Opinião

Quando a felicidade no trabalho dita ordens na organização

Ana Filipa Lopes

Alegria, bem-estar, contentamento, bonança, satisfação, prosperidade, prazer, satisfação… são muitas as palavras que encontramos no dicionário associadas a felicidade, um conceito tão em voga atualmente no mundo empresarial. E os responsáveis por isso são os “novos” trabalhadores, hoje, mais do que nunca, empenhados no seu bem-estar, no tão falado equilíbrio entre vida pessoal, família e profissão. Em suma, na procura daquilo que os faz felizes.

Os últimos três anos – resultado das condicionantes que todos vivemos fruto da pandemia de Covid-19 -, foram transformadores também ao nível do mercado de trabalho. Surgiram novos modelos de trabalho – o teletrabalho –, a mentalidade das pessoas mudou ao passarem a priorizar um equilíbrio mais efetivo entre as suas várias dimensões de vida (família e profissão), muitas vezes secundarizando, inclusive, a vertente salarial.

Mas como nada se consegue sozinho, este propósito só se faz se as empresas e organizações estiverem sensibilizadas para esta nova realidade, procurando responder às expetativas dos trabalhadores. No fundo, a quem, com o seu empenho e dedicação, as ajuda a vingar. E aqui, o reconhecimento e valorização – manifestem-se através do salário, benefícios… -, são abordagens indispensáveis das empresas para que estes olhem para o local de trabalho com um sentimento de prazer.

É verdade que conciliar estas diferentes vertentes tem implicações práticas, legais, inclusive, como, por exemplo, em matéria de organização dos tempos e horários de trabalho. Vejam-se as transformações que o tão falado modelo da semana de quatro dias envolve.

Estas não são teorias ocas que agora todos defendem para ficar bem na fotografia. As conclusões de alguns estudos deixam bem evidente que pessoas felizes são peças fundamentais para o sucesso de uma empresa. A produtividade aumenta e os conflitos são menores, por exemplo. Lembro-me de uma pesquisa da consultora Robert Half que concluiu que 89% das empresas reconheciam que os bons resultados estavam diretamente ligados à motivação e felicidade dos colaboradores, e 94% dos profissionais entrevistados disseram que a satisfação no trabalho é influenciada pela atuação dos seus líderes.

Recordo que são muitos os indicadores da visão aberta, digital e preocupada com o ambiente, que os Millennials e a Geração Z incorporaram, jovens que se recusam, assumidamente, a viver apenas para trabalhar. Querem mais. Querem tempo para lazer, reconhecimento, oportunidades de crescimento, desafios… E se temos cada vez mais este perfil de “novos” trabalhadores, temos de ter novas empresas no sentido em que devem acompanhar este paradigma do mercado de trabalho.

A minha sugestão, fruto da minha experiência, é que devemos saber ler os sinais e preparar as nossas empresas para que estas contribuam para que os seus trabalhadores sejam pessoas felizes. Afinal, dizem os números, só têm a ganhar em produtividade e sucesso. Se for uma relação bem gerida, estamos perante uma “win win situation” em que todos saem vencedores!

 

Ana Filipa Lopes,

diretora de RH da Nexus Capital e BOOST IT

Artigos Relacionados