Queremos ou não uma Europa competitiva?

Mas a revisão desta legislação é a revisão do espírito industrial e inovador de toda a Europa. E a probabilidade de quem lê estas linhas se relacionar com o cluster farmacêutico é gigante. Desde logo porque as empresas farmacêuticas asse­guram cerca de 2,7 milhões de empregos em toda a UE e, sendo dos maiores agentes…
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A Europa vive um debate importante. O da revisão da legislação farmacêutica. Para quem não é do sector pode parecer um tema longínquo que não lhe diz respeito.
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Mas a revisão desta legislação é a revisão do espírito industrial e inovador de toda a Europa. E a probabilidade de quem lê estas linhas se relacionar com o cluster farmacêutico é gigante.

Desde logo porque as empresas farmacêuticas asse­guram cerca de 2,7 milhões de empregos em toda a UE e, sendo dos maiores agentes de inovação, contribuem com mais de 100 mil milhões de euros todos os anos para a economia. As mudanças que afetam este sector afetam a todos.

Por enquanto, a UE ainda é o maior exportador de medicamentos do mundo, com uma quota de merca­do global superior a 60%.

Mas metade dos novos tratamentos já têm origem nos EUA, e apenas 22% na Europa, com economias como as do Brasil, Índia e China a assumir cada vez maior protagonismo. Esta tendência representa uma total inversão na geografia da inovação clínica.

E quem não inova nem produz não colhe os divi­dendos económicos, nem é o primeiro a aceder a tra­tamentos que fazem a diferença na vida de milhões de pessoas.

Para a Europa não perder o seu lugar no mundo, a revisão da legislação farmacêutica é uma oportuni­dade única. No entanto, algumas das medidas em dis­cussão podem minar todo o mérito desta que é maior mudança dos últimos 20 anos.

Reduzir o período de proteção regulamentar de dados ou fragilizar o atual quadro de propriedade in­telectual pode desincentivar investimentos em inova­ção e hipotecar a competitividade da UE. No mínimo, é essencial que estes períodos mantenham as linhas atuais.

Por outro lado, vincular esta proteção ao acesso em todos os países em simultâneo ou ao fornecimen­to contínuo, quando tal não depende unicamente das empresas, não vai resolver as iniquidades pretendidas.

O governo português tem demonstrado sensibili­dade para o tema, e Portugal pode ajudar a construir uma Europa mais competitiva, se compreender este desafio, e com isso beneficiar atraindo mais investi­mento direto estrangeiro.

Pode atrair mais ensaios clínicos, se a par agilizar os processos de aprovação e de recrutamento; pode atrair centros de inovação ou até produção se conti­nuar a estimular empresas a investir em I&D ou se de­fender e implementar quadros regulamentares mais ágeis, nomeadamente na aprovação de novos medica­mentos.

Basta que queiramos para a Europa o que quere­mos para o nosso país.

Queremos ou não ser mais competitivos?

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