração económica. O mercado de trabalho esteve forte em 2022 e o desemprego caiu, lembra a S&P.
A agência confia nos fundos do PRR para as perspetivas positivas de Portugal e estima que, de 2021 a 2027, os fundos da UE no valor de 26% do PIB vão estimular o investimento e dar uma certa vantagem ao crescimento, apesar das persistentes restrições de execução.
Portugal vai receber 64 mil milhões de euros da UE, divididos entre os fundos Next Generation EU (NGEU) – PRR, no valor de 19 mil milhões de euros (8% do PIB) e os orçamentos da UE para 2021-2027.
Estas doações representam 95% dos fundos, já que o governo optou por usar apenas um quinto dos empréstimos disponíveis da UE para limitar os gastos.
Até ao momento, Portugal recebeu 30% do financiamento previsto do PRR, pelo que “não prevemos grandes atrasos na aprovação de desembolsos de 4.000 milhões de euros (1,7% do PIB) em 2023 e 3.100 milhões de euros em 2024 (1,3% do PIB) dada a forte implementação dos objetivos da política”, diz a agência.
“Nesta fase, apenas 9% dos recursos desembolsados chegaram aos beneficiários finais, devido aos atrasos no lançamento de licitações públicas, à renegociação de contratos diante da alta da inflação e ao ritmo de espera do setor privado no cenário económico incerto contexto. Na nossa opinião, estas dificuldades na utilização de fundos substanciais da UE poderiam atrasar o seu impacto na economia real, mas mesmo metade do financiamento disponível aumentaria o investimento no PIB em pelo menos 2 pontos percentuais até 2027.”
Segundo o calendário previsto das principais agências de notação financeira a próxima a pronunciar-se será a Fitch, que também subiu no ano passado o ‘rating’ de Portugal para “BBB+”, com perspetiva estável.
O rating (ou notação) é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
* com agência Lusa